Com a chegada do furacão Milton, um dos mais poderosos a atingir a Flórida em décadas, zoológicos e aquários da região têm intensificado seus planos de contingência para garantir a segurança dos animais. O furacão gerou uma série de medidas emergenciais para diminuir os efeitos devastadores que pode causar.
Entre os afetados, o Aquário da Flórida realocou várias espécies, incluindo pinguins africanos, cobras, lagartos, tartarugas, sapos e crocodilos, removendo-os dos compartimentos do térreo para áreas mais seguras devido ao risco de inundações. O vídeo da remoção desses bichos rapidamente viralizou nas redes sociais, com internautas elogiando a ação preventiva.
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De acordo com a BBC, no Zoológico de Tampa, outra área densamente povoada do estado, medidas foram tomadas para proteger os animais de grande porte, como elefantes e girafas, que foram transferidos para celeiros reforçados, construídos especificamente para resistirem a furacões. Essas instalações foram equipadas com comida e água suficiente para vários dias, garantindo que os animais permaneçam seguros até que a tempestade passe.
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Já o parque temático Animal Kingdom, da Disney, em Orlando, que abriga mais de 1.700 animais, também seguiu um rigoroso plano de emergência. Durante tempestades severas como o furacão Milton, os animais não são evacuados, mas sim abrigados em instalações seguras dentro do parque. Esses recintos, feitos de concreto reforçado, são projetados para resistir a furacões.
A Disney também conta com equipes dedicadas, incluindo tratadores de zoológico, veterinários e outros profissionais especializados que permanecem no local durante o furacão para monitorar e garantir o bem-estar dos animais. Esses profissionais têm um papel fundamental na proteção dos animais, assegurando que os protocolos de emergência sejam seguidos à risca.
Além dos cuidados diretos com os animais, os zoológicos e aquários enfrentam o desafio de manter o abastecimento de alimentos e remédios específicos. Por exemplo, os tratadores do Zoológico de Palm Beach foram obrigados a garantir que os coalas tivessem ramos frescos de eucalipto, um alimento que não pode ser armazenado por muito tempo. Segundo o portal, o manejo de grandes mamíferos marinhos, como peixes-boi, também exigiu transporte especializado para realocá-los com segurança.
Histórico e aprendizado
Desde desastres anteriores, como o furacão Katrina, que devastou o Aquário Audubon em Nova Orleans em 2005, o setor de zoológicos e aquários nos Estados Unidos passou a implementar protocolos mais rigorosos. O furacão Katrina causou a perda de milhares de animais em várias instalações, levando a uma revisão das medidas de segurança, como a exigência de que todas as instalações tenham planos de emergência detalhados para situações de tempestade.
Instalações como o Zoológico de Miami, que foi duramente afetado pelo furacão Andrew em 1992, agora possuem recintos mais fortes e sistemas mais avançados para monitorar os animais. Durante o Andrew, flamingos foram abrigados em banheiros masculinos do metrô, um improviso que salvou suas vidas.
Hoje esses animais são treinados regularmente para evacuações rápidas. “Não temos certeza se os flamingos pensam que são seres humanos mais baixos, ou que somos flamingos muitos pálidos, mas por causa dessa relação, eles querem andar com a gente, então simplesmente pedimos a eles que caminhem conosco”, contou Mike Terrell, curador do zoológico.
No Zoológico de Palm Beach, os tratadores também ensinam diariamente os jacarés Fred e Wilma, que têm 2,7 metros de comprimento, a se moverem para áreas seguras contra furacões. Além disso, eles treinam todos os dias os bugios a entrarem em suas caixas de transporte, para serem levados para um local seguro, e fazem com que Sassy, a pantera, se acostume ao som de uma campainha que indica a hora de se recolher em seu recinto. “Ao repetir isso continuamente, mesmo em momentos em que ninguém está estressado, a esperança é que, quando esse momento estressante chegar, eles não desconfiem tanto do que está acontecendo”, afirmou Terrell.
As instalações também contam com geradores de emergência e acesso a caminhões refrigerados. O Aquário Audubon das Américas, em Nova Orleans, perdeu quase todos os seus 10 mil animais, que pertenciam a mais de 530 espécies – incluindo seis tubarões-tigre, cavalos-marinhos, peixes-serra, medusas, arraias e piranhas – durante o furacão Katrina, quando a energia foi interrompida e o gerador reserva falhou.
Alertas sobre o furacão
Desde o início da semana, as autoridades pedem para a população que vive nas zonas de perigo deixar suas casas. Mais de um milhão atendeu ao pedido, segundo informações da imprensa internacional. Antes mesmo do fenômeno tocar o solo, a prefeita de Tampa, Jane Castor, reforçou a urgência. A cidade de Tampa é dividida em cinco áreas, e em duas delas a evacuação é obrigatória, de acordo com autoridades. “Se você escolher ficar em uma das zonas de evacuação, você vai morrer“, disse Castor.
O prefeito da cidade de Bradentown, Gene Brown, pediu para aqueles que decidiram ficar escrevam seus nomes nos braços. Isso seria necessário para que as pessoas sejam identificadas no caso de morte em decorrência da passagem do furacão. Segundo a agência de notícias norte-americana Associated Press, as únicas mortes registradas por conta do fenômeno ocorreram em uma comunidade, chamada Spanish Lakes Country Club, perto de Fort Pierce, voltada para idosos.
Ainda não se sabe, no entanto, o número de mortos. “Perdemos algumas vidas“, disse o delegado de St. Lucie County, Keith Pearson, à rede de TV WPBF News. Na terça-feira (8), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também se pronunciou antes do furacão chegar à Flórida. “Esta pode ser a pior tempestade a atingir a Flórida em mais de um século e, se Deus quiser, não será, mas parece que sim agora“, declarou.
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