Rachel Williams, a antiga jornalista da Vanity Fair e ex-amiga da falsa herdeira alemã Anna Delvey (Anna Sorokin), está processando a Netflix pela maneira como ela foi retratada na série “Inventando Anna”. Nesta segunda-feira (29), ela entrou com uma ação por difamação contra o streaming em um tribunal distrital dos Estados Unidos.
“Esta ação mostrará que a Netflix tomou uma decisão deliberada para fins dramáticos para mostrar Williams fazendo ou dizendo coisas na série que a retratam como uma pessoa gananciosa, esnobe, desleal, desonesta, covarde, manipuladora e oportunista”, disse o processo, em documentos obtidos pelo portal Daily Mail.
Na ação, a ex-funcionária da Vanity Fair afirmou que foi conscientemente retratada na série como uma “pessoa vil e desprezível”, o que, segundo ela, causou vários prejuízos à sua vida pessoal, como: “torrente de abuso online, interações negativas presenciais e caracterizações pejorativas direcionadas a Williams”.
Após a sua história com Anna Delvey ser retratada na série da Netflix, agora a jornalista busca indenização por “danos reais e presumidos”, bem como danos punitivos, alívio cautelar e, até mesmo, uma ordem de restrição e ação exigindo que a plataforma delete todas as cenas “difamatórias” da produção. Eita!
No processo, Williams buscou refutar a maneira como sua personagem, interpretada pela atriz Katie Lowes, foi retratada na série. Entre as cenas que ela alegou serem caluniosas, estão: quando ela faz comentários negativos sobre a melhor amiga de Anna, Neff Davis, e os episódios em que Rachel abandonou a protagonista no Marrocos quando ela estava em apuros, fugiu quando ela não podia mais pagar pelas coisas e mentiu sobre ajudar a polícia a prender Sorokin.
A ação, aberta no Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o Distrito de Delaware, diz que: “Na realidade, ela nunca fez ou disse essas coisas. Assim, esta ação baseia-se firmemente em declarações de fato, que são demonstradamente falsas e na atribuição de declarações que ela nunca fez”.
A jornalista alegou que a Netflix retratou a golpista Anna Sorokin com simpatia: “Ignorando ou minimizando a natureza real de suas ações, que foram desonestas, egoístas, prejudiciais aos outros e condenados ao fracasso”. Além disso, ela apontou que a sua personagem, Rachel, foi representada de maneira pejorativa. “Como um contrapeso ao seu retrato excessivamente simpático de Sorokin, a Netflix tomou uma decisão consciente de retratar Williams negativamente”, pontuou o documento.
Por fim, a ação ainda argumentou que a identificação da personagem de Williams não foi alterada ou ocultada como alguns dos outros personagens da série. O processo defendeu que a Netflix deu nomes fictícios a muitos dos protagonistas da vida real que aparecem na série, mas não atribuiu à Williams a mesma proteção.
“Dada a alternativa fácil de protegê-la usando um nome fictício, a decisão de usar seu nome real evidencia a intenção da Netflix de prejudicar sua reputação, justificando assim a imposição de danos punitivos, especialmente se a Netflix tomou essa decisão porque Williams havia vendido seus direitos ao projeto rival Sorokin que está sendo desenvolvido pela HBO”, concluíram os advogados de Williams.
Em 2018, Rachel, de 34 anos, chegou a escrever sobre suas experiências como a amiga da falsa herdeira alemã, em um artigo para a Vanity Fair. No texto, ela explicou como Sorokin forjou sua identidade e a fez perder mais de US$ 60 mil, quando pagou uma estadia em um hotel luxuoso no Marrocos para as duas. Mais tarde, Anna foi considerada inocente de convencer a jornalista a pagar o hotel.
Williams, no entanto, escreveu o livro “My Friend Anna: The True Story of a Fake Heiress”, que foi publicado em 2019. Em seguida, ela assinou um contrato com a HBO para criar um projeto baseado em suas experiências e no seu lado da história. Por isso, no processo, os advogados supõem que a representação da personagem na série foi uma retaliação por vender sua história para o streaming rival.
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