Gabriel Costa e Wilma Petrillo, filho e viúva de Gal Costa, chegaram a um acordo nesta semana para encerrar a disputa em torno da herança deixada pela cantora. O embate judicial começou logo após a morte da artista, em novembro de 2022. Já nesta sexta-feira (20), a Folha de S. Paulo revelou que Gal deixou uma herança minguada para os dois beneficiados.
De acordo com um levantamento feito pelo jornal em cartórios, a artista deixou um espólio pequeno e dívidas, que, no processo de inventário, devem diminuir o total que Gabriel e Wilma terão acesso. A pesquisa mostra o aumento do patrimônio nos anos 1980 e um encolhimento de forma drástica a partir dos anos 1990. Um dos motivos foi a venda de imóveis desde 1995, por um valor menor do que os apartamentos e salas comerciais foram adquiridos, segundo o veículo.
A Folha também informou que a cantora e empresas ligadas a ela possuem dívidas que somam, pelo menos, R$ 1,5 milhão. “Vi pessoas dizendo que o patrimônio de Gal era de R$ 30 milhões. Isso não existe“, disse a advogada Vanessa Bispo, representante de Petrillo, em entrevista ao jornal, antes do acordo judicial.
Em nota, Gabriel afirmou que não acompanhava a gestão do patrimônio nem as questões financeiras da mãe antes da morte dela, decorrente de uma infarto agudo do miocárdio. Wilma era quem administrava a carreira de Gal. Em abril deste ano, Petrillo afirmou à Folha que “fez de tudo” para que a artista não falisse e atribuiu a ela um comportamento perdulário.
De acordo com o jornal, na data da morte de Gal, o único imóvel que ela ainda possuía era a casa onde morava, no bairro nobre dos Jardins, na capital paulista. Pelo acordo firmado entre seu filho e a viúva, a residência deverá ser vendida, e a renda dividida entre os dois. A casa foi comprada em 2020, por R$ 5,2 milhões (R$ 6,7 milhões em valores atualizados).
Se vendida atualmente, ela valeria entre R$ 8 milhões e R$ 9 milhões, segundo informou a Folha, com base de dados da Pilar, rede de corretores de imóveis de alto padrão. Enquanto o acordo não for concluído, Petrillo poderá seguir morando no local, já que Gabriel deixou a casa para viver ao lado de sua namorada.
Antes de se mudar para São Paulo, Gal viveu por mais de 20 anos no Rio de Janeiro. Ela morou na pensão de apartamentos Solar da Fossa e, depois, mudou-se para a Estrada do Tambá, em São Conrado, atual avenida Presidente João Goulart. De acordo com os dados do jornal, ela comprou o imóvel em 1972 e o vendeu três anos depois, por cerca de R$ 820 mil, em valores corrigidos.
A dissolução do patrimônio imobiliário da cantora começou em 1995. Dois anos depois, ela vendeu um dos imóveis para José Bonifácio Brasil de Oliveira, o Boninho, por R$ 450 mil, ou seja, cerca de R$ 2 milhões, em valores atualizados. Em 1999, Gal comprou e vendeu um apartamento no intervalo de um mês, por um valor menor. A artista adquiriu o imóvel por R$ 770 mil, cerca de R$ 5 milhões em valores corrigidos, e vendeu por R$ 651 mil, atuais R$ 3 milhões.
A artista ainda perdeu dinheiro investido em outra propriedade, um apartamento na capital paulista, adquirido em 2012 por R$ 7 milhões e vendido por R$ 10 milhões, em 2020. Em correção, a venda foi de R$ 800 mil a menos, informou a Folha. Além de Rio e São Paulo, Gal teve uma propriedade em Trancoso, na Bahia. Segundo o jornal, os registros da residência não foi localizados, no entanto, ela foi vendida no fim dos anos 1990 e deu origem à pousada de luxo Estrela D’Água.
O veículo também compartilhou que, pessoas próximas à artista mencionaram que ela chegou a fazer empréstimos bancários, o que pode ter gerado um certo desequilíbrio em suas finanças. Os advogados chegaram a renegociar algumas dívidas. Para a Folha, Petrillo não parece ter feito riqueza como gestora da carreira de Gal, já que os únicos bens localizados em nome dela foram um apartamento e uma vaga de garagem em São Paulo, que ela comprou em 1986 e vendeu em 1990.
Além de ter perdido seus bens, a cantora deixou dívidas de pelo menos R$ 1,5 milhão. Contudo, as que aparecem em nome dela, como pessoa física, somam R$ 320 mil. Os outros valores vem de empresas, como a GMC Produções Artísticas, que ultrapassam R$ 1 milhão em impostos federais e municipais não pagos. A companhia também responde a ações trabalhistas, uma delas de mais de R$ 500 mil.
Há ainda dívidas na Baraka Produções Artísticas, de R$ 106 mil, e na Galco Produções, no valor de R$ 23 mil. A pesquisa feita pelo veículo se restringe a imóveis e dívidas. A obra artística de Gal continuará a render dividendos para seus herdeiros até 70 anos depois da morte dela, quando cairá em domínio público.
Pelo acordo firmado entre a viúva e o filho da cantora, os royalties que as gravadoras depositarão em uma conta judicial vão ser divididos igualmente. No entanto, tudo o que for arrecadado depois da venda da casa ficará exclusivamente com Gabriel. Além da obra musical da artista, poderiam entrar na herança outros bens, como eventuais investimentos, joias, figurinos e obras de arte que a cantora tivesse em casa.
Segundo a Folha, não há informações sobre os itens deixados pela cantora. Mas sabe-se que Gal possuía móveis de designer em sua casa nos Jardins. Caso Wilma e Gabriel não tivessem chegado a um acordo e a Justiça desse razão a ela, a ex-empresária teria direito a 75% de todo o patrimônio construído pela artista, depois que elas começaram a viver juntas. A viúva, por sua vez, já tinha proposto, desde que o conflito veio à tona, uma divisão meio a meio. Ela também já falou que tem interesse em adotar Gabriel formalmente, mas ainda não obteve resposta dele.
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