Criminosos assaltaram um circo, agrediram adultos e idosos, e estupraram uma jovem na última sexta-feira (23), em Central do Maranhão, cidade a 68 km de São Luís. A artista circense foi identificada como Camila Gomes. Segundo o g1, a Polícia Civil já reconheceu o suspeito do crime, um adolescente de 17 anos.
Cinco homens participaram da ação criminosa que aconteceu por volta das 23h, cerca de 40 minutos após o fim do último espetáculo. No local, estavam a família que é dona do circo e alguns funcionários. Os criminosos estavam armados e agiram de forma agressiva quando roubaram dinheiro e objetos pessoais.
Eles levaram celulares, aparelhos eletrônicos e máquinas do circo. Após o assalto, dois dos bandidos arrastaram Camila para um trailer do circo e a estupraram. De acordo com a PC, a família da jovem presenciou o abuso sexual, uma vez que a porta do veículo estava aberta. A filha da vítima, uma bebê de 11 meses, estava dentro do local no momento em que tudo aconteceu.
Outras pessoas também foram agredidas pelos bandidos dentre eles, dois idosos que são pais dos donos do circo. Uma das vítimas tem alzheimer e ficou ferida. Por medo, a família cancelou as demais apresentações que faria em Central do Maranhão, e deixou a cidade. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Cururupu e os criminosos ainda são procurados pela polícia.
Circense relata o que aconteceu
Em seu perfil do Instagram, Camila surgiu aos prantos e contou como o episódio se desenrolou. “Na sexta-feira à noite, depois que acabou o espetáculo, minha mãe tinha chegado de uma viagem com a minha filha de quatro anos. A gente estava conversando na porta da casa dela, chegaram cinco bandidos armados, mandando a gente abaixar, se jogar no chão. Eles jogaram a minha cabeça na pilastra, botaram a arma na minha cabeça”, narrou ela.
“O meu marido conseguiu fugir. Ele estava um pouco mais distante, conseguiu correr. Mas ainda atiraram contra ele, mas não acertaram nele. Como o tiro foi dentro do circo, meu avô escutou e saiu imediatamente. Eles [os bandidos] chegaram pedindo dinheiro. Eu disse que ia pegar o dinheiro e eles saíram me arrastando pelo cabelo”, descreveu a vítima.
Foi então que um dos criminosos a levou para o trailer. “O outro estava segurando pelo braço e me trouxe pro meu trailer, aonde estava a minha filha. Minha mãe ficou com meu irmão e minha filha de 1 ano dormindo. Pediram dinheiro, eu disse que não tinha muito e pedi pra eles não fazerem nada com a minha família. Tinham dois comigo, um saiu. O que estava aqui comigo foi o que mexeu comigo”, disse.
Veja:
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Em outra gravação, Camila ainda entregou que o homem chegou a atirar contra ela. “Minha filha de um ano estava presente. Ele só mandou e virar de costas e abaixar a cabeça. Ele me deu um tiro e eu senti Deus comigo. Deus fez ele errar a bala pra não acertar em mim. Ele botou a arma na minha cabeça e atirou. No momento, eu só sabia passar a mão na minha filha e na minha cabeça, pra saber se tinha pegado”, contou a artista circense.
“Ele fez o que fez, mandou eu vestir a roupa de novo. Eu só sabia me jogar no chão e ficar lá. Eu me sentia muito suja. Eles saíram aqui de casa e eu fiquei em choque (…) Estou tentando ser forte, pela minha família, por mim também, mas não vou dizer que estou bem. Estou com ódio, mas feliz por ter conseguido proteger minha família”, desabafou Camila, chorando.
A artista também falou que um dos bandidos já tinha visto ela se apresentando no circo e que provavelmente premeditaram o abuso e o assalto. “Eles já vieram mal-intencionados. E eu fiquei com medo, disse que não ia depor, que não ia à delegacia. Eu só quero justiça por mais um trauma que eu passei na minha vida. Tô tentando não desabar na frente de ninguém, mas isso me dói”, admitiu Camila.
Assista à íntegra:
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Família pede justiça
O circo pertence a uma família que é natural do Pará. Eles estavam em turnê por cidades da baixada maranhense. Em entrevista ao JM1, Poliana Ostok, mãe de Camila e dona do circo, afirmou que todos estão traumatizados após o caso e pediu justiça. “Nesse momento, a gente só se sente indignado, revoltado. A gente está se sentindo impotente perante essa situação que nunca na minha vida passou e não tem relato de nenhum circo ter passado por isso”, desabafou.
“A gente fica muito triste, que na cidade do Maranhão, na baixada, vem acontecendo tanta atrocidade. A gente sabe que não somos a primeira família a passar por esse tipo de situação, mas a gente clama pela Justiça, que as autoridades tomem providência”, completou Poliana.
Suspeito identificado
Um adolescente de 17 anos, cuja identidade não foi divulgada, é o principal suspeito de estuprar a artista circense. O delegado Manoel Almeida Neto mencionou uma ação do jovem que facilitou o trabalho da polícia. “Esse um, em algum momento, tirou o capuz. Os outros não tiraram, e foi o momento em que [ele] foi identificado”, explicou.
“Com essa identificação, nós já representamos pela busca e apreensão, e assim que ela for expedida pela Justiça, nós vamos buscar localizar e apreender esse menor”, concluiu o delegado.
Autoridades se manifestam
Em meio à repercussão e barbaridade do caso, autoridades e políticos do Maranhão se manifestaram sobre o crime. “Nosso sistema de segurança está focado em identificar e prender os responsáveis pelo ataque à jovem circense Camila e sua família, em Central do Maranhão. Não vamos tolerar que as pessoas tenham sua paz retirada e sejam violentadas dessa forma. Informo ainda que a Delegacia Especial da Mulher, Casa da Mulher Brasileira, Semu e demais equipes do nosso darão assistência necessária às vítimas”, declarou o governador do estado, Carlos Brandão (PSB).
Nosso sistema de segurança está focado em identificar e prender os responsáveis pelo ataque à jovem circense Camila e sua família, em Central do Maranhão. Não vamos tolerar que as pessoas tenham sua paz retirada e sejam violentadas dessa forma. Informo ainda que a Delegacia…
— Carlos Brandão 🇧🇷 (@carlosbrandaoma) November 26, 2024
Em nota, a Secretaria de Estado da Mulher do Maranhão (SEMU) repudiou o delito praticado contra a família. “A Secretaria de Estado da Mulher vem manifestar seu repúdio às atrocidades sofridas pela jovem circense Camila Gomes e sua família, em Central do Maranhão. Reiteramos que estamos acompanhando as investigações que estão sendo realizadas pelas forças de segurança do estado para que as medidas cabíveis sejam tomadas com urgência e os agressores sejam punidos com todo o rigor da lei“, apontou o órgão.
“Reforçamos nosso compromisso no combate a todo e qualquer tipo de violência, sobretudo, violências que atingem às mulheres. Conclamamos a sociedade para se juntar nessa corrente formada por instituições e movimentos sociais que tem a missão de construir uma sociedade mais justa e segura para às nossas mulheres”, finalizou a SEMU.
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