O Fantástico de ontem (6) revelou detalhes sobre um crime cruel que aconteceu em Canelinha, Santa Catarina, no dia 27 de agosto. Flávia Godinho, uma professora, foi assassinada de forma perversa pela costureira Rozalba Grimm, que queria roubar o bebê que ela esperava. A reportagem contou que o caso, na verdade, começou em novembro do ano passado.
Na época, Flávia havia acabado de se casar e logo engravidou. No mesmo período, Rozalba também ficou grávida. Acontece que, com quatro semanas de gestação, a costureira acabou sofrendo um aborto espontâneo. “Ela relatou que perdeu (o bebê) no banheiro no mês de janeiro desse ano e ocultou essa informação de seus familiares”, afirmou o delegado Paulo Alexandre Schroeder da Silva. Foi então que ela começou a buscar e acompanhar na internet mulheres grávidas, mentindo sobre seu estado e trocando relatos falsos.
A equipe do Fantástico entrou em contato com uma das mulheres que conversou com Rozalba. Ela contou que a costureira tinha interesse em saber o sexo de seu bebê e quantas semanas tinha sua gestação. “Achei estranho ela ter mandado uma mensagem tão direta, sendo que eu nem conhecia ela“, pontuou. A criminosa perguntava sempre as mesmas coisas, tentando encontrar alguém que tivesse um tempo de gravidez compatível com o que ela teria e que esperasse uma menina. Ela já tinha até escolhido um nome para a bebê: Antonella.
Mais ou menos em abril, Rozalba começou a se aproximar de Flávia. Ela se apropriava das experiências da “amiga” e as relatava com se fossem suas. A costureira chegou até a criar uma rifa para o enxoval da filha inventada. “São pessoas manipuladoras na sua essência, são pessoas que mentem muito, não têm empatia em relação àquelas pessoas das quais estão se aproveitando“, descreveu a psicóloga forense Paula Gomide.
Em agosto, a assassina programou um chá de fraldas para Flávia. Ela chegou a convidar algumas pessoas, mas desmarcou com todas na véspera, menos com a vítima. Na madrugada do dia 27, ela avisou uma amiga que estava sentindo dores e que Antonella estava para nascer. Na tarde do mesmo dia, ela se encontrou com Flávia perto de uma padaria e a levou para o local do crime. Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que a vítima entrou no carro de Rozalba. Essa foi a última vez que ela foi vista.
Em uma cerâmica desativada de um bairro afastado, a criminosa usou um tijolo e um estilete para matar Flávia e tirar seu bebê da barriga. Ela deixou o corpo da vítima no local e se dirigiu ao centro da cidade. A costureira parou no meio do caminho para fechar o porta-malas do carro e foi amparada por moradores que estavam ao redor. A eles, Rozalba relatou que havia dado à luz no veículo e pediu que entrassem em contato com seu marido. Ela e a menininha foram para o hospital de Canelinha. Os médicos logo repararam que a criança tinha um machucado, causado pelo estilete, e que a assassina não tinha nenhum sinal de parto.
Os amigos e parentes de Flávia rapidamente começaram a sentir sua falta e buscar pela professora. Inclusive, Rozalba foi uma das pessoas que compartilhou postagens nas redes sociais relatando o desaparecimento da vítima. Mesmo sendo a principal suspeita, a costureira continuava negando a história e afirmando que, em breve, Flávia provavelmente voltaria para casa. Porém, quando o corpo foi encontrado e a assassina foi presa, acabou confessando o crime. Ela contou aos policiais que teve a ideia de roubar o bebê da amiga “umas cinco, seis semanas atrás” e que havia planejado o delito exatamente como ocorreu.
“Ela vai responder por homicídio triplamente qualificado“, disse o delegado. A defesa da acusada pediu a “instauração de incidente de insanidade mental”, para esclarecer se ela tinha consciência que suas ações eram criminosas. O marido de Rozalba, Zulmar Schiestl, também foi preso. Seu advogado afirma que provará sua inocência. “Nos parece um pouco estranho isso, pois é perceptível que ele participa muito da gravidez da esposa“, pontuou Paulo Alexandre. A filhinha de Flávia está no hospital e se recupera bem. Em breve, ela irá para casa com o pai.
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