Amigo de motorista de Porsche está entubado e em coma induzido; namoradas tentaram intervir antes de acidente

Marcus Vinicius Machado Rocha estava no banco do carona, em carro conduzido por Fernando Sastre de Andrade Filho. A colisão culminou na morte de Ornaldo da Silva Viana, que trabalhava como motorista de aplicativo

Acidente SP

Marcus Vinicius Machado Rocha, amigo do motorista do Porsche que causou um acidente no último domingo (31), na Zona Leste de São Paulo, está entubado e em coma induzido na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital São Luiz Anália. Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos, conduzia o carro de luxo que colidiu contra um Sandero e matou o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos.

Segundo o portal g1, Marcus estava sentado no banco do carona do Porsche azul 911 Carrera GTS, ano 2023, avaliado em mais de R$ 1 milhão. De acordo com testemunhas, os três envolvidos no acidente usavam cinto de segurança. O jovem de 22 anos quebrou quatro costelas e precisou retirar o baço numa cirurgia. Seu estado de saúde ainda apresenta riscos e, por isso, não há previsão de alta.

Depoimentos

Em depoimento no 30º Distrito Policial, a namorada de Marcus contou que eles, Fernando e sua namorada beberam “alguns drinks” em um restaurante. Depois, foram no Porsche e em outro carro para uma casa de pôquer com “open bar”. Câmeras de segurança registraram a chegada e a saída do grupo do estabelecimento. Fernando, então, teria discutido com a namorada, que não queria deixá-lo dirigir porque ele estava “alterado”.

Marcus se ofereceu para conduzir o Porsche do amigo, que recusou. Ele, então, foi de carona com o empresário no veículo, enquanto suas namoradas seguiram em outro automóvel. A jovem contou, ainda, que Fernando acelerou o carro em determinado momento e, quando ela ligou para Marcus, descobriu que eles tinham se envolvido em um acidente. A colisão aconteceu por volta das 2h20 na Avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé. As namoradas foram para o local em seguida.

Outras duas testemunhas ouvidas pela Polícia Civil afirmaram que Fernando Sastre de Andrade Filho dirigia em alta velocidade e apresentava sinais de embriaguez. Um homem e uma mulher que presenciaram a cena prestaram depoimento nesta terça-feira (2).

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo também divulgou que o rapaz havia recuperado a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) 12 dias antes do acidente. O documento foi suspenso em 5 de outubro de 2023, após estourar o limite de multas permitidos. Entre as infrações que levaram à “suspensão do direito de dirigir” por pouco mais de cinco meses, está ao menos uma multa por excesso de velocidade.

Por causa da suspensão, Fernando foi obrigado a passar por uma “reciclagem para infratores”. Ele fez o curso entre 7 e 16 de novembro de 2023. Em 19 de março de 2024, ele recuperou a CNH e o direito de voltar a dirigir.

Continua depois da Publicidade

O motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana chegou a ser socorrido pelo Corpo de Bombeiros em parada cardiorrespiratória, mas não resistiu aos ferimentos e morreu ao dar entrada no Hospital Municipal do Tatuapé com traumatismos múltiplos.

O condutor do Porsche foi indiciado por homicídio por dolo eventual, quando se assume o risco de matar, lesão corporal e fuga do local do acidente. Para as autoridades, ele negou que tivesse bebido ou fugido. O jovem afirmou, porém, que estava “um pouco acimado limite” de velocidade para a avenida, mas não soube informar o número exato. O limite no local é de 50 km/h.

Ao portal g1, os advogados de defesa alegaram que Fernando não fugiu e apontaram que ele foi liberado pelos policiais para ser encaminhado ao hospital. Eles argumentaram que o rapaz se apresentou de forma espontânea, mesmo após 38 horas, e que pretende colaborar com a investigação e prestar solidariedade à família da vítima.

Em nota, a SSP disse que a “Polícia Militar instaurou uma investigação preliminar para apurar a conduta dos policiais durante a ocorrência”, já que o teste do bafômetro deveria ter sido feito imediatamente. A Ouvidoria da Polícia pediu as imagens das câmeras corporais dos agentes que atenderam a ocorrência para serem analisadas.

O pedido de prisão temporária do motorista da Porsche foi negado pela Justiça de São Paulo, que alegou que “faltaram evidências”. Saiba detalhes, clicando aqui.

Siga a Hugo Gloss no Google News e acompanhe nossos destaques