Nesta quarta-feira (3), a Justiça dos Estados Unidos revelou a sentença do Dr. Salvador Plasencia, investigado por envolvimento na morte do ator Matthew Perry. Segundo o TMZ, a decisão foi anunciada no tribunal federal de Los Angeles, com a presença dos pais do astro durante a audiência.
Plasencia havia se declarado culpado, em julho deste ano, de quatro acusações de distribuição de cetamina — substância que levou Perry a perder a consciência e se afogar acidentalmente em sua banheira de hidromassagem, em 2023. O médico compareceu ao tribunal vestindo um terno azul-marinho e foi cercado por uma multidão de jornalistas.
Inicialmente, Plasencia deveria entregar sua licença médica entre 30 e 45 dias após admitir culpa. No entanto, o governo norte-americano autorizou que ele reabrisse o consultório em agosto, sob rígidas restrições. Entre elas, comunicar aos pacientes sobre a investigação federal, obter consentimento para seguir com tratamentos e não prescrever medicamentos controlados — incluindo a cetamina.
A promotoria federal havia pedido uma pena de 36 meses, enquanto a defesa argumentou que os danos à reputação e à carreira do médico já representavam punição suficiente. Nesta quarta, após a leitura de uma carta dos pais de Matthew — classificada como “declarações de impacto à vítima” — Plasencia foi condenado a 30 meses de prisão, o equivalente a dois anos e meio.
Na mensagem, a mãe do ator, Suzanne, e seu padrasto, Keith Morrison, chamam o médico de “ganancioso” e detalham as homenagens deixadas por fãs no túmulo de Matthew. “Mesmo agora, quando visitamos seu túmulo, encontramos pequenos momentos ali: flores, claro, e moedas, e itens de ‘Friends’, pequenos brinquedos de pelúcia, adesivos do Batman, bilhetes rabiscados em pedaços de papel, cartões e cartas cheios de emoção. Muitas vezes, cheios de gratidão… Sua história tocou tantas pessoas. E ele queria, precisava, merecia um terceiro ato. Estava em planejamento”, diz o texto.
Morrison prosseguiu: “Acredito que o homem que o senhor vai sentenciar hoje está entre os mais culpados de todos. Seu crime é, para mim, realmente difícil de entender. Aqui estava um homem que estudou por anos e anos, derramou suor e lágrimas, imagino, em sua busca para se tornar médico. Um caminho longo, com um portão estreito, para entrar nessa profissão tão estimada. Por que se tornar médico? Para curar os doentes, claro. Para ajudar pessoas. Para salvar vidas. Imagino também que a promessa mais importante e sagrada que ele já fez foi o juramento de Hipócrates, aquele voto antigo de, primeiro, não causar dano”.
“Às vezes é um pouco mais fácil entender quando alguém comete um crime terrível. Talvez num momento de paixão, ou porque a pessoa tomou uma decisão realmente ruim, ou algum traficante, cruel por natureza, que assume o risco calculado de ser pego e passar muitos anos na prisão… Mas um médico? Que se apoia no respeito e na confiança?”, questionou.
Ele concluiu: “E não foi apenas uma decisão ruim… Ninguém vivo e minimamente conectado ao mundo poderia ignorar as lutas de Matthew. Mas esse médico conspirou para quebrar seus votos mais importantes, repetidamente, esgueirando-se pela noite para encontrar sua vítima em segredo. Por quê? Por alguns milhares de dólares? Para que pudesse explorar a vulnerabilidade de nosso filho… e vangloriar-se, como fez, com aquela pergunta reveladora: ‘Quanto será que esse idiota vai pagar? Vamos descobrir’. Algumas coisas são muito difíceis de entender”. Clique aqui para ler a carta na íntegra.
Plasencia é o primeiro réu sentenciado no caso. Também se declararam culpados o médico Mark Chavez, o assistente pessoal de Perry, Kenneth Iwamasa, o traficante Erik Fleming e a chamada “Rainha da Cetamina”, Jasveen Sangha — todos devem receber suas sentenças nas próximas semanas.
Siga a Hugo Gloss no Google News e acompanhe nossos destaques