Após a polícia registrar a morte de cinco homens na Grécia, entre eles, o apresentador britânico Michael Mosley, além do desaparecimento de outras três pessoas, uma pesquisa feita pelas autoridades do país apontou um comportamento comum entre as vítimas. Segundo a investigação, todos fizeram caminhadas sob o sol quente durante a onda de calor que tem elevado as temperaturas a mais de 40ºC.
O primeiro a morrer foi o próprio comunicador britânico. Mosley foi encontrado morto dias após ter saído para um passeio em uma ilha grega. Em seguida, o corpo de um turista americano de 55 anos foi descoberto na região de Corfu. Já na Ilha de Samos, um holandês de 74 anos teve o mesmo destino trágico, assim como outros dois idosos em Chipre. Como se não bastassem os mortos, ainda há três pessoas desaparecidas: duas turistas francesas, uma de 73 anos e outra de 64, e o americano Albert Calibet, que não teve a idade divulgada.
A princípio, os exames que analisaram o corpo de Mosley definiram que o apresentador morreu de causas naturais. Os cadáveres das demais vítimas ainda estão passando por necropsias. Mesmo assim, o agente Petros Vassilakis pediu para que as altas temperaturas não fossem subestimadas. “Há um padrão. Todos fizeram uma caminhada em meio as altas temperaturas”, disse ele à agência Reuters.
As mortes e desaparecimentos ocorrem exatamente quando a Grécia passa pela primeira onda de calor do verão europeu, com temperaturas que ultrapassaram os 43ºC. O governo chegou a suspender as escolas e fechar pontos turísticos por causa do calor extremo. Para os cientistas, a intensidade do calor pode causar confusão, afetando a capacidade de tomada de decisão das pessoas e até sua percepção de risco.
“Não se trata apenas de ficar um pouco quente demais e talvez ter uma queimadura no corpo. Estamos falando de situações potencialmente perigosas para a vida, como tomar más decisões, ter o discernimento afetado”, explicou a neurocientista da Universidade Estadual de Washington, Kim Meidenbauer, à rede CNN.
O pesquisador Damian Bailey apontou como as mudanças climáticas terminam afetando o corpo. Segundo ele, no calor, ocorre a diminuição do fluxo sanguíneo para o cérebro. Em um trabalho recente, o estudioso concluiu que aumentando as temperaturas de 21ºC para 40ºC, os participantes mostraram uma queda no fluxo sanguíneo de 9% a 10%. “Isso é um grande problema à medida em que não se consegue colocar combustível suficiente em um motor que funciona em alta velocidade o tempo todo”, ressaltou. Os mais vulneráveis às mudanças costumam ser idosos, crianças pequenas e mulheres grávidas, assim como aqueles com doenças pré-existentes e transtornos mentais.
Recentemente, passageiros de um voo da Qatar Airways ficaram presos em avião com temperatura de 52ºC por três horas na Grécia. As filmagens mostraram o caos dentro da aeronave. Relembre, clicando aqui.
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