Três pessoas da mesma família foram internadas em estado grave após consumirem uma torta de frango adquirida em uma padaria no bairro Serrano, em Belo Horizonte, Minas Gerais. O caso, ocorrido no início desta semana, resultou na interdição do estabelecimento pela Vigilância Sanitária e na abertura de investigação por suspeita de envenenamento ou intoxicação alimentar.
As vítimas, Cleuza Maria de Jesus Dias, de 75 anos, a sobrinha dela, Fernanda Isabella de Morais Nogueira, de 23, e o namorado da jovem, José Vitor Carrilho Reis, de 24, apresentaram sintomas após ingerirem a torta e uma empada compradas no local. Segundo relato dos familiares ao g1, o casal percebeu um gosto azedo no alimento e retornou à padaria para relatar o problema. Os funcionários, ao constatarem o cheiro e aspecto inadequados, devolveram o dinheiro.
Horas depois, o casal passou mal e foi hospitalizado em Sete Lagoas, cidade onde reside. Ambos foram encaminhados à UTI e estão entubados. A idosa, que permaneceu em Belo Horizonte, também apresentou sintomas graves, chegou a desmaiar e foi levada a uma UTI na capital. As autoridades de saúde trabalham com duas possibilidades: envenenamento por substâncias químicas ou intoxicação por toxina botulínica. Os laudos periciais ainda não foram concluídos.

A padaria, identificada como Padaria Natália, foi interditada pela Vigilância Sanitária de Belo Horizonte na quarta-feira (23). Segundo a prefeitura, o estabelecimento não possuía alvará sanitário nem cadastro ativo para obtenção do documento, além de apresentar problemas de higiene e estrutura. Já o proprietário, ouvido pela TV Globo, afirmou que possui alvará sanitário, mas admitiu não ter o certificado dos bombeiros.
O dono do estabelecimento, que não teve o nome revelado, responsabilizou o padeiro pelo possível envenenamento. Ele alegou que o funcionário, contratado como freelancer, poderia ter tentado envenenar uma torta destinada à própria família, mas confundido com a que foi vendida às vítimas. O padeiro, que se apresentou voluntariamente à Polícia Civil, negou a acusação e afirmou que tem “a consciência limpa”. Segundo ele, a contaminação poderia ter ocorrido por más condições de armazenamento.
Em entrevista à Band Minas, o profissional relatou que carnes cruas, sobras de alimentos e outros produtos eram mantidos no mesmo freezer, que, segundo ele, estava incrustado de gelo e raramente era limpo. “No frango e no recheio não tem nada. Se tiver alguma coisa, vai ser a própria contaminação do alimento com outros alimentos”, disse. Ele entregou um pedaço de torta levado para casa no fim de semana, que será analisado pela perícia.

Enquanto os laudos não são finalizados, o inquérito policial segue aberto. O padeiro, o dono da padaria e a esposa do padeiro prestaram depoimento e foram liberados. A padaria segue interditada, e o foco agora está nos exames laboratoriais que poderão confirmar a origem da contaminação, seja ela por falha sanitária, intoxicação acidental ou ato intencional.
As vítimas permanecem internadas em estado grave, e o caso continua a ser acompanhado pelas autoridades de saúde e segurança de Minas Gerais.
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