Em seu novo livro intitulado “My Time to Stand”, Gypsy-Rose Blanchard dá detalhes sobre os momentos marcantes de sua vida e outros vividos atrás das grades. Dentre eles, a jovem relata uma colega de prisão que brincava com as próprias fezes.
Durante entrevista à revista People, Gypsy afirmou que escrever a obra foi como “fazer justiça à sua história“. Na trama, Blanchard detalha situações de abuso que aconteceram durante sua infância e adolescência, além do fatídico dia em que sua mãe foi assassinada. Ela também contou como se sentiu revisitando essas memórias: “Você quer contá-la com o máximo de honestidade e vulnerabilidade possível. Então, foi uma verdadeira montanha-russa”.
Prisão
No livro, Gypsy descreve com detalhes a dura realidade da vida na prisão e as peculiaridades de suas colegas de cela. “A cadeia do condado é um lugar desprezível. Era suja e superlotada, a comida estava vencida e era tóxica, e as pessoas eram implacáveis, independentemente do nível em que estavam“, escreve ela sobre o ano que passou na Cadeia do Condado de Greene, no Missouri, antes de ser transferida para o Chillicothe Correctional Center, um ambiente menos hostil, onde cumpriu a maior parte de sua sentença.
Na cadeia do condado, a jovem relata ter convivido com mulheres nada agradáveis. Como exemplo, Blanchard citou quatro: uma que uivava para a lua; outra que conversava com a parede; uma que batia a cabeça contra a parede enquanto xingava a si mesma e, por fim, a detenta que, segundo ela, superava todas as outras, já que “brincava com suas próprias fezes“.
Ela conta como essa companhia peculiar a afetou, porque, devido a vigilância intensa, ela quase não saía de sua cela. “Não tem nem uma hora de tempo livre no pátio. Só nos permitiam uma ligação telefônica de dez minutos por dia e um banho. Então, praticamente o dia todo, eu era forçada a assistir minha colega de cela nua se deliciar com suas fezes. Como se fosse massinha de modelar, pessoal“, desabafou.
Gypsy explicou que a situação era tão insuportável que, em determinado momento, precisou intervir e até tentar subornar a companheira de cela para que ela parasse. Ela relatou que o fedor era tão forte que a fazia sentir vontade de vomitar. A experiência foi tão traumática que, segundo a jovem, pensamentos extremos começaram a surgir. “Por alguns dias, me perguntei se deveria usar o meu uniforme. Olhei atentamente nas paredes, ao redor das camas, no teto, em busca de lugares altos onde eu pudesse amarrá-lo“, disse.
Condenação
Durante a infância, adolescência e parte da vida adulta, Gypsy-Rose Blanchard foi vítima da síndrome de Munchausen por procuração. Esse distúrbio faz com que um pai ou responsável crie sintomas falsos ou cause sequelas reais para fazer parecer que a criança está doente. No caso de Gypsy, foi sua mãe, Dee-Dee, que a fez acreditar que sofria de doenças graves, manipulando sua saúde e, muitas vezes, sua percepção da realidade.
Em 2015, Gypsy e seu namorado da época assassinaram Dee-Dee. O crime foi descoberto no dia seguinte e em 2016, a jovem foi condenada a 10 anos de prisão. Sua sentença, no entanto, foi atípica, levando em consideração o contexto de abuso psicológico e físico que ela havia sofrido ao longo de sua vida.
Após sete anos, em dezembro de 2023, Blanchard foi liberada da prisão e passou a viver em liberdade. Atualmente, ela está em um relacionamento com Ken Urker, de quem está grávida de uma menina, que deve nascer em janeiro de 2025.
Siga a Hugo Gloss no Google News e acompanhe nossos destaques