Após empresário confessar ter enterrado corpo de menina de 16 anos, ele diz que agiu “por desespero” e aponta como conheceu adolescente

Giovana desapareceu em dezembro de 2023

O empresário Gilson Luís Menegildo, de 45 anos, está sendo investigado ela morte da adolescente Giovana Pereira, de 16 anos. Em entrevista à TV TEM, o investigador do caso, Ericson Salles, afirmou que os dois se conheceram em um aplicativo há cerca de 15 meses.

De acordo com a investigação, após se encontraram ao vivo pela primeira vez, eles continuaram mantendo contato online. A jovem pediu um emprego ao empresário, que orientou Giovanna a levar o currículo para que ele pudesse “analisar”.

Nesta mesma ocasião, Gleison voltou a encontrar Giovana pessoalmente, na sede da empresa dele, em São José do Rio Preto. Foi lá, também, que a jovem veio a óbito.

Gilson alegou, em depoimento, que, após conversarem sobre a possibilidade de contratação, ele saiu para comprar bebidas. Ao retornar, teria encontrado Giovanna “aos beijos e abraços” com um funcionário da empresa. O empresário afirmou, ainda, que a adolescente fez uso de drogas e que, posteriormente, teria passado mal.

Gilson alega que tentou reanimá-la, sem sucesso: “Ele [Gleison] disse que ela chegou, eles conversaram e, em um dado momento, ela usou um cigarro de maconha. Após isso, ele teria saído para buscar uma cerveja e, quando retornou, viu um funcionário em beijos e abraços com ela. Em um dado momento, esse funcionário disse que viu ela passando mal após usar cocaína que estaria na mesa, em um recipiente de remédio. Após isso, ele [Gleison] disse que tentou fazer os primeiros socorros e, como estava em desespero, ele acabou colocando ela na caminhonete e vindo para os outros locais”, detalhou o investigador da PCSP.

Após a morte da jovem, o empresário teria levado o corpo para seu sítio e ordenado ao caseiro que o enterrasse, em um “ato de desespero”. Gilson também revelou à polícia que considerou jogar o corpo em um rio.

“O empresário disse que, em um primeiro momento, em um ato de desespero, ele teria colocado o corpo dela na caminhonete e ido até o distrito de Macaúba, em Mirassolândia (SP). Ele ia colocar o corpo em um rio que existe na região, mas resolveu depois vir até Nova Granada, na propriedade rural dele, que é arrendada há dois anos”, revelou o investigador.

Apesar de ter enterrado o corpo, Gilson nega ser responsável pela morte da adolescente. Giovana estava desaparecida desde dezembro de 2023, e seu cadáver foi encontrado pela polícia na última terça-feira (27), em uma vala na propriedade do empresário.

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Foi o caseiro do sítio, Cleber Danilo Partezani, quem confessou à PM o local onde o corpo estava enterrado. Ele também auxiliou as autoridades na abertura da cova para que pudessem resgatar os restos mortais de Giovana. Junto ao cadáver, foram encontrados pertences da vítima, como anel, pulseira, uma sacola plástica com o celular, e uma mochila contendo peças de roupa e maquiagens.

Em depoimento, Partezani explicou que, no dia 21 de dezembro de 2023, o patrão apareceu no sítio e pediu que ele cavasse um buraco em um local específico da propriedade. Segundo o caseiro, Gilson solicitou que o segredo fosse mantido e admitiu que estava prestes a enterrar um corpo humano, embora não tenha especificado se era um homem ou uma mulher. O caseiro também afirmou que Gilson retornou à propriedade em outras ocasiões para praticar tiro.

A polícia solicitou uma perícia no local, bem como exames no Instituto Médico Legal. O caso foi registrado como morte suspeita, destruição, subtração ou ocultação de cadáver e posse irregular de arma de fogo de uso permitido na Delegacia de Nova Granada.

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Mãe descobriu relação após flagrar troca de mensagens

Patrícia Alessandra Pereira, mãe de Giovanna, revelou ao UOL que descobriu sobre a conexão da jovem com Gilson em maio de 2023. A mãe mexeu no celular da adolescente e ao ver o conteúdo da conversa com o empresário, acabou confrontando a filha, que admitiu ter se relacionado com o empresário.

“Ela disse que se relacionava com ele, que os dois tiveram uma relação e que ele ofereceu ajuda financeira para ela. Falei que ela não precisava disso. Ela me disse que não teria mais encontrado com ele”, detalhou.

Patrícia chegou a alertar a filha sobre a diferença de idade entre eles. Segundo ela, o último contato com Giovana ocorreu em 20 de dezembro de 2023, um dia antes de desaparecer. “Conversei normalmente com ela no dia 20 de dezembro, mas no dia 21 ela não me mandou mensagem. Achei estranho, porque a gente conversava muito. No dia 22, ela continuava sem me atender, e o seu celular já não recebia mensagens”, contou.

Após o sumiço da menina, Patrícia procurou a polícia no dia 23 de dezembro. Ela também passou a procurar pela filha por contra própria. “Fiz contato com o Brasil inteiro, falei com todos os amigos, fiquei paranoica procurando a localização dela nas redes sociais”, admitiu.

Ao veículo, a mãe confessou temer que a influência do empresário na região possa afetar as investigações. “A lei não é para todos? Vou continuar acompanhando de perto os passos da polícia. Ele destruiu a minha família, matou todos os sonhos dela”, desabafou Patrícia.

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Defesa se manifesta

Após a repercussão do caso, a defesa de Gilson e do caseiro se manifestou. Em nota ao UOL, o advogado Carlos Sereno negou que eles tenham assassinado a jovem.

De acordo com o advogado, Giovana faleceu em decorrência do consumo excessivo de drogas durante uma festa de confraternização da empresa de Gilson, no final do ano passado. “Na festa, outros funcionários beijaram a adolescente”, alegou o defensor, que também negou que seus clientes tenham tido relações sexuais com Giovana.

Sereno destacou ainda que o “laudo necroscópico confirmará que ela morreu de overdose”. “Infelizmente, no desespero, acabaram cometendo essa besteira”, ressaltou ele, referindo-se à ocultação do cadáver.

Questionado sobre o suposto relacionamento entre Gilson e Giovana, o advogado afirmou que eles se conheceram pelo Tinder e tiveram apenas um encontro. Giovana também teria recebido um valor não especificado via Pix.

O empresário pagou R$ 15 mil de fiança, enquanto o caseiro pagou cinco salários mínimos. Ambos vão responder em liberdade, afirmou o advogado. A investigação prossegue para determinar as circunstâncias reais da morte da adolescente.

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