Em sua biografia bombástica, intitulada “Spare“, o príncipe Harry revelou que teria matado 25 pessoas durante suas missões pelo Exército Britânico no Afeganistão. No trecho obtido pelo Daily Telegraph, o duque de Sussex afirmou que considerou as vítimas como “peças de xadrez removidas”. Após a repercussão, o representante do governo Talibã e o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Afeganistão se manifestaram sobre o assunto e criticaram o príncipe.
“Não foi uma estatística que me encheu de orgulho, mas também não me deixou envergonhado”, escreveu Harry, de acordo com a versão em espanhol do livro. “Quando me vi mergulhado no calor e na confusão do combate, não pensei naqueles 25 como pessoas. Eram peças de xadrez removidas do tabuleiro, pessoas más eliminadas antes que pudessem matar pessoas boas”, completou.
As revelações recentes foram notadas pelos líderes do Talibã, que repudiaram a fala. “Eles não eram peças de xadrez, eram humanos; eles tinham famílias que estavam esperando pelo retorno. Entre os assassinos de afegãos, muitos não têm sua decência de confessar seus crimes de guerra”, afirmou Anas Haqqani.
“As confissões recentes do príncipe Harry, que matou brutalmente 25 de nossos homens durante sua missão no Afeganistão, mostram que esses crimes não estão limitados a Harry, mas a todos que ocupam nosso país. É triste que os países ocidentais se considerem defensores dos direitos humanos, mas essa é a realidade de seus atos. O Afeganistão, como nação muçulmana, não vai esquecer desses atos e sempre defenderá sua terra”, continuou.
No livro, previsto para ser lançado mundialmente em 10 de janeiro, Harry relata as duas passagens pelo Afeganistão, uma como controlador aéreo avançado e a segunda como co-piloto artilheiro em helicópteros de ataque Apache. O grupo extremista Talibã governa o país desde um golpe em 2021.
Abdul Qahar Balkhi, Ministro das Relações Exteriores do Afeganistão, também criticou o relato do príncipe. “A ocupação ocidental do Afeganistão é realmente um momento odioso na história da humanidade, e os comentários do príncipe Harry são um microcosmo do trauma vivido pelos afegãos nas mãos das forças de ocupação que assassinaram inocentes sem qualquer responsabilidade”, disse.
A obra “Spare” é apresentada como uma “publicação marcante cheia de insights, revelações, auto-avaliação e sabedoria conquistada com muito esforço sobre o poder eterno do amor sobre a dor”. O livro de memórias do príncipe vem logo após a série documental de Harry e Meghan Markle na Netflix, “Harry & Meghan“, que retratou sua história de amor e a renúncia como membros da realeza.