Abriu o coração! Elliot Page concedeu sua primeira entrevista, após anunciar para o mundo ser um homem transgênero, ainda em dezembro de 2020. Em conversa com a revista Time, publicada nesta terça (16), o ator refletiu sobre as dificuldades de passar por todo esse processo de descoberta e transição, principalmente sob a luz dos holofotes.
O que muitos não imaginavam é que, quando a notícia foi divulgada no ano passado, Elliot havia acabado de passar por uma cirurgia de remoção do tecido mamário. Para o astro de “The Umbrella Academy”, o procedimento permitiu com que ele finalmente se reconhecesse ao se olhar no espelho. “Isso transformou completamente a minha vida”, disse, definindo ainda o período da puberdade – em que o corpo passa por muitas mudanças – como um “inferno total”.
Apesar de todo o glamour, a vida de “celebridade” impôs ainda mais dificuldades a essa jornada de autodescoberta de Page. Na época em que estrelou os filmes “X-Men 3: O Confronto Final” e “A Origem”, ele enfrentou depressão, ansiedade e ataques de pânico. “Eu não sabia como explicar para as pessoas que mesmo sendo artista, apenas o fato de vestir uma camiseta com um recorte feminino me fazia tão mal”, desabafou.
Com as muitas premières, sessões de foto e aquele processo de “emperequetamento” por trás das câmeras, nas palavras do mesmo, Elliot se sentia desconectado de seu verdadeiro eu. “Eu nunca me reconhecia. Por um longo período, eu não conseguia nem sequer olhar para uma foto minha. Era difícil assistir aos filmes também”, admitiu, especialmente sobre aqueles nos quais interpretou personagens femininas.
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Page, que ainda em 2014 se assumiu gay, afirmou por diversas vezes durante a reportagem, ser não-binário e queer – vale ressaltar que identidade de gênero e orientação sexual são aspectos distintos e podem coexistir. “É uma jornada complicada e um processo contínuo”, avaliou. Sobre a reação do público mediante sua história, o ator comentou: “O que eu esperava era muito apoio e amor e também uma enorme quantidade de ódio e transfobia. E isso é essencialmente o que aconteceu”.
Devido sua influência, Elliot sente um profundo senso de responsabilidade em compartilhar sua verdade e dar maior visibilidade à comunidade trans. “Pessoas extremamente influentes estão espalhando mitos e uma retórica prejudicial – todos os dias você vê nossa existência ser debatida. Mas as pessoas trans são muito reais”, reforçou. “Meu privilégio me permitiu ter recursos para passar e estar onde estou hoje. É claro que quero usar esse privilégio e plataforma para ajudar da maneira que puder”, avisou ainda.
Por fim, o artista, que tem como inspiração ícones da indústria cinematográfica e televisiva como Janet Mock e Laverne Cox, se mostrou entusiasmado com o futuro de sua carreira. “Estou muito animado para atuar, agora que sou totalmente quem sou, neste corpo. Não importa os desafios e momentos difíceis, nada equivale a sentir como me sinto agora”, encerrou.