Thelma Assis expõe mais um detalhe grave da conduta de anestesiologista preso por estupro: ‘Esse criminoso não é médico’

A campeã do “BBB 21”, que também é anestesista, elogiou a equipe de enfermagem e detalhou como Giovanni Quintella Bezerra colocou a paciente em risco

Thelma Assis

Nesta semana, o caso do anestesista Giovanni Quintella Bezerra, preso em flagrante no Rio de Janeiro após estuprar uma paciente em trabalho de parto, chocou o Brasil. Já nesta terça-feira (12), Thelma Assis, médica e campeã do “BBB 20“, falou sobre o horror da história. No “Encontro“, Thelminha explicou que, além de cometer um crime, Giovanni foi imprudente ao sedar uma grávida. Ela, que também é anestesista, defendeu a classe médica e as enfermeiras que denunciaram a ação.

“Ela toma um bloqueio espinhal, que vai proporcionar que a paciente não sinta dor e não se movimente do abdômen para baixo. Num geral é dessa forma, salvo algumas exceções que exigem uma anestesia geral ou sedação com indicação precisa. Não é convencional sedar gestante. Além de mantê-la acordada para ter todo aquele momento sublime, especial de recepcionar o bebê, também tem um motivo técnico. Ele cometeu um crime e também cometeu uma imprudência. É por isso que eu espero que o CRM (Conselho Regional de Medicina), mais do que nunca, seja rápido em puni-lo”, disse.

A ex-BBB explicou que o sedativo pode fazer mal não só para a mãe, mas para o bebê que acabou de nascer: “Ele estava expondo a paciente ao risco, se ele a sedou sem indicação. A gestante amamenta o bebê logo após o parto, e o sedativo pode interferir na amamentação. Tudo está errado nessa história. Além de todo o crime horrendo, nós temos uma imprudência”.

Thelma ainda reforçou a importância de enfermeiros e técnicos de enfermagem nos hospitais. “Elas precisavam de uma prova. Assim como as enfermeiras, as técnicas que estavam ali diretamente com a paciente. Técnicos e auxiliares de enfermagem são profissionais que merecem ser muito valorizados. A enfermeira também, porque ela faz toda a gestão do centro cirúrgico. Mas o técnico é o que pega na sua mão, é o que troca a fralda se precisar, então a gente tem que valorizar esses profissionais também”, afirmou.

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“E o médico tem que parar com isso de ‘somos o detentor do conhecimento’. A gente tem que entender o nosso lugar. Eu vi um post de um colega anestesiologista que dizia que a nossa especialidade está de luto, porque a gente não se sente representado. Na anestesiologia, muitas vezes a gente teve que provar que é médico, porque muitas pessoas falavam: ‘Anestesista faz um curso técnico?’. É uma sub-especialidade de extrema responsabilidade dentro da medicina e agora a gente se depara com um caso desse”, lamentou.

Thelminha também defendeu sua profissão, afirmando que Giovanni Bezerra não pode ser considerado médico. “Acordei com essa notícia e fiquei em choque como profissional de saúde. Uma gestante no momento que mais precisa se sentir protegida. Importante essa atitude das enfermeiras. Quando a gente está no hospital, formamos uma equipe multidisciplinar. E é responsabilidade da equipe, é responsabilidade do anestesista, prestar o cuidado com a paciente antes do parto, durante o parto e no período de pós-parto. Então isso que aconteceu foi uma atrocidade”, definiu.

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“Esse criminoso não é médico. Ser médico é muito mais do que você ser detentor de um conhecimento. Ser médico é você ser empático, é você se colocar no lugar do outro, é ter sensibilidade, solidariedade. Ele é portador de um CRM, que eu espero que ele perca o quanto antes, e isso é um consenso entre todos os colegas”, concluiu.

Giovanni Quintella Bezerra foi preso em flagrante e indiciado por estupro de vulnerável, podendo pegar pena de 8 a 15 anos de prisão. Aos 32 anos, ele se especializou há dois meses em anestesiologia e trabalhava em mais de dez hospitais das redes públicas e privadas do Rio de Janeiro. A polícia agora procura outras possíveis vítimas de Bezerra.