Após anos sendo visto em filmes ‘on demand’, Nicolas Cage está pronto para retornar às telonas, numa grande produção. A empreitada vem na esteira de um convite ousado: interpretar a si mesmo, e encarar os demônios do passado. Corajoso, o astro protagoniza “O Peso do Talento“, longa de ação e comédia, que estreia hoje (12) no Brasil. Na produção, ele encarna o ator Nick Cage, sua versão mais ‘neurótica e exagerada‘, nas palavras do próprio veterano.
Em entrevista concedida a Hugo Gloss, Nicolas afirmou que a experiência se mostrou bem diferente do que ele estava acostumado ao dar vida a outros personagens. “Foi espiritual“, classificou. No longa, Cage é um ator excêntrico que tenta entrar num projeto do mestre Quentin Tarantino, ao mesmo tempo em que se vê pressionado por dívidas altíssimas. Por isso, ele aceita receber 1 milhão de dólares para aparecer na festa de um fã mexicano (Pedro Pascal), sem saber que se trata do líder de um cartel de drogas. Para sair da enrascada, Nick será recrutado até pela CIA, num roteiro que cumpre com o papel de divertir o espectador.
Nicolas, entretanto, fez de tudo para não assistir ao filme, e explicou a Gloss, o porquê. “Me parecia uma experiência muito assustadora. A não ser que você seja inacreditavelmente um narcisista nato, quem é que quer se olhar no espelho durante duas horas? Quem quer interpretar um personagem que leva o seu próprio nome?”, indagou o vencedor do Oscar. “Mas eu fico feliz que eu tenha feito isso. Porque me deu medo, mas eu aprendi com essa experiência”, observou. Os planos de Cage, porém, tiveram de ser mudados, e ele viu o filme, no fim das contas.
“Eu tive que assistir ao filme, porque eu não apenas atuo nele, mas também sou um dos produtores. Chegamos em um ponto entre o diretor e o estúdio, no qual precisavam de um outro olhar. Então, como produtor, desliguei metade do meu cérebro e metade do meu coração, e assisti através de um ponto de vista neutro. Assim pude ver quais cenas funcionavam e quais não funcionavam. E me alegra dizer nós chegamos exatamente no alvo que queríamos atingir”, contou.
Com mais de quarenta anos de carreira, e quase 120 filmes no currículo, Nicolas acredita que o ‘peso do talento’ esteja ligado à forma como um ator consegue se colocar no lugar de alguém, e suas dores, para dar vida a um personagem. “Empatia e criatividade são as duas ferramentas mais presentes e relevantes que eu tenho quando estou atuando em um filme. Eu busco empatia no meu coração, na minha experiência de vida… E se eu não conseguir encontrar isso em mim, no meu coração, eu vou ler o jornal e buscar algo que me traga”, detalhou.
Interpretar a si mesmo, porém, foi algo distinto, que o levou a um outro lugar. “Para mim, o que eu fiz em ‘O Peso do Talento’, não foi algo tão interpretado, foi mais espiritual. Se você é alguém vulnerável e empático, às vezes isso pode ser um grande peso. Você pode se sentir muito mal pela dor de alguém, você pode ficar de coração partido por alguém. E não é difícil passar por isso nos dias de hoje”, comparou Nicolas.
Ao olhar para a tela, ele reconhece ali o seu bom humor em Nick Cage, e se diz satisfeito. Isso, inclusive, foi o que fez seus olhos brilharem desde o início do projeto. “Eu gosto de fazer as pessoas darem risada quando estou em casa. Gosto de fazer minha esposa rir, fazer meus filhos rirem. Foi bom poder trazer um pouco desse humor para outro filme novamente. Já faz um tempo que não me convidam para fazer uma comédia, e esse foi um dos grandes motivos que me fez querer fazer esse filme”, concluiu.
Confira a entrevista completa:
Além de Nicolas, “O Peso do Talento” conta com nomes de peso no elenco como Pedro Pascal, Sharon Horgan, Lily Sheen e Neil Patrick Harris. O filme é dirigido por Tom Gormican, com roteiro de Kevin Etten.