A Polícia Civil de São Paulo vai pedir a prisão preventiva de Ademilson Ferreira dos Santos, padrasto de Lucas da Silva, de 19 anos. O jovem está internado em estado grave após ingerir um bolinho de mandioca na sexta-feira (11), no bairro Alvarenga, em São Bernardo do Campo (SP). Segundo os investigadores, Ademilson passou a ser o principal suspeito do envenenamento depois de apresentar contradições em seu segundo depoimento.
Inicialmente, a suspeita era Cláudia Perreira dos Santos Daliessi, tia de Lucas, que também é investigada. No entanto, o caso tomou um novo rumo após a polícia identificar falas inconsistentes do padrasto, que, segundo a delegada Liliane Doretto, foi quem preparou e serviu os alimentos consumidos no dia em que o jovem passou mal.
“Eu não tenho dúvida de que Ademilson é provavelmente o autor desse crime. Houve uma reviravolta no caso. Estou aguardando os laudos médicos, mas já tenho elementos para representar pela prisão temporária dele. Ele foi o único que manipulou os bolinhos e entregou pessoalmente para o Lucas”, disse Doretto, ao UOL.

Segundo a delegada, a vítima pretendia se mudar de cidade para começar em um novo emprego, o que teria incomodado o padrasto: “Ele é manipulador e muito possessivo. Ele mente bastante, a gente sente isso”. O padrasto, por sua vez, não confessou o crime. Em seu depoimento, ele afirmou que tinha medo de perder Lucas. “Ele estava confuso”, resumiu a chefe de polícia.
A tia de Lucas já foi ouvida pela polícia e negou ter colocado qualquer substância na comida. Segundo ela, apesar de estar distante da família, não existem desentendimentos sérios. De acordo com o g1, a mulher prestou um novo depoimento na tarde desta terça-feira (15).
As autoridades também estiveram nas casas de Lucas e da tia para coletar amostras da massa dos bolinhos e dos ingredientes utilizados. O material foi enviado para perícia, que deverá indicar se havia substâncias tóxicas na comida.
Segundo familiares, Lucas e os pais comeram um bolinho enviado como presente e, logo depois, jantaram. Cerca de 30 minutos após a refeição, o jovem passou mal e precisou ser levado por um vizinho à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) União. O médico que o atendeu identificou um quadro de intoxicação compatível com envenenamento. No entanto, somente o exame toxicológico poderá confirmar a substância ingerida.

“Estou sendo muito cautelosa desde o início. Conversei com o médico hoje mais cedo. Houve uma intoxicação, ele [o médico] não acredita que possa ter sido chumbinho, mas estamos aguardando o laudo para descobrir a substância. Mas ele [Lucas] foi envenenado. Pelas provas que eu angariei nos autos, tenho certeza que a conduta foi direcionada a ele”, disse Doretto.
Diante dos sintomas, a equipe médica acionou a Guarda Municipal. A Polícia Civil passou a investigar o caso como uma possível tentativa de homicídio. Lucas foi transferido para o Hospital de Urgência de São Bernardo do Campo e segue internado na UTI. De acordo com boletim divulgado pela prefeitura, o estado de saúde do jovem é estável. Ele está com suporte ventilatório e vigilância neurológica.
“O paciente evoluiu com necessidade de realização de hemodiálise e são aguardados resultados de exames que identifiquem o que ocasionou esse quadro”, informou a administração municipal em nota.
Siga a Hugo Gloss no Google News e acompanhe nossos destaques