Um avião de pequeno porte caiu, na noite desta terça-feira (23), e deixou quatro mortos em Aquidauana, na região do Pantanal, em Mato Grosso do Sul. O chinês Kongjian Yu, um dos maiores arquitetos do mundo, os cineastas Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz e Rubens Crispim Jr., e o piloto Marcelo Pereira de Barros estão entre as vítimas.
De acordo com informações obtidas pela TV Globo, a aeronave caiu, por volta das 18h30, ao lado da pista de pouso da Fazenda Barra Mansa, um dos locais de gravação da novela “Pantanal”. A área é turística e recebe visitantes do Brasil e do exterior. Todos os ocupantes morreram na queda, segundo o Corpo de Bombeiros.
Kongjian Yu, Luiz Ferraz e Rubens Crispim Jr. estavam na região gravando um documentário sobre cidades-esponja, conceito pelo qual o arquiteto chinês ficou mundialmente conhecido.
Ainda não há informações sobre o local da decolagem e o destino do avião. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos e a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul realizam a pericia e investigam a causa do acidente.

Fabricada em 1958, a aeronave era um monomotor Cessna 175 e foi comprada pelo piloto em 2015. Ela tinha capacidade para quatro pessoas e foi registrada para serviços privados, conforme registro da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).
O monomotor tinha operação para táxi aéreo negada e só podia operar voos diurnos, segundo a agência. O registro consta ainda que o avião possuía situação de aeronavegabilidade normal e documentação em dia, válida até dezembro deste ano.
As vítimas
Kongjian Yu era reitor da Faculdade de Arquitetura e Paisagismo da Universidade de Pequim, Membro Honorário Internacional da Academia Americana de Artes e Ciências, e diretor do escritório de arquitetura paisagística Turenscape. Ele foi o criador de uma das ideias mais inovadoras da arquitetura moderna: as cidades-esponja, planejadas para absorver a água da chuva.
O arquiteto chinês projetou obras em mais de 70 cidades, e também era consultor do governo chinês. Yu veio ao Brasil no início de setembro para palestrar em Brasília, durante a Conferência Internacional do Conselho de Arquitetura e Urbanismo.
Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz era diretor especializado em projetos de documentário e não-ficção. Ele fundou a Olé Produções em 2007. Entre as produções assinadas estão “Dossiê Chapecó: O Jogo por Trás da Tragédia”, série sobre a tragédia aérea com o time da Chapecoense e que recebeu uma indicação ao Emmy Internacional.
Em nota, a produtora deixou seu pesar. “A família lamenta profundamente o ocorrido e agradece as inúmeras mensagens de carinho e solidariedade recebidas neste momento de dor“, declarou.

Rubens Crispim Jr. era diretor de fotografia e criador da produtora Poseídos, especializada em filmes de arte. Formado em Artes Plásticas pela ECA-USP, ele também atuava como documentarista e produtor independente ao lado da esposa, Heloisa Faria. Em 2006, Crispim ganhou o reality show “Projeto 48”, da TNT, e fez seu primeiro curta, “Os 400 Golpes”.
O diretor trabalhou para canais como Discovery Channel, National Geographic, Arte 01, TV Globo, TV Cultura e a plataforma de streaming Cultura em Casa. Crispim também assinou diversas exposições da Pinacoteca de São Paulo.
Marcelo Pereira de Barros era piloto e proprietário da aeronave. Ele morava em Aquidauana e trabalhava na companhia de táxi aéreo Aerotrip, que fazia diversas viagens pelo Pantanal. Nas rede sociais, amigos de Barros destacaram que ele tinha ampla atuação em sobrevoos no Pantanal e Serra da Bodoquena.
Em nota, a Aerotrip também lamentou o ocorrido. “Sua ausência será profundamente sentida por todos nós“, afirmou. Barros deixa dois filhos.
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