Ontem (11), a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) instaurou um inquérito para averiguar um caso de intolerância religiosa no “BBB 21”, protagonizado por Karol Conká, Projota, Nego Di e Lumena Aleluia. A denúncia foi feita pelo deputado estadual Átila Nunes (MDB-RJ). Nesta sexta-feira (12), os administradores das redes sociais da psicóloga emitiram um comunicado, alegando que a postura da sister na situação não se enquadra no crime.
No post, publicado no Instagram, a equipe começa frisando sobre “questões cruéis” que tem sido relacionadas a seres humanos, que são suscetíveis a erros e acertos. “Não vamos levantar bandeiras, diferentemente disto, o que se pretende é elucidar algumas questões cruéis e que tem ocorrido em face de seres humanos, eivados de erros e acertos, mas que devem ser igualmente respeitados”, começou.
O texto destaca que a baiana é candomblecista e aponta na denúncia um objetivo de “deslegitimar sua luta, as suas batalhas, o seu sofrimento e suas marcas”. A equipe frisou o que diz a lei 9.457, de 1997, sobre discriminação ou preconceito com religiões, e afirmou que as cenas de Lumena na situação foram tiradas de contexto. “Além de trechos isolados e intencionalmente cortados, se verifica que alguns participantes, sendo um deles humorista, comentam de forma humorizada, as falas proferidas pela própria participante Lumena, em razão do seu sotaque e de sua religião. Logo, a situação de que trata o vídeo refere-se a uma tentativa de brincadeira em desfavor da referida”, explicou.
Os administradores admitiram que a brincadeira foi “inapropriada”. “Visou zombar do sotaque da participante enquanto baiana e nordestina”, pontuou. O posicionamento lembrou que, na situação, nenhuma fala de Lumena demonstra qualquer tipo de preconceito. “Não se verifica qualquer comentário ou fala proferida por ela no sentido de promover a discriminação e preconceito no que tange a figura dos Orixás e a religião do candomblé”, afirmou.
Eu não quero nem imaginar o que vai sentir Lumena quando Xangô decidir cobrar ela por tudo isso.
O Machado é pesado amiga… Não vai ser fácil não.
— Levi Kaique Ferreira (@LeviKaique) February 9, 2021
“É importante esclarecer que os atos cometidos pela participante Lumena não se enquadram em qualquer atitude criminosa, nem se assemelham a atos discriminatórios, de modo que as acusações formalizadas, ao que parece, visam somente ferir a sua imagem por motivos torpes, egoísticos e claramente para benefício próprio daqueles que a acusam da sua posição de figura pública”, declarou.
A equipe da baiana defendeu a ideia de que estão se aproveitando da rejeição do público com a sister para atribuir fatos criminosos que não foram cometidos por ela, inclusive de não ter rebatido as falas que estão sendo apontadas como preconceituosas. “Entendemos que foi depositada na pessoa de Lumena uma espera incessante por representatividade e intervenção em todo e qualquer fato considerado reprovável pela sociedade”, refletiu.
Os administradores encerraram o comunicado lembrando que as acusações infundadas podem render crimes contra a honra da participante. Eles pediram também para que os ataques contra os familiares da psicóloga cessem o quanto antes, e que as medidas legais cabíveis já estão sendo tomadas. “Estaremos ao lado de Lumena para que ela compreenda e se retrate do que de errado tiver cometido e conhecendo como a conhecemos ela não se furtará disso. Mas, assim como não fechamos os olhos para os equívocos, também não fecharemos para as acusações indevidas”, finalizaram.
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Entenda o caso
A denúncia de intolerância religiosa foi feita ao Ministério Público pelo deputado estadual Átila Nunes (MDB-RJ). A cena em questão aconteceu dia 8 de fevereiro, quando Lumena, Projota, Nego Di e Karol Conká relembraram uma conversa entre a psicóloga e Lucas Penteado, fazendo trocadilhos com o orixá Xangô. Para alguns espectadores, a fala teria ironizado a Umbanda – religião do ator. Vale lembrar que a psicóloga é adepta do Candomblé, também de matriz africana.
Nego Di e os outros participantes repetiram diversas vezes a expressão “xangôzei”, imitando o jeito de falar de Lumena, e levando os colegas aos risos. “Eu xangôzei, véi”, disse ele. “Cheguei a xangôzar no quarto, véi”, completou o gaúcho. Karol Conká também validou a “piada” do autodeclarado humorista. “Você falando é muito engraçado”, respondeu ela.
Sem titubear, Projota, Lumena e Karol Conká caíram na gargalhada. “Eu chamei Xangô, véi”, imitou a cantora. “P*rra, doeu grandão, véi”, continuou Nego Di. Na sequência, a própria psicóloga entrou na onda, recordando de sua conversa com Lucas, adepto da Umbanda. “‘Eu xangôzei. Eu estou pelo certo com meu orixá, você está pelo errado. Ele está te abandonando'”, afirmou a baiana, satirizando o diálogo.
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No Instagram, Átila Nunes escreveu: “Não me restou outra opção do que encaminhar uma denúncia ao Ministério Público dos participantes do BBB Nego Di, Projota, Karol Conká e Lumena por vilipêndio religioso, crime caracterizado no Código Penal. E pedir à DECRADI para requisitar as gravações”, informou o deputado no dia 11 de fevereiro. “As referências extremamente ofensivas acompanhadas de chacotas dos quatro participantes a uma entidade das religiões de matrizes africanas estimulam o preconceito e os ataques à Umbanda e ao Candomblé. Dificilmente eles se refeririam dessa forma a Nossa Senhora ou à Bíblia”, acrescentou.