Ex-Paquita Stephanie Lourenço relata que sofreu homofobia aos 12 anos nos bastidores de programa: “Me chamou de sapatão”

Stephanie contou detalhes das situações que passou durante o trabalho como Paquita da Xuxa

A nova série documental do Globoplay, “Para Sempre Paquitas”, trouxe à tona um relato impactante sobre a experiência de Stephanie Lourenço nos bastidores do programa de Xuxa. A ex-Paquita, que integrou o elenco entre 1999 e 2002, revelou ter sofrido homofobia aos 12 anos e assédio moral durante os anos em que trabalhou como assistente de palco.

Em um dos depoimentos, Stephanie, hoje com 36 anos, contou que se sentia pressionada a seguir um padrão de feminilidade que não correspondia à sua identidade. “Chegou uma fase da minha vida ali, que eu já não me identificava com aquela feminilidade, com aquelas danças. Eu comecei a perceber que eu gostava de meninas e também comecei a perceber que eu não me sentia tão à vontade naquele lugar”, revelou.

Stephanie Lourenço foi Paquita entre 1999 a 2002. (Foto: Reprodução / Arquivo pessoal)

A ex-Paquita, que se declarou bissexual 20 anos após deixar o programa, disse ter sido alvo de comentários homofóbicos e de uma pressão constante para se conformar. “Alguém me chamou de sapatão ali no ambiente do camarim. E tinha um produtor que disse: ‘Você nunca mais repita isso aqui’. E era uma pessoa que foi abusiva moralmente comigo durante todo o meu percurso”, relatou, sem citar nomes.

Stephanie revelou que, durante seu tempo como Paquita, já não se sentia confortável com as expectativas do posto, comandado por Marlene Mattos. “Eu, já me descobrindo como parte da comunidade LGBT, não era o que se esperava de uma Paquita. Eu sofri um tanto de homofobia ali naquela fase que foi difícil, mas eu era muito corajosa”, apontou.

O documentário “Para sempre Paquitas” está disponível no Globoplay em cinco episódios. (Foto: Globo/Reginaldo Teixeira)

Stephanie compartilhou que, apesar de suas tentativas de explorar sua identidade, o ambiente adulto ao seu redor muitas vezes foi hostil. Ela recordou um episódio em que pediam para que ela se afastasse de outras garotas.

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“Era uma pessoa que me chamava a atenção constantemente, dizendo que eu precisava me vestir igual às outras meninas, e eu sentia que havia uma pressão para que as outras meninas se afastassem de mim por eu gostar de meninas. Era coisa que chegava em mim, tipo: ‘Ah, as meninas precisam tomar cuidado com a Stephanie, porque ela gosta de meninas’. E aí, o medo de ser julgada, de perder minhas amigas…”, contou.

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A ex-Paquita também detalhou como essa repressão impactou sua vida pessoal e psicológica por anos. “Eu fiquei 20 anos dentro do armário. Eu me reprimi de uma forma muito violenta por muitos anos. Era como se eu tivesse esquecido uma parte de mim”, desabafou. No entanto, Stephanie enfatizou o poder de sua descoberta. “Quando me reencontrei, veio muito forte. Me senti uma potência muito grande e hoje tenho muito orgulho de dizer que sou uma mulher bissexual. Sinto que agora sou eu mesma”, refletiu.

No documentário, Xuxa Meneghel, que liderava o grupo das Paquitas, comentou que não sabia da sexualidade de Stephanie na época. “Ela nunca me falou. Ela era muito fechada”, afirmou a apresentadora. O documentário “Para sempre Paquitas” está disponível no Globoplay em cinco episódios.

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