Os últimos momentos de vida de Diego Armando Maradona têm causado polêmica, dúvidas e especulações. Segundo um enfermeiro chamado Ricardo, que cuidou do craque no dia de sua morte, ele “xingou, empurrou e expulsou de casa“, Leopoldo Luque, seu médico pessoal, na quinta-feira (19). Maradona faleceu seis dias depois, vítima de uma parada cardiorrespiratória.
O profissional, que não teve o sobrenome revelado, descreveu Maradona como “um paciente explosivo e intratável“, usando o desentendimento com o médico como um dos exemplos. Segundo a agência de notícias Télam, a cozinheira do ex-jogador, Romina Milagros Rodríguez, confirmou a briga. Não se sabe o que causou a discussão.
Depois do episódio, Luque avaliou que seria melhor se afastar e não ir contra as vontades de Maradona. Ele voltou a lidar com o ídolo apenas na quarta-feira (25), para pedir uma ambulância depois da parada cardiorrespiratória, que culminou na morte do craque. “Vocês não sabem como é difícil lidar com Maradona“, declarou o médico em várias ocasiões nas últimas semanas. O profissional afirmou que o ex-jogador tinha sintomas de abstinência depois de passar por uma cirurgia cerebral no dia 3 de novembro.
Médico é investigado
Leopoldo está sob investigação da Justiça argentina. Ele é suspeito de homicídio culposo no caso da morte de Maradona. Uma busca aconteceu na casa do médico para, segundo os promotores Laura Capra, Patricio Ferrari e Cosme Irribaren, “procurar documentação para determinar se, durante a internação domiciliária de Maradona, houve irregularidades“.
No último dia 11, Luque liberou o craque da clínica Olivos contra a vontade dos outros médicos da instituição. Como já citado, Diego havia passado por uma cirurgia cerebral no dia 3 de novembro, para a retirada de um hematoma. Para a Justiça, os profissionais afirmaram que aconselharam ao médico pessoal do craque que o deixasse internado por mais tempo.
Às 12h16 do dia 25, última quarta-feira, o médico chamou uma ambulância para seu paciente, mesmo não estando presente na casa do ex-jogador. Estavam no local, uma psiquiatra, um enfermeiro e o sobrinho do craque. Eles reportaram a Luque que Maradona não se sentia bem e também chamaram outra ambulância, pelo plano de saúde do ídolo.
Leopoldo se colocou à disposição da Justiça para prestar qualquer esclarecimento. “Eu sei o que fiz com Diego e sei como fiz. Tenho tudo para mostrar. Tenho absoluta certeza de que fiz o melhor que pude com Diego. Estou muito mal porque o meu amigo morreu“, disse o médico aos jornalistas que o esperavam em frente à sua casa, em Adrogué, na Argentina.
Dalma e Gianina, filhas de Maradona, e Claudia Villafañe, sua ex-mulher, pedem uma investigação sobre o comportamento do médico. Acontece que, depois da cirurgia, Luque garantiu que o craque ficaria em uma casa com “condições parecidas às do hospital“. Porém, a residência, que também está sendo investigada, não possuía desfibriladores nem os equipamentos necessários para um atendimento em caso de emergência.
A procuradoria-geral do departamento de San Isidro foi quem ordenou as buscas e disse em comunicado que essas eram importantes por conta “das provas que foram sendo recolhidas por meio dos depoimentos que investigam as condições de Diego Armando Maradona“.
Os enfermeiros também estão sob investigação, já que uma das profissionais entrou em contradição em seus depoimentos. Em um primeiro momento, ela afirmou que cuidou dele a noite toda, mas que não havia entrado no quarto no período da manhã. Entretanto, em sua declaração oficial dada mais tarde, a mulher disse que entrou sim, e que o craque tinha recusado que ela registrasse seus sinais vitais.