Desde seu lançamento em 21 de setembro, “Dahmer: Um Canibal Americano“, de Ryan Murphy, tem dividido o público e os familiares das vítimas do serial killer. Em meio à repercussão (em boa parte negativa), uma assistente de produção da série se abriu sobre o racismo que enfrentou no set de filmagens.
No mês passado, Kim Alsup compartilhou, em sua página no Twitter, que foi “tratada horrivelmente” durante as gravações da produção estrelada por Evan Peters. “Eu trabalhei neste projeto e eu era uma de duas pessoas negras na equipe e eles ficavam me chamando pelo nome da outra”, escreveu ela.
O desabafo continuou com Alsup ressaltando as diferenças entre ela e a colega de trabalho. “Nós duas tínhamos tranças. Ela era de pele escura e tinha 1,77 de altura. Eu tenho 1,65. Trabalhar nisso levou tudo o que eu tinha, pois fui tratada horrivelmente. Eu olho para a protagonista negra de forma diferente agora também”, acrescentou. Desde o ocorrido, Kim colocou sua conta no modo privado.
Mesmo assim, suas publicações chamaram a atenção da imprensa internacional e a assistente de produção voltou a falar sobre o assunto, em entrevista ao Los Angeles Times. Ao veículo, Alsup confessou que ainda não conseguiu assistir à série devido às memórias horríveis que acumula do trabalho. “Eu não quero ter esses tipos de situações de estresse pós-traumático”, disse ela. “O próprio trailer me causou traumas, e é por isso que acabei escrevendo aquele tuíte e não achei que alguém fosse ler”, admitiu.
Além de classificar a produção da Netflix como uma das “piores séries em que já trabalhou como uma pessoa negra”, Kim apontou que não havia coordenadores de saúde mental presentes durante as gravações. “Eu estava sempre sendo chamada pelo nome de outra pessoa, a única outra garota negra que não se parecia em nada comigo, e aprendi os nomes de 300 figurantes de fundo”, lamentou.
Alsup afirmou que o tratamento que recebeu só melhorou a partir do sexto episódio, que foi escrito por uma mulher negra (Janet Mock) e dirigido por um homem negro (Paris Barclay), embora tenha acrescentado que a experiência foi, no geral, “exaustiva”.
A assistente não foi a única a condenar a produção baseada em casos reais. Em um artigo para o site Insider, Rita Isbell – que é irmã de Errol Lindsey, uma das 17 vítimas de Dahmer – escreveu que “nunca foi contatada sobre a série” antes de seu lançamento, embora a trama tenha recriado em detalhes seu emocionante depoimento durante o julgamento de Jeffrey, em 1992.
Até o momento, a Netflix não se pronunciou sobre as acusações.
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