Jovem descobre doença rara ao ficar com rosto muito inchado após preenchimento labial; veja fotos

Após o procedimento estético, o rosto inteiro de Pamela Andrade ficou inchado e só voltou ao normal depois de oito dias

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A empresária Pamela Andrade, de 23 anos, realizou um preenchimento labial com ácido hialurônico. Após o procedimento, a jovem sofreu um inchaço incomum na boca, no rosto, nos olhos e achou que os sintomas fossem efeito colateral da substância. Porém, ao investigar, ela descobriu ser portadora de uma doença genética rara.

O primeiro sinal começou com na parte superior dos lábios, que ficou com um forte inchaço, e depois atingiu toda a face. Para a surpresa da empresária, os sintomas ocorreram devido ao angioedema hereditário, uma doença genética rara que, por muitos anos, foi erroneamente diagnosticada pelos médicos e atribuída a alimentos. “Eu voltei na hora para clínica e não relacionei com a doença. Achei que tinha ocorrido algo errado“, contou Andrade, em entrevista à BBC News Brasil.

É normal inchar, mas não daquele jeito. Me levaram ao hospital, tiraram fotos e nunca tinha acontecido nada daquela forma. Fiquei tomando soro e cheguei a ouvir do médico que era alergia ao ácido hialurônico. Tomei um antialérgico e fiquei esperando“, detalhou. Pamela revelou que, mesmo com as medicações, o inchaço não passou, e o seu rosto só voltou ao normal depois de quase oito dias. 

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A região da face ficou tão inchada que, ao contar a história em seu perfil no TikTok, alguns usuários pensaram que as imagens da reação eram montagem. Ao publicar o relato na rede social, Pamela recebeu comentários de outras pessoas que, provavelmente, também sofrem com o problema, mas que ainda não foram diagnosticadas corretamente. O vídeo tem pouco mais de 4,4 milhões de visualizações, 534 mil curtidas e 17 mil comentários. Assista:

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Por muitos anos, a jovem acreditou que as crises de inchaço pelo corpo eram ocasionadas por alimentos. Ela contou que uma vez comeu pipoca com bacon, e seu rosto e mãos ficaram muito inchados. Assim, ela relacionou a reação à comida. Os primeiros sinais começaram na adolescência e, aos 17 anos, ela chegou a ir para o hospital. “Uma vez ficou bem feia a alergia, mas sempre foi tratada como algo alimentar. Aplicavam corticoide, mas não dava resultado“, lembrou.

Andrade explicou que os inchaços eram sempre tratados como alergia alimentar, mesmo em ocasiões mais distintas. “Estava mexendo no celular, caía e batia na boca, por exemplo, aí desencadeava uma crise. Mas sempre que ia ao médico, era tratado como uma alergia alimentar“, afirmou. Ela relatou que chegava até a vomitar por conta da doença: “Minha mão já chegou a inchar e, posteriormente, o intestino inchou também. Parecia uma gastrite e eu vomitava bastante“.

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Pamela Andrade teve um inchaço incomum após o preenchimento labial. (Foto: Arquivo Pessoal/ Reprodução; BBC News)

Dessa forma, Pamela começou a suspeitar que não se tratava somente de uma reação alérgica à comida. Após o preenchimento labial traumático, a jovem resolveu investigar mais a fundo. A empresária decidiu consultar um alergologista e contou que foi necessário fazer um exame raro de sangue, o qual um único laboratório fazia. 

Após um primeiro resultado inconclusivo, no segundo exame foi constatado que ela sofria com angioedema hereditário. Apesar de ser uma doença genética hereditária, os pais de Pamela não sofriam com o problema, mas ela acredita que herdou a condição da tia, que também sofria com inchaços quando estava viva.

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O inchaço após o procedimento demorou quase oito dias para passar. (Foto: Arquivo Pessoal/ Reprodução; BBC News)

Na época do diagnóstico, o medicamento para tratar a condição custava cerca de R$ 8 mil e era preciso acionar a Justiça para realizar a compra. Mas a médica encaminhou a jovem para o ginecologista, pois o anticoncepcional poderia ser um dos fatores a desencadear as crises alérgicas. “Eu tomava desde os 15 anos, pois tenho ovário policístico. O médico me fez parar os métodos com estrogênio. Tomava pílula só com progesterona“, disse.

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Anos atrás, quando substituiu a composição de sua pílula anticoncepcional, ela parou de ter os sintomas alérgicos. “O anticoncepcional era como um gatilho para as crises“, explicou. Depois de investigar muito, Andrade descobriu que o motivo do inchaço extremo após o preenchimento labial foi, na verdade, a agulha usada no procedimento. “Não foi o ácido hialurônico, mas sim a agulha“, revelou. 

@pamelaandrade80 #fy #angeodemahereditario ♬ Myself – Bazzi

Desde então, a empresária compartilhou os vídeos em seu perfil no TikTok, na intenção de alertar outras pessoas a procurarem o diagnóstico precoce e utilizar o tratamento correto. “Se eu tivesse sido tratada corretamente não teria tomado tantos corticoides, adrenalina e poderia ter descoberto que era o anticoncepcional que causava o problema e evitado muitas crises“, destacou. Veja:

@pamelaandrade80 PARTE 2 #ANGEODEMAHEREDITARIO #DOENÇARARA #fy ♬ Dominique – Singing Nun

Atualmente, Pamela já está há algum tempo sem nenhuma crise e celebrou a descoberta da doença, mesmo que depois de muitos sustos: “Tenho uma vida totalmente normal e não tive mais nenhum inchaço“. 

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Por muito tempo Pamela sofreu com as reações, sem saber a condição rara que era portadora. (Foto: Arquivo Pessoal/ Reprodução; BBC News)

A condição da jovem, o angioedema hereditário, é uma doença genética rara que atinge 1 em cada 50 mil pessoas. Os principais sintomas são ataques de inchaços deformantes. “Acomete principalmente o rosto, mas também pode atingir as extremidades como mãos e pés, deixando-os bem assimétricos. Pode ainda atacar a genital e pegar a via respiratória como língua, laringe e provocar um edema de glote. Também pode ter edemas nas alças intestinais, provocando dores abdominais“, explicou Marcelo Aun, professor de Imunologia da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein, à BBC.

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