6 pacientes transplantados testam positivo para HIV após receberem órgãos infectados no RJ, em caso sem precedentes no Brasil

Segundo o órgão público, o incidente nunca aconteceu na história do serviço

Seis pessoas que estavam na fila do transplante da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) receberam órgãos infectados pelo HIV. Segundo a BandNews FM, nesta sexta-feira (11), eles agora testaram positivo para o vírus.

As informações também foram confirmadas pela SES-RJ à TV Globo e ao g1. Segundo o órgão público, o incidente é considerado inédito na história do serviço, e será investigado pelo Ministério da Saúde e pela Polícia Civil do estado. “Esta é uma situação sem precedentes. O serviço de transplantes no Estado do Rio de Janeiro sempre realizou um trabalho de excelência e, desde 2006, salvou as vidas de mais de 16 mil pessoas“, declarou.

De acordo com o governo do Rio, o erro foi do PCS Lab Saleme, uma unidade privada de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, contratada pela SES-RJ em dezembro do ano passado. A contratação foi feita em um processo de licitação emergencial no valor de R$ 11 milhões, para fazer a sorologia de órgãos doados, segundo o g1.

A situação foi descoberta no dia 10 de setembro, quando um paciente transplantado foi ao hospital com sintomas neurológicos e teve o resultado para HIV positivo. Ele, que recebeu um coração no fim de janeiro, não tinha o vírus antes. Desde então, a polícia refez todo o processo e chegou a 2 exames feitos pelo PCS Lab Saleme.

A primeira coleta foi feita no dia 23 de janeiro deste ano. Os órgãos doados foram rins, fígado, coração e a córnea. Segundo o laboratório, todos eles deram não reagentes para HIV. Sempre que um órgão é doado, uma amostra é guardada. A partir disso, a SES-RJ fez uma contraprova do material e identificou o vírus.

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Em meio a esse processo, demais receptores foram rastreados e confirmou-se que cada um deles recebeu 1 rim positivo para o HIV. A receptora da córnea, que não é tão vascularizada, deu negativo. A outra que recebeu o fígado morreu pouco depois do transplante, entretanto, o quadro já era considerado grave e a morte não teria relação com o vírus.

No dia 3 de outubro, mais um transplantado apresentou sintomas neurológicos e testou positivo para HIV. A pessoa também não apresentava o vírus antes da cirurgia. Com o cruzamento dos dados, outro exame errado foi descoberto, o de uma doadora no dia 25 de maio deste ano.

O que diz a SES-RJ

Ao g1, a secretária estadual de Saúde, Cláudia Mello, afirmou que a primeira ação tomada foi de transferir todos os exames de sorologia dos doadores do PCS Lab Saleme para o Hemorio, uma unidade de saúde estadual. “Então, a partir do dia 13 de setembro, toda a doação é passada direto das doações para o Hemorio“, informou Cláudia. O departamento também fará um novo teste do material armazenado de 286 doadores.

A Coordenadora Estadual de Transplantes e a Vigilância Sanitária Estadual interditaram o laboratório. O caso será investigado pela Delegacia do Consumidor (Decon) da Polícia Civil. O Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) também abriu uma sindicância sobre o ocorrido.

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