Tia revela promessa dos irmãos Menendez à mãe antes dos assassinatos, e expõe mais abusos na família

Joan VanderMolen também contou a reação dos sobrinhos diante de uma possível reabertura do caso

Em meio aos rumores sobre a reabertura do caso e um novo julgamento, Erik e Lyle Menendez receberam o apoio de sua tia Joan VanderMolen. Em entrevista à Vanity Fair, a irmã de Kitty Menendez, agora com 92 anos, disse que apoia os sobrinhos e ainda se “importa muito” com eles. “Eles foram usados e abusados“, declarou.

VanderMolen contou que os dois irmãos tentaram fazer com que a mãe se separasse de Jose Menendez. “Eles prometeram a ela que cuidariam dela e de tudo“, afirmou. Ela pontuou não ter ficado surpresa quando Kitty decidiu permanecer com o marido, mesmo com as acusações de abuso. “Havia muito a ganhar em ficar ao lado do esposo dela“, expressou.

Kitty e eu ficávamos no telefone por horas a fio, semanalmente, mas era apenas irmandade e nunca passamos disso. A gente compartilhava receitas e coisas diferentes, mas nunca sobre isso. Eu nunca toquei no assunto. Eu sabia que não daria em nada porque Jose era quem mandava. Ele era assim“, relembrou.

Joan confirmou os relatos de que ela e Kitty também sofreram abusos do próprio pai. Assim como a irmã, sua mãe permaneceu com o marido. “Não entendo essas mulheres que conseguem amar pessoas que não são cavalheiros. Mas elas amam. É incrível. Kitty deveria ter deixado Jose muito antes [dos assassinatos]”, lamentou.

Kitty ficava fora de si metade do tempo. Eles (Erik e Lyle) disseram que queriam que ela o deixasse (Jose) e disseram que cuidariam dela, mas ela simplesmente não queria fazer isso, ou achava que não conseguiria. Talvez, não sei, ela o visse como um meio de vida. Ela sempre teve a intenção de trabalhar na Broadway. Essa era sua ambição na escola, na faculdade. E então ele disse: ‘Você não vai fazer isso’“, compartilhou ela.

Na esquerda, Erik Menendez, e o irmão Lyle (direita), em frente à casa da família em Beverly Hills. (Foto: Getty)

Visitas a Erik e Lyle

VanderMolen disse que fala regularmente com os sobrinhos e compartilhou a opinião deles sobre a possível reabertura do caso diante do anúncio do promotor público de Los Angeles, George Gascón. “Eles estão esperançosos. Isso é tudo que posso dizer: esperançosos. Todos nós estamos. Eu poderia chorar só de pensar em todos os anos que se passaram, e eles continuam na prisão“, desabafou. “Eu farei o que puder para ajudar. Quero deixar isso claro porque não há nada que eu não faria, nada. É simplesmente surreal que eles estejam lá há 35 anos. É inconcebível. A família inteira se sente assim“, expressou.

Ela ainda afirmou ser difícil falar sobre Erik e Lyle, mas que continua pedindo a libertação deles, sentenciados à prisão perpétua e sem direito a liberdade condicional. “Eu me importo muito com eles. Estou abalada agora pensando nisso. O fato de eles estarem na situação em que estão. Eles não mereciam nada disso. Eles foram usados e abusados, e parece não haver fim para isso“, expressou. “Só saiba que eu – nós, a família – amamos Erik e Lyle. Espero que nosso apoio os leve aonde eles deveriam estar, e isso não é na prisão“, completou.

Continua depois da Publicidade

Revisão do caso

Em 3 de outubro, o promotor público de Los Angeles, George Gascón, declarou que Erik e Lyle Menendez podem ter um novo julgamento. Segundo ele, a Promotoria de Los Angeles, nos Estados Unidos, estaria revisando o caso após receber evidências sobre os assassinatos de Jose e Kitty Menendez em 1989.

“Não estamos dizendo que houve algo errado com o julgamento original”, afirmou ele, segundo o Deadline. Os irmãos alegam que cometeram o crime porque eram abusados sexualmente pelo pai. Jose era um executivo poderoso da indústria da música nos Estados Unidos. Roy Rosselló, um dos membros da boyband Menudo, declarou anteriormente que foi estuprado quando ainda era adolescente por Jose.

O relato foi usado pelo advogado dos irmãos para tentar reabrir o caso e mudar a condenação dos dois. Com isso, eles esperam que a condenação de prisão perpétua seja revertida e, assim, eles saiam da cadeia. A audiência que decidirá se o caso será reaberto foi marcada para 29 de novembro.

Continua depois da Publicidade

Entenda o crime 

Erik e Lyle foram condenados, em 1996, pelo assassinato brutal de seus pais, Jose – um executivo de Hollywood – e Mary Louise Kitty Menendez. O crime aconteceu na noite de 20 de agosto de 1989, na mansão deles em Beverly Hills. Lyle, com 21 anos na época, e Erik, com 18, chegaram armados e dispararam mais de 12 vezes contra os pais. Os irmãos portavam espingardas calibre 12, conforme as informações da revista People.

Logo após cometerem o assassinato, o primogênito acionou a emergência, relatando que ele e o irmão saíram de casa para irem ao cinema, mas ao retornarem se depararam com Jose e Kitty mortos. Nos meses seguintes, a dupla gastou generosamente a fortuna da família. Lyle comprou uma cafeteria e outros artigos de luxo, enquanto Erik contratou um treinador de tênis em tempo integral para se profissionalizar no esporte. Entretanto, não demorou até que as investigações descobrissem a participação deles no crime.

Julgamento dos Irmãos Menendez em Los Angeles, em março de 1994. (Foto: Getty)

Diante das evidências, as autoridades confirmaram que os irmãos cometeram os assassinatos, e concluíram que eles teriam agido por questões financeiras. Contudo, ao serem questionados pela promotoria, Lyle e Erik alegaram que a ação foi tomada por medo. Segundo os acusados, eles sofriam abusos físicos, emocionais e sexuais por parte dos pais durante anos.

Os irmãos foram presos separadamente após serem sentenciados à prisão perpétua e sem direito a liberdade condicional, por mais de 20 anos. O mais velho ficou na Prisão Estadual de Mule Creek em Ione, Califórnia, e o caçula na Penitenciária Correcional Richard J. Donovan, no Condado de San Diego.

Em fevereiro de 2018, Lyle foi transferido para outra unidade prisional, em Richard J. Donovan. Erik acabou sendo levado para o mesmo local apenas dois meses depois. Hoje, eles têm 56 e 53 anos, respectivamente, e aguardam a possibilidade de mudança em suas penas ou a chance de liberdade.

Siga a Hugo Gloss no Google News e acompanhe nossos destaques