Advogada desaparece em Petrópolis, família paga resgate milionário e se choca com reviravolta descoberta pela polícia

Três meses após o suposto sequestro, a advogada e esposa de herdeiro do RJ segue desaparecida

Neste domingo (19), foi ao ar no “Fantástico”, uma reportagem em torno do sequestro de Anic de Almeida Peixoto Herdy, advogada casada com o herdeiro de uma fortuna no Rio de Janeiro.

Segundo as investigações, Anic foi vista pela última vez em 29 de fevereiro, por volta da 11h08 da manhã, dentro de um carro preto no estacionamento de um shopping em Petrópolis, na Região Serrana do Rio. Cerca de vinte minutos depois, ela aparece na praça de alimentação, enquanto fala ao celular.

Câmeras de segurança filmaram enquanto a mulher caminha por um corredor em direção à saída do estabelecimento. Já fora do shopping, ela passa por uma calçada e atravessa a rua. Esta é a última imagem de Anic, que não foi vista desde então.

Anic não é vista há três meses. (Foto: Reprodução/TV Globo)

Horas após o desaparecimento, o marido de Anic recebeu o aviso de que ela havia sido sequestrada. Por meio do celular da vítima, foram enviadas mensagens em tom de ameaça, além de um pedido de resgate no valor de R$ 4,6 milhões.

A quantia, extremamente específica, despertou um alerta nos investigadores, pois revelou que os criminosos estavam cientes de que o marido de Anic, Benjamin Cordeiro Herdy, tinha boa condição financeira. O homem, de 78 anos, é herdeiro de um grupo que administrou universidades no Rio de Janeiro.

Nos dias que sucederam o sequestro, os criminosos continuaram a troca de mensagens. Em 1º de março, os supostos sequestradores orientaram Benjamin a buscar o carro dela no shopping no qual ela desapareceu. Eles também indicaram que ele deveria pedir ajuda a um homem identificado como “Gordo”, um dos apelidos de Lourival Correa Netto Fadiga, também conhecido como Fatica.

O homem era conhecido da família e convivia com Benjamin e Anic há pelo menos 3 anos. Ele foi apresentado por um enteado que namorava a filha do casal e, desde então, fazia serviços de informática para a família.

Ele se infiltrou no círculo de amigos, ganhando ainda mais confiança ao se dizer policial federal – o que não é verdade. “O Lourival convencia todos. Todos acreditavam que ele era, sim, policial federal. Isso fazia com que ele tivesse confiança da família em todos os aspectos”, relatou a delegada Cristiana Onorato Miguel, responsável pelo caso.

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Ao longo das negociações com os supostos sequestradores, Lourival acompanhou Benjamin. Ele até mesmo foi responsável por orquestrar a operação financeira para pagar o resgate de R$4,6 milhões.

À polícia, o marido de Anic revelou que foi ordenado pelos sequestradores a se dirigir a um shopping na Zona Oeste do Rio, onde a mulher seria liberada. Lourival, por sua vez, disse que levou a quantia do resgate para o Terreirão, favela também na Zona Oeste. Lá, ele teria deixado o pacote com o dinheiro numa lixeira. Todavia, mesmo após o pagamento do resgate, Anic não reapareceu.

Cerca de uma hora após o pagamento, Benjamin recebeu uma mensagem de texto, supostamente escrita pela esposa, revelando uma “reviravolta”. Segundo o recado, o sequestro seria uma “trama” para encobrir sua fuga com um amante. Dois dias depois, outra mensagem também supostamente de Anic, esta enviada aos filhos do casal, informava que a advogada havia deixado o Brasil com uma pessoa, com a qual pretendia passar o resto da vida.

O texto despertou desconfiança na filha do casal, que então gravou uma conversa entre ela, o pai, Benjamin, e Lourival, questionando os motivos pelos quais a polícia ainda não havia sido avisada. A justificava não lhe convenceu e ela então procurou as autoridades, 14 dias após o sequestro.

Anic foi vista pela última vez em shopping no Rio de Janeiro. (Foto: Reprodução/TV Globo)

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Investigação

Após a denúncia, a polícia teve acesso aos celulares de todos os envolvidos, bem como o histórico da localização de cada um. Assim, eles puderem reconstituir passo a passo o que teria acontecido e acabaram desvendando a verdade chocante: o sequestrador estava ao lado da família o tempo todo. “O Lourival acreditava que tinha feito o crime perfeito”, detalhou a delegada.

De acordo com a reconstituição, no dia do pagamento do resgate, Lourival não levou os R$ 680 mil até a favela. Ele foi, na verdade, até uma concessionária na Barra da Tijuca. Lá, o amigo da família adquiriu uma caminhonete por R$ 500 mil e uma motocicleta por R$ 30 mil. Ele teria sido o responsável, também, por dizer a Benjamin quais contas bancárias deveriam receber o pagamento.

Com a quantia do resgate, Lourival ainda comprou comprou 950 celulares por US$ 153 mil, o equivalente a R$ 785 mil. Os aparelhos foram destinados ao abastecimento do estoque da loja de produtos de informática de sua família. Além do falso policial, seus filhos também participaram do esquema, apontou a polícia.

Lourival foi preso em 20 de março, em Teresópolis, junto aos filhos e à amante, Rebecca Azevedo dos Santos. Eles são réus por extorsão mediante sequestro. Ao dominical, a defesa afirmou que os fatos investigados são “meramente especulativos e baseados em suposições”. Os advogados afirmam, ainda, que a acusação contra Lourival não foi “formalmente notificada”.

Já o advogado dos filhos afirmou que “está trabalhando para que tudo seja esclarecido”. A defesa de Rebecca, por sua vez, disse se preocupar com a maneira como a prisão foi decretada e reforçou que confia que a inocência dela será comprovada.

Benjamin e os filhos se pronunciaram por meio dos advogados, destacando que eles ainda esperam encontrar Anic com vida. Até hoje, ela não foi localizada. Assista à íntegra:

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