Adolescente que assassinou família em SP diz que só matou irmã para conseguir matar a mãe

O menor praticou o crime contra o pai, a mãe e a irmã adotivos, e manteve os corpos em casa durante 3 dias

O adolescente de 16 anos que matou a família adotiva dentro da própria casa, na Zona Oeste de São Paulo, revelou que não tinha problemas com a irmã. Segundo informações do g1, o rapaz afirmou à polícia que matou a jovem porque ela poderia impedi-lo de matar a mãe.

De acordo com o delegado Roberto Afonso, responsável pela investigação, o adolescente disse que se relacionava bem com Letícia Gomes Santos, de 16 anos. No entanto, como Solange Aparecida Gomes, de 50 anos, chegaria na residência depois de seis horas e ele também tinha a intenção de matá-la, o adolescente não conseguiria manter a irmã em cativeiro para cometer o assassinato.

Antes das duas mortes, ele pegou a arma de fogo do pai, Isac Tavares Santos, de 57 anos, e atirou contra o agente, que trabalhava na Guarda Municipal de Jundiaí, quando ele estava na cozinha e de costas, por volta das 13h. Do primeiro andar da casa, Letícia ouviu o disparo e gritou. O menor, por sua vez, foi até ela e atirou contra seu rosto.

Ele fala que deu um tiro na nuca do pai. Aí a irmã ouviu o disparo, e ele acessou o primeiro andar e efetuou um disparo no rosto da irmã. Aguardou a mãe chegar. A mãe chegou e fez mais um disparo. Acertou a mãe. No dia seguinte, ele ainda pegou a faca e ainda esfaqueou a mãe porque ainda sentia raiva“, afirmou o delegado.

A mãe chegou ao imóvel por volta das 19h. O adolescente contou para as autoridades que abriu o portão da garagem para que ela entrasse e, após a vítima ver o corpo do marido na cozinha, ele a matou. Na noite de domingo (19), o menor ligou para a Polícia Militar e confessou todo o crime. Os corpos ficaram três dias na residência.

Em depoimento, o menor disse que praticou o crime por estar com raiva dos pais. (Foto: Reprodução/TV Globo)

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A investigação

Embora tenha se surpreendido com a apreensão, o jovem não demonstrou arrependimento. “Ele tomou um susto. Foi uma surpresa pra ele que na hora que foi falado: ‘você vai ser preso’. Ele se espantou com isso. A gente não sabe se ele estava fora da realidade com relação à apreensão ou pode ser que ele tenha considerado que é um adolescente. A gente vai analisar lá na frente“, declarou o delegado.

A polícia apreendeu os celulares do pai, da mãe, da irmã, além do aparelho e computador do adolescente. Vizinhos, amigos e familiares devem ser ouvidos nos próximos dias. A investigação apura se ele agiu sozinho. “A perícia será muito importante nos aparelhos dele, dos pais e irmã. No momento, não podemos dizer se teve algum mentor. Até agora sabemos que era uma família pacata. Vamos aprofundar na investigação“, afirmou Afonso.

Ainda segundo o delegado, o menor será submetido a uma avaliação psicológica. “Ele fica esse tempo apreendido na Fundação Casa. O Ministério Público, titular da ação penal, vai estabelecer da necessidade de rigidez mental para saber se ele estava em sã consciência. Isso tudo tem que ser analisado e o MP fará isso aí. Vamos aguardar o laudo“, acrescentou o delegado.

Celulares apreendidos pela polícia após adolescente matar pai, mãe e a irmã em SP. (Foto: Paola Patriarca/g1)

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O crime

O adolescente foi apreendido, na madrugada de segunda (20), após assassinar o pai, a mãe e a irmã na Vila Jaguara, Zona Oeste de São Paulo. O próprio menor ligou para a polícia e confessou o crime. Em seu depoimento, ele disse que matou os pais após ser chamado de “vagabundo” e ter o celular retirado para fazer um trabalho de escola.

Localizado na mesa da sala, o revólver usado no crime ainda estava municiado e com um cartucho íntegro. Próximo ao corpo da irmã havia uma cápsula deflagrada de arma de fogo. O material também foi aprendido. Na delegacia, o adolescente afirmou que sempre teve desentendimentos com os pais adotivos e que, se fosse possível, “faria tudo novamente”.

Segundo o boletim de ocorrência, ele declarou que, na quinta (16), os pais “o teriam chamado de vagabundo, tiraram seu celular e, não podendo usar o aparelho para fazer uma apresentação da escola, planejou a morte“. O menor revelou que sabia onde o pai escondia a arma e testou a pistola momentos antes de praticar o crime.

O caso foi registrado como ato infracional por homicídio, feminicídio, posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e vilipêndio de cadáver. O adolescente foi levado para a Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente, conhecida como Fundação CASA.

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