Jovem é baleado e morto após marcar encontro em aplicativo de relacionamento gay em SP; novos relatos surgem

Leonardo Rodrigues Nunes chegou a compartilhar sua localização com amigos, e pediu que a polícia fosse acionada caso ele não voltasse no horário combinado

Um jovem de 24 anos, identificado como Leonardo Rodrigues Nunes, foi baleado no rosto e morreu, na noite de quinta-feira (13), em São Paulo. A tragédia aconteceu após ele marcar um encontro amoroso em um aplicativo de relacionamento, na Zona Sul da capital, na noite anterior. O rapaz foi socorrido e levado ao Pronto Socorro do Hospital Ipiranga, mas não resistiu aos ferimentos.

De acordo com o boletim de ocorrência, Leonardo saiu de casa, no bairro do Cambuci, por volta das 23h de quarta (12), dia dos namorados. O encontro, marcado pelo Hornet, aplicativo voltado ao público LGBTQIA+, seria na Vila Natália. Como precaução, ele chegou a compartilhar sua localização com um amigo e informou que se não retornasse até às 2h, a polícia poderia ser acionada.

O jovem, então, parou de responder as mensagens, e os amigos dele ficaram preocupados. Eles passaram a buscar o perfil do homem com quem Nunes marcou o encontro, mas viram que o usuário já havia sido apagado. O amigo, por sua vez, registrou o boletim de ocorrência na 5ª Delegacia de Pessoas Desaparecidas do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa).

Ele recebeu a informação de que a localização do celular de Leonardo mostrava que o aparelho estava na favela de Heliópolis, na Zona Sul. Pouco depois, os amigos ficaram sabendo de uma pessoa que foi internada após ser baleada em um hospital no Ipiranga. Eles reconheceram o corpo da vítima por meio de fotos.

Leonardo foi baleado no rosto após marcar encontro em aplicativo de relacionamento (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

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Em nota, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) não forneceu detalhes da ocorrência, ou informou se alguém já é investigado pelo crime, incluindo a pessoa com quem Leonardo marcou de sair. Segundo o órgão, foram solicitados exames ao Instituto de Criminalística (IC) e ao Instituto Médico Legal (IML). A Polícia Civil investiga o caso.

As autoridades também relataram que o rapaz foi abordado por dois indivíduos em uma motocicleta de pequeno porte, iniciando uma luta corporal. Os assaltantes o balearam no rosto na Rua Rolando, no bairro do Sacomã. Durante as investigações, a polícia foi até o apartamento de Leonardo, que não apresentava sinais de violência interna ou arrombamento.

Contudo, foi encontrado o notebook da vítima aberto no WhatsApp Web, com uma troca de mensagens com um contato identificado apenas como “Desconhecido”. A conversa ocorreu entre 23h01 e 23h21, coincidindo com o horário estimado do crime. Assista:

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Nas redes sociais, família e amigos da vítima lamentaram a perda e pediram por justiça. “Meu coração sangra de receber uma notícia monstruosa dessa. Meu filho era uma pessoa maravilhosa. Um ser humano iluminado, incapaz de fazer maldade a qualquer pessoa ou animal. Essa luta agora é minha, aliás é nossa. Comunidade LGBTQIAP+, vamos pra cima”, declarou Adriana, mãe de Leonardo.

Em outro post, ela compartilhou uma foto ao lado do filho e desabafou: “Está doendo demais. Hoje não recebi sua mensagem de bom dia! Tá difícil. A ficha não caiu. Por que, meu Deus? Por quê?”. Na aba dos comentários, Adriana recebeu o apoio de pessoas próximas.

Em relato emocionante, Evelyn Andrade, amiga de Leonardo, afirmou que ele era “o amor da minha vida, meu melhor amigo”. Segundo ela, o jovem estava conversando com o suspeito pelo Hornet no Dia dos Namorados. Ele não informou o nome nem mostrou fotos da pessoa. “O dia 12 de junho deixa as pessoas muito vulneráveis e sensíveis, muito triste que alguém se aproveitou dessa fragilidade para cometer um crime”, lamentou.

Evelyn também descreveu o amigo como “carinhoso” e “amoroso”. “Você estará sempre na mente daqueles que foram cativados por você”, disse. Ao final, ela deixou um alerta para quem usa aplicativos de relacionamento. “Tomem muito cuidado com aplicativos de relacionamento ou qualquer situação que deixa nossos corpos mais vulneráveis (…) infelizmente não estamos seguros”, concluiu.

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Nas redes, após a morte de Leonardo, dezenas de outros homens gays relataram terem passado pelo mesmo tipo de emboscada, e na mesma região, o bairro do Sacomã. Um dos rapazes declarou ter sido roubado; um segundo detalhou ainda agressão, enquanto outros apontaram terem conseguido fugir. De acordo com os depoimentos, ao chegarem no endereço marcado, eles ficam na rua esperando serem atendidos, até que surgem dois homens em cima de uma moto para roubá-los.

O corpo de Leonardo Rodrigues Nunes foi velado neste sábado (15), no Cemitério Parque dos Pinheiros, na Vila Nova Galvão, das 8h às 14h. O rapaz era natural de Minas Gerais, mas vivia na capital paulista.

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