O Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt (IIRGD) do estado de São Paulo, responsável pelo reconhecimento das 62 vítimas do acidente aéreo da Voepass, afirmou nesta quinta-feira (15) que a posição dos corpos da maioria dos passageiros indica que eles podem ter sido alertados sobre a queda.
Em coletiva de imprensa, Mauricio Freire, diretor do instituto, declarou que a maior parte estava em posição de “brace”, ou seja, com a cabeça entre os joelhos e as pernas abraçadas. Recomendada nos voos, a postura diminuiria os impactos em casos de uma aterrisagem forçada.
Segundo o UOL, que participou da coletiva, Freire disse que as mãos estavam fechadas. “Grande parte das vítimas encontradas estava com as mãos preservadas. Eu não sei se houve um comando da tripulação de que estavam em emergência ou se as pessoas perceberam, com essa queda acentuada, mas muitos corpos estavam naquela posição [de “brace”], o que não aconteceu na TAM. [Naquele caso,] eles estavam na posição normal, quando a aeronave entrou no prédio“, comparou.
A preservação das mãos também auxiliou na identificação mais ágil das vítimas. O processo de reconhecimento foi feito através de impressões digitais, arcadas dentárias e características especiais de cada um, como tatuagens. Não foi necessário o uso de DNA, embora a perícia tenha combinado outros exames para obter maior precisão.
Oito estados brasileiros contribuíram para a identificação dos mortos ao entregar planilhas civis de parte das vítimas para a força-tarefa em São Paulo. Dos 62 corpos, 40 já tinha sido identificados até o momento da coletiva. A maioria dos passageiros era de Cascavel, no Paraná.
A cachorra Luna, que viajava com a família venezuelana, também foi retirada dos destroços. Os restos mortais foram entregues aos familiares dos donos do animal. Na segunda (12), a A Polícia-Técnico Científica de São Paulo afirmou que as 62 pessoas que estavam a bordo morreram de politraumatismo causado pelo impacto da queda.
O acidente
O avião com 62 pessoas a bordo, sendo 58 passageiros e 4 tripulantes, caiu em um condomínio no bairro Capela, em Vinhedo, no interior de São Paulo. A VOEPASS liberou o nome das vítimas. O acidente envolveu um avião bimotor de passageiros, modelo ATR-72, que havia decolado de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos, na Grande São Paulo.
Assista ao momento da queda:
Avião cai no interior de São Paulo pic.twitter.com/ZR4Rxzr5SV
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) August 9, 2024
Diversos vídeos de um ATR 72 da Passaredo caindo em Vinhedo SP pic.twitter.com/nJfLvsWr5a
— Hubert Melin ✈️🛩🚁 (@HubertMelin) August 9, 2024
A PF utilizou um scanner 3D, uma tecnologia moderna, que acelerou a localização dos corpos. Ao g1, o porta-voz do Corpo de Bombeiros, Maycon Cristo, detalhou o processo. Primeiro, foi realizada uma perícia na parte externa da aeronave e iniciou-se, posteriormente, um trabalho “mais meticuloso” de recorte do bimotor para a retirada de partes nos locais de difícil acesso.
“A gente considera um documento, aparelho celular, posicionamento na aeronave, tudo isso para colaborar para a identificação. Considerando toda essa coleta de evidências, aí a gente retira o corpo, coloca no carro e leva para o IML de São Paulo para concluir a identificação”, explicou Cristo. Saiba mais detalhes, clicando aqui.