Um ex-paraquedista russo virou peça-chave para impedir que um pedófilo britânico condenado simulasse o casamento com uma menina de nove anos na Disneyland Paris. Vitalijs, de 54 anos, que usou apenas o primeiro nome por questões de segurança, contou que recebeu cerca de £ 550 (R$ 4 mil) para interpretar o “pai da noiva” em uma suposta encenação, mas decidiu denunciar o caso antes que fosse tarde demais.
A cerimônia custou cerca de £ 111 mil (cerca de R$ 823 mil) e envolveu mais de 100 convidados. Segundo o The Sun, o britânico Jacky Jhaj, de 39 anos, que tem histórico de condenações por crimes sexuais contra adolescentes no Reino Unido, foi preso e permanece sob custódia na França, acusado de fraude, abuso de confiança, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.
Ao The Sun, Vitalijs explicou que conheceu a mãe ucraniana da criança e a menina em uma seleção de elenco na República Tcheca em maio. Na ocasião, a mãe contou que conhecia Jhaj havia um ano, chegou a viajar de férias com ele e recebia dinheiro do britânico. Inicialmente, o militar acreditava que entregaria a mãe da menina na cerimônia, mas, cinco horas antes do evento, percebeu que a “noiva” era a criança de nove anos. “Eu sabia que tinha que fazer alguma coisa”, disse.

Sem falar francês ou inglês, Vitalijs usou seu treinamento militar para entrar no parque sem ingresso e entregou um bilhete escrito à mão para funcionários da Disney: “Este não é um casamento de verdade. A noiva tem nove anos!”. Os funcionários, que notaram a criança “assustada e confusa” usando um vestido grande e saltos presos com fita adesiva, acionaram imediatamente a polícia.
Jhaj e outras pessoas foram presas no local, incluindo Vitalijs, a mãe e a criança, que foram levados para prestar depoimento. “Descobri que meu passaporte havia sido falsificado. Só me lembro do primeiro nome, Mikhail. Não me lembro do sobrenome. Lembrei-me de que uma mulher em Riga [Letônia] me pediu uma foto de passaporte para um passe para a Disneylândia. Claro, eu disse à polícia que não era eu e que não era meu passaporte”, relatou Vitalijs ao ser confrontado pelas autoridades com um passaporte falso.
Após esclarecimentos, Vitalijs, a mãe ucraniana e a menina foram liberados sem acusações. Segundo o promotor Jean-Baptiste Bladier, a criança “não sofreu nenhuma violência, nem física nem sexual e não foi forçada a bancar a noiva”. Apesar disso, Jhaj foi descrito como o “cérebro” por trás do plano. À polícia, ele declarou: “Sou apenas um simples ator que participou de uma filmagem”. Seu advogado, Jean-Christophe Ramadier, alegou que a prisão preventiva aconteceu porque Jhaj não tinha representação legal nem endereço fixo na França.

Jhaj, que em 2016 foi condenado no Reino Unido por atividade sexual com duas meninas de 15 anos, planejou o evento para acontecer no Castelo da Bela Adormecida, na Disneyland Paris, usando documentos falsos para alugar o espaço. Durante a operação policial, outras pessoas que participavam do esquema também foram detidas para investigação. O caso permanece sob investigação pelas autoridades francesas, que analisam como o esquema foi planejado, as responsabilidades dos envolvidos e os detalhes do uso de documentos falsos para tentar legitimar uma cerimônia.
Siga a Hugo Gloss no Google News e acompanhe nossos destaques