Que absurdo! A atriz Cacau Protásio e quatro bailarinos foram vítimas de ofensas racistas e homofóbicas por parte de um grupo de bombeiros do estado do Rio de Janeiro. O caso aconteceu durante a gravação de uma cena para seu próximo filme, “Juntos e Enrolados”, no Quartel-Central do Corpo de Bombeiros, no centro da cidade carioca.
Os ataques foram gravados em áudios de WhatsApp, divulgados ontem (26), pelo colunista Leo Dias. No primeiro deles, escutamos: “Olha a vergonha no pátio do quartel central. Essa mulher do ‘Vai que Cola’, aquela gorda, colocou a farda e botou os dançarinos viados com roupa de bombeiro. Isso é um esculacho, rapaz. Qual é a desse comandante? Vai deixar uma p*taria dessas no pátio do quartel?”.
Em outro, uma nova voz classifica a presença do grupo no quartel como lamentável, fazendo uso de termos homofóbicos, gordofóbicos e racistas. “Vergonhoso. Mete aquela gorda, preta, filha da p*ta numa farda de bombeiro, uma bucha de canhão daquela, com um monte de bailarino viado, requebrando até o chão. Vão achar que é o que? Bombeiro? Aquilo é tudo viado. Lamentável”, dizia um homem. Um terceiro áudio ainda solicitava que as mensagens não fossem mais compartilhadas em outros grupos, a pedidos do comandante-geral.
Revoltada ao saber do caso, a atriz se pronunciou em suas redes sociais. “Em respeito a vocês eu venho aqui contar o que está acontecendo. Estou fazendo um filme, no qual faço um sargento, e domingo fui filmar no batalhão do centro da cidade, fui super bem recebida, bem assessorada. Um bombeiro fez um vídeo de uma cena solta e espalhou por aí. Em momento algum ele desceu para saber o que estava acontecendo, o que era, e o que ele postou é o pedaço de uma cena que é um sonho do meu superior. Eu faço um filme, aquilo ali é ficção, não é realidade. E ele espalhou o vídeo com um áudio me chamando de negra, gorda, filha da p*ta, aquela cambada de viado… Racismo é preconceito se vocês não sabem, e isso é muito triste, não entendi por que tanto ódio”, disse ela em um primeiro vídeo.
https://www.instagram.com/p/B5RIUPxhZwB/
“Sou negra, sou gorda, sou brasileira, sou atriz, conto histórias, conto ficção. Não mereço ser agredida, assim como nenhuma pessoa. Eu respeito a opinião de alguns bombeiros que dizem que ‘ah, eu não acho certo’, mas vai ver realmente a história antes de agredir. Tem uma menina no Facebook também falando mal. Postou uma foto minha de farda e os coleguinhas dela me detonando. Tudo isso eu printei, porque é crime. Racismo é crime. Você pode não gostar, mas tem que respeitar. E por que esse ódio? Juro que não entendo. A cena é uma alucinação de um personagem, um sonho, quando ele volta eu tô ali, trabalhando. O bombeiro é uma corporação que eu respeito, que amo. Queria ser quando criança. Sempre falei isso”, prosseguiu.
“Sei que sou uma pessoa forte, mas ouvir tudo isso de um ser humano é horrível, é muito triste. E como uma pessoa que veste uma farda tão linda tem essa postura? Como posso dizer que ele salva vidas? Que ele faz o amor, tendo essa postura e falando tanta coisa horrorosa, tanta coisa feia, ofendendo? Eu respeito e acho que eles têm o direito de gostar ou não gostar. Mas eles tinham que perguntar primeiro. O mal da gente é primeiro julgar e jogar pedra, pra depois saber o que era e falar que não era algo tão ruim. Só estou aqui pra dizer que racismo é crime. Isso não se faz”, afirmou, sem conseguir segurar o choro.
Por fim, Cacau disse que a cena pode ser cortada do longa e pediu mais empatia e compaixão. “A filmagem foi tão legal e agora eu ouço que vai ser tirada do filme, que vão mandar cortar. Então por que as pessoas que estavam lá autorizando acharam legal, abraçaram a gente e disseram que estava tudo bem? A gente não fez nada absurdo. Respeito a opinião dos bombeiros, não sei o que eles passam, só admiro. Mas peço que a gente tenha mais compaixão um com o outro”, finalizou. Forças Cacau! Estamos com você!
Assista aos vídeos da atriz e escute os áudios gravados pelos bombeiros, abaixo:
https://www.instagram.com/p/B5X_NubJP23/