Absurdo! Equipe de jornalismo é atacada, e repórter é chamada de “macaca” por funcionário público; entenda o caso

Meu Deus, que absurdo! Mais um caso de racismo ganhou repercussão na mídia nesta sexta-feira (25), quando a jornalista Julie Alves, da Rede CNT, foi chamada de “macaca” enquanto trabalhava. Ela e o cinegrafista Vangelis Floyd gravavam uma reportagem quando foram abordados com agressividade por um funcionário público da área da saúde do município de Japeri, na região metropolitana do Rio de Janeiro.

De acordo com o Uol, que entrevistou Julie e teve acesso às gravações do ataque, a dupla produzia uma matéria para o programa “Fala Baixada”, discutindo sobre o lixão que fica ao lado do Posto de Saúde Mucujá. No entanto, os dois profissionais foram surpreendidos com a abordagem descontrolada de um dos diretores da unidade. “Nós já estávamos terminando de produzir o material, o cinegrafista já tinha até desligado a câmera, quando chegou esse homem. Ele começou a gritar com palavrões ‘p*rr*, c*ral*ho, quem mandou vocês gravarem aqui?'”, relembrou a jornalista.

Alves rebateu o homem afirmando que não precisava de liberação para filmar ali, e que conhecia seus direitos. Foi mais que o suficiente para o diretor começar a despejar todo seu preconceito. “Foi aí que ele falou ‘sabe do seu direito o que, macaca?’. Logo em seguida, o cinegrafista questionou o modo como ele me tratou e o homem o mandou calar a boca e o chamou de gordo”, contou a repórter.

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Não bastasse a injuria racial, o funcionário público tentou agredir o rosto de Julie quando descobriu que ele estava sendo filmado pela equipe. “Quando ele percebeu, veio na minha direção para bater no meu rosto. O cinegrafista foi me proteger. O homem acabou batendo na minha mão e meu microfone caiu. Ele foi então em direção ao cinegrafista e deu um chute nele. Algumas pessoas que estavam no local foram segurá-lo”, detalhou para o Uol.

Julie Alves também trabalha como repórter na Rede TV. Foto: Reprodução/Instagram

O episódio deixou tanto Vangelis quanto Julie impactados, sendo necessário que eles fossem atendidos no posto de saúde. Em seguida, eles procuraram uma delegacia para registrar o boletim de ocorrência. “Nunca passei por isso, nunca imaginei passar por isso, só queria fazer meu trabalho e eu ainda estou chateada e triste. Uma situação muito desagradável. Ele é preto, eu sou preta, e partir de um preto uma atitude dessas, e tão truculenta, me deixou muito mais indignada”, disse.

A secretária municipal de Saúde de Japeri, Rosilene Moraes, conversou com o Uol e afirmou que o diretor do posto de saúde foi exonerado no mesmo dia. “Ele agiu por conta própria e deve responder por seus atos se assim for determinado. Da minha parte, da equipe e do prefeito só resta pedir desculpas e exonerar o servidor, fato que já fizemos ontem mesmo”, revelou.

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Flávio Ferreira, delegado designado para acompanhar o caso, também concedeu uma entrevista para o site de notícias. Segundo ele, o homem que agrediu a dupla pode pegar mais de quatro anos de prisão, por injúria qualificada, ameaça e lesão corporal. “O caso foi registrado ontem, ela [Julie] foi ouvida e foi encaminhada para o IML (Instituto Médico Legal). Futuramente ele e demais testemunhas serão chamados para prestar depoimento. Vou ver se há imagens do cinegrafista e vamos pedir as do [circuito interno do] próprio posto”, explicou.