Nesta terça-feira (1º), três suspeitos foram presos pela morte do congolês Moïse Mugenyi Kabamgabe, de apenas 24 anos de idade. Ele foi espancado violentamente em um quiosque na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde trabalhava. O trio já foi detido pela Polícia Civil, sendo que um deles se entregou para as autoridades na tarde de hoje. O taco de madeira utilizado no crime também foi localizado numa mata perto de onde tudo aconteceu, graças ao relato de uma testemunha. As informações são do jornal O Globo.
A publicação relatou que a investigação identificou os homens por meio das imagens registradas no circuito interno de segurança. “Houve uma ação extremamente cruel. Os autores estão na Delegacia de Homicídios e o pedido de prisão temporária dos três por homicídio duplamente qualificado será encaminhado para o plantão judiciário ainda hoje”, explicou o delegado Edson Henrique Damasceno.
O jornal teve acesso às gravações e detalhou que tudo aconteceu por volta das 22h25 do dia 24 de janeiro. Nas imagens do ocorrido, um dos suspeitos pega o taco de madeira, enquanto Moïse carrega uma cadeira. Acontece que, na sequência, o congolês foi surpreendido pelas costas pelos outros dois homens, que o jogaram no chão próximo de uma escada. Os três iniciam a sequência de ataques, até que cerca de dez minutos depois, os agressores amarraram as mãos e os pés de Moïse com um fio. 20 minutos depois, uma mulher se juntou ao grupo e dois homens são vistos fazendo massagens cardíacas no estrangeiro.
Segundo as informações do inquérito, o congolês foi encontrado por policiais militares do 31º BPM, localizado no Recreio, ainda amarrado no chão. Kabamgabe trabalhava no quiosque Tropicália servindo mesas na areia. Os familiares do rapaz apontaram que no dia do ocorrido, Moïse tinha planejado cobrar pagamentos atrasados pelos serviços prestados, cerca de R$ 200 por duas diárias de trabalho.
O segundo homem detido pela polícia foi localizado na casa de parentes dentro da favela Três Pontes Paciência, bairro da Zona Oeste do Rio, e conhecida região controlada por milicianos. O jornal O Globo apurou que o homem trabalha vendendo caipirinha na praia da Barra da Tijuca e confessou o crime informalmente no momento da prisão: “Fiz uma besteira”. Apesar disso, foi necessário que os agentes arrombassem a porta para pegá-lo.
O homem que se apresentou à polícia foi identificado como Alisson Cristiano Alves de Oliveira, de 27 anos. Em vídeo, ele alegou que a morte não foi motivada porque a vítima era negra ou por questões de dívida. “Eu sou um dos envolvidos na morte do congolês. Quero deixar bem claro que ninguém queria tirar a vida dele, ninguém quis fazer injustiça porque ele era negro ou alguém devia a ele. Ele teve um problema com um senhor do quiosque do lado, a gente foi defender o senhor e infelizmente aconteceu a fatalidade dele perder a vida”, disse em um trecho.
Ao jornal O Globo, o delegado Edson Henrique não escondeu sua consternação com o crime. “Estamos há uma semana trabalhando de forma ininterrupta e hoje localizamos e estamos ouvindo as três pessoas que praticaram as brutais agressões. As três pessoas não trabalham no quiosque e o dono ajudou e foi solícito nas investigações. Como foi verificado no vídeo, foram inúmeras agressões e de uma brutalidade absolutamente desproporcional”, disse.
“Mesmo que, ao final das agressões, tenha havido uma tentativa de reanimar a vítima, isso não apaga a brutalidade das ações realizadas anteriormente. A vítima sendo agredida com um pedaço de pau por diversos minutos demonstra com muita clareza que foi uma ação extremamente cruel”, avaliou o profissional.