A morte de quatro membros de uma mesma família em Parnaíba, no Piauí, após a ingerir arroz envenenado no dia 1º de janeiro, está sendo investigada pela polícia. Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, padrasto das vítimas, foi preso temporariamente sob suspeita de ter envenenado o alimento com terbufós, conhecido como chumbinho. O caso, que ocorreu durante a ceia de Ano Novo, expõe conflitos familiares que podem ter motivado o crime.
A tragédia ocorreu na casa onde Francisco vivia com sua esposa, Maria dos Aflitos, seis enteados e três netos. As vítimas fatais foram Francisca Maria da Silva, de 32 anos e Manoel Leandro da Silva, de 18 anos, enteados do suspeito, e duas crianças pequenas: Igno Davi Silva, de 1 ano e 8 meses, e Maria Lauane Fontenele, de 3 anos. Os dois eram filhos de Francisca Maria.
De acordo com a polícia, o suspeito tinha uma relação conturbada com os enteados, principalmente com Francisca. Mesmo enquanto ela estava gravemente debilitada no hospital, ele teria demonstrado desprezo por ela. O suspeito teria descrito Francisca como “boba”, “matuta” e “inútil”.
O veneno identificado no arroz é um agrotóxico de uso proibido no Brasil. Apesar disso, a substância é comercializada na forma de “chumbinho”, um veneno clandestino usado para matar ratos. Na residência, a polícia apreendeu um baú de madeira trancado, que estava próximo ao local onde o arroz foi preparado. O baú, que seria de uso exclusivo do suspeito, está sendo analisado para verificar se o veneno estava guardado no local. As autoridades buscam descobrir como o suspeito obteve acesso ao terbufós.
Assista ao momento em que Francisco é levado à delegacia:
Homem é preso suspeito de envenenar comida ingerida pela família pic.twitter.com/L0bjnNEKvY
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) January 8, 2025
Francisco também consumiu a comida contaminada, mas sem sofrer os mesmos efeitos que as vítimas fatais. As autoridades avaliam se ele teria tentado despistar comendo apenas uma pequena porção. Além disso, em seus depoimentos, ele teria apresentado contradições sobre o contato com o alimento, alternando entre negar e admitir sua aproximação à panela.
“Ele primeiro disse que não tinha chegado perto da panela. Depois, ele disse que tinha chegado. Depois ele disse que não tinha orientado ninguém a utilizar o arroz. Então, essa informação entra em contradição com todas as outras que estão em consonância”, destacou Abimael Silva, delegado da Polícia Civil, em coletiva de imprensa.
As autoridades também se surpreenderam ao encontrar na casa, uma série de revistas com temas nazistas. Os materiais estão sendo analisados para compreender se há relação com o crime.
A prisão temporária de Francisco foi decretada para preservar a segurança dos familiares e permitir o andamento das investigações, que têm previsão de encerramento até o final deste mês.
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