Conforme a cinebiografia “Back to Black” se aproxima do lançamento, o nome de Amy Winehouse tem retornado à mídia. Dale Davis, um dos melhores amigos da cantora, concedeu entrevista ao The Sun e compartilhou detalhes da última conversa com a estrela, poucas horas antes de sua trágica morte, em julho de 2011.
Dezessete anos mais velho que a artista, o baixista se tornou líder da banda e confidente de Amy durante os anos de fama. Além de testemunhar o sucesso da cantora com o jazz ao redor do mundo, ele acompanhou de perto o relacionamento dela com Blake Fielder-Civil se transformar em uma calamidade alimentada pelo álcool e as drogas.
Ao jornal, Davis afirmou que falou com a estrela horas antes de ela morrer, aos 27 anos. “Por muito tempo, fui a pessoa favorita dela para ir a qualquer lugar e então fiquei em segundo lugar, depois de Blake. Depois que eles se separaram, eu voltei a ser a pessoa favorita dela“, relembrou.
O baixista contou que conheceu a estrela em 2003, quando ela tinha apenas 19 anos. Davis fez um teste para integrar a banda antes do lançamento de “Frank”, primeiro álbum da artista, e nunca mais saiu do lado dela. “Quando nos conhecemos, ela não falou muito porque era uma personagem bastante estranha. Mas quando comecei a trabalhar com ela, você podia ver o amor nela“, disse ele.
“Se ela gostou de você, ela realmente gostou de você. Se ela te amava, ela te amava muito. Ela era uma pessoa calorosa, linda e generosa que me fez sentir especial desde o início. Eu e Amy nos demos muito bem – e a minha função foi uma progressão natural“, explicou o líder da banda. “Nós cuidávamos um do outro. Sempre me certifiquei de tê-la de volta e sabia que ela me teria de volta também“, completou.
Além de rir e chorar com a estrela, ele contou que sempre ouvia discos com a vocalista. Para o músico, Amy era “a melhor” e, por tê-la conhecido de perto, o seu objetivo é preservar o seu “importante legado”. “Embora estar sob os olhos do público parecesse muito estressante, eu gostava de estar com ela. Obviamente, tudo terminou de forma triste, mas foi uma honra fazer parte do mundo de Amy e eu nunca mudaria isso“, admitiu.
A última conversa
Davis fez cerca de 170 shows e descreveu a última apresentação de Amy, em Belgrado, na Sérvia. “Aquela última foi a minha noite mais difícil no palco. Eu acho que já sabíamos que era o fim em termos de Amy cantando aquelas músicas. Ela ficou entediada com elas depois de cinco, seis anos. Era engraçado com Amy porque pensei que ela só precisava dar um passo para ser feliz, mas esse passo era muito difícil. Na minha opinião, ela nunca esteve longe de ficar bem“, acrescentou.
A última conversa com a artista aconteceu por telefone, seis semanas depois do show. Amy estava em sua casa, em Camden, em Londres. “Foi tudo bem chocante. Falei com ela às 23h30, três horas antes de ela ir para a cama pela última vez, ela estava em boa forma. Até hoje, eu não acredito que conseguimos tocar por uma hora e 20 minutos. Amy disse: ‘Dale, acabei de me assistir no YouTube e consigo cantar, não consigo? Eu respondi: ‘Claro que você sabe cantar! Você é a melhor… você sabe’“, declarou.
“Fico feliz que ela tenha ido para a cama com esse pensamento. Ela precisava perceber que sabia cantar porque era muito humilde. Mesmo no nível dela, uma pessoa nunca consegue ver isso em si mesma. Para mim, Amy é a primeira estrela do milênio“, afirmou Davis. Em seguida, o músico contou na entrevista que foi difícil acreditar na morte da cantora, pouco tempo depois de conversar com ela. Ele ainda citou dois grandes ídolos que morreram com a mesma idade de Amy.
Amy sabia que morreria com 27
“Eu saí com ela duas noites antes. E ela costumava ligar para minha casa regularmente naquela época para falar com minha esposa (agora ex-esposa) e meu filho. No entanto, ela disse para minha ex que achava que não veria os 28 anos. Há um elemento de Kurt Cobain nela. Ambos tiveram carreiras muito curtas, mas fizeram um enorme impacto. Meu ídolo, na verdade, é Jimi Hendrix, que teve uma carreira de quatro anos e foi isso. Há um certo mistério quando eles não têm a chance de envelhecer. Quando eles são jovens, eles jogam esse espírito enorme no ar e você não vê tantas falhas“, refletiu.
Batalha contra o álcool e as drogas
Questionado sobre as lutas de Amy contra os vícios, Davis opinou: “Esta é a parte triste da história de Amy. Eu acho que a bulimia e a falta de sono a mataram. Quando você fica cansado, o que acontece quando você está na estrada, os nervos e os demônios começam a aparecer. Ela ainda mostrou a sua paixão e coragem, e fez tudo parecer fácil. Quando alguém dá muito, nunca recebe muito. Dava para ver que havia problemas com Amy, mas ela não queria falar sobre eles. Ela só queria saber como você estava“.
Ele também abordou o custo da fama e a pressão por mais músicas de sucesso: “Eu só queria que ela soubesse que ela não precisava escrever outro ‘Back to Black’. Ela não precisava. Uma das últimas coisas que Amy fez foi cantar um dueto com o seu herói, Tony Bennett. Falei com ela cinco dias antes de ela fazer a sessão e ela disse: ‘Dale, estou nervosa’. E eu disse: ‘Você vai ficar bem’. Ela precisava daquele empurrãozinho para fazer isso. Foi um nervosismo genuíno porque ela estava cantando com seu ídolo e mal sabíamos que ela estava chegando ao fim de sua carreira. Ela era naturalmente talentosa“.
Por fim, Davis contou o que a estrela estaria fazendo se ainda estivesse viva. “Amy teria cantado a vida toda. Ela me disse que não se importaria de ser atriz e que teria sido incrível nisso também. Em cem anos, as pessoas ainda estarão ouvindo ‘Rehab’“, concluiu.
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