Isabel Salgado, grande estrela do vôlei brasileiro, faleceu nesta quarta-feira (16), aos 62 anos. A esportista foi vítima da síndrome aguda respiratória do adulto (SARA). Após a triste notícia, sua amiga de infância e parceira no esporte, Jackie Silva, revelou detalhes da última conversa com a jogadora. Jaqueline foi às lágrimas ao contar esse último contato e relembrar a trajetória das duas no campo profissional bem como no pessoal.
Em entrevista ao jornal “O Globo”, Jackie mencionou que tentou falar com Isabel na última segunda-feira (14), mas a amiga não a atendeu. Era o início da condição médica que resultou na morte da lenda do esporte. “Em seguida [da ligação não atendida] a Isabel mandou mensagem de texto dizendo que estava muito gripada e que me ligava quando melhorasse”, lembrou Silva. “Não esperava acordar com uma notícia devastadora dessas”, completou ela, em lágrimas.
Jackie conheceu Isabel aos 9 anos, quando estudaram juntas na escola Notre Dame, em Ipanema, no Rio de Janeiro. Desde então, elas seguiram não só como amigas, bem como parceiras no esporte. “Ainda éramos crianças… Começamos juntas no vôlei, jogamos em todas as categorias da seleção e como dupla no vôlei de praia. Foi minha grande amiga, uma pessoa que nunca contei que fosse perder, porque sempre foi tão presente, com uma força absurda personificada nela. Tinha muita força nela. Ela era um mulherão. Jogou vôlei no mais alto nível”, declarou.
As duas atletas representaram o Brasil em competições de alto nível, como os Jogos Olímpicos de Moscou (1980) e Pequim (1984). Para Jackie, Isabel também teve papel muito importante para a profissionalização do vôlei no país. “Juntas a gente passou por muita coisa. Vivemos a época amadora e depois a transformação para o profissional. Nós nos transformamos junto também. Essa mudança permeou nossas carreiras. E ela era meu espelho, em quem mirava. Porque ela ia, fazia e tudo dava certo. Isabel era forte, falava o que pensava e por isso eu a admirava demais”, afirmou.
Mesmo sem Isabel ter ganhado nenhum título mundial ou olímpico em sua carreira, Jackie endossa sua importância no esporte, bem como sua “pompa de campeã de tudo, olímpica e mundial”. “Representa mais do que muitas atletas que tiveram estas conquistas. Porque era Isabel. Tinha marca de uma campeã, era atleta forte, foi além de medalhas. É bom falar dela porque as pessoas precisam ter a dimensão de quem foi Isabel Salgado e o que ela representou para o esporte brasileiro”, mencionou. “Sinto uma tristeza profunda de saber que não poderei conversar mais com ela. Isabel era companheira e amiga mesmo. Bom papo… Falávamos sobre tudo. Isabel foi uma matriarca, mãezona e que tem uma família tão linda quanto ela”, concluiu.
Isabel Salgado estava internada no hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Na segunda-feira (14), como relatado por Jackie, a ex-atleta já não estava bem. Nesta terça (15), a esportista foi diagnosticada com uma bactéria no pulmão, e veio a óbito na madrugada de hoje. Considerada a primeira estrela do vôlei feminino brasileiro, Isabel começou a carreira ainda na juventude. Aos 16 anos, já era titular do Flamengo e logo chegou à seleção brasileira. Salgado também foi a primeira mulher brasileira a jogar profissionalmente no exterior.
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Depois de contribuir para a profissionalização do vôlei no Brasil, Isabel abriu portas para o desenvolvimento do vôlei de praia no país. Enquanto a modalidade chegava ao programa olímpico, ela foi pioneira ao participar do Circuito Mundial, e chegou a ganhar uma etapa em Miami, em 1994, com Roseli. Três dos cinco filhos de Isabel seguiram carreira no vôlei de praia: Carol Solberg, favorita para as Olimpíadas de Paris e um dos maiores nomes do esporte no país atualmente; Pedro, que ganhou medalha de bronze no Mundial de 2015 e foi campeão do Circuito Mundial em 2008; e Maria Clara, que já se aposentou, mas levou três medalhas em Mundiais de Base.
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