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Uma profissional de receptivo turístico viveu uma situação humilhante em Praia do Forte, na Região Metropolitana de Salvador. Jucione Manuele foi acusada por uma turista argentina de furtar sua carteira e, para provar sua inocência, precisou ficar apenas de calcinha e sutiã dentro de um estabelecimento comercial. “Fiquei de calcinha e sutiã para ela ver que realmente não peguei a carteira dela. Eu me senti um lixo”, desabafou, em entrevista à TV Bahia.
O episódio aconteceu na última sexta-feira (28), em uma loja de açaí. Câmeras de segurança registraram o momento em que Jucione se despiu, após ser acusada de furto pela estrangeira. Segundo a baiana de receptivo, tudo começou quando a turista e o companheiro pediram para tirar uma foto com ela. Pouco depois, ao procurar a carteira para fazer um pagamento, a mulher percebeu que o item não estava mais na bolsa e passou a acusá-la.
A profissional, que trabalha vestindo trajes típicos e cobra uma quantia para posar para fotos com turistas, detalhou a situação: “Ela falou para o marido que tinha esquecido a carteira em uma loja e eu fiquei com ele esperando. Quando ela voltou, estava possessa. Me chamou de ‘ladrona’ e disse que eu tinha roubado ela. Falou que a carteira estava dentro da minha roupa. Eu pedi para ela se acalmar e disse que a carteira iria aparecer. Aí ela mandou eu tirar a roupa e assim eu fiz”.

Mesmo após Jucione remover sua vestimenta típica de baiana, a turista insistiu na acusação. “Além da minha roupa típica, que não foi suficiente para ela, eu tive que tirar o macaquinho que estava por baixo. Fiquei de calcinha e sutiã para ela ver que realmente não peguei a carteira dela. Eu pensei: ‘Meu Deus, isso só está acontecendo porque eu sou negra. Porque, se eu não fosse negra, ela não mandaria eu tirar toda a minha roupa’. Eu me senti um lixo. Aqui em Salvador, o branco vale mais do que o negro, principalmente se ele for turista”, lamentou Jucione.
Pouco depois, ao retornar a uma loja de roupas onde havia estado antes, a turista encontrou sua carteira e reconheceu o erro. No entanto, Jucione afirmou que, mesmo assim, não recebeu um pedido de desculpas: “Além de não me pagar, eu fiquei como ‘ladrona’ para eles. Em nenhum momento, eles pediram desculpa, só disseram que foi um engano”.

Segundo a vítima, um amigo do casal ainda tentou oferecer R$ 250 para que ela não levasse o caso à polícia, mas ela recusou. “Ele disse que se eu procurasse a polícia, que eles, turistas, iam sair daqui com uma má impressão da Bahia”, acrescentou.
A Polícia Civil informou, por meio de nota, que a Delegacia de Proteção Ambiental de Praia do Forte registrou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) contra uma mulher de 53 anos, suspeita de calúnia. O nome dela não foi divulgado. De acordo com a corporação, uma testemunha acompanhou Jucione no registro da ocorrência, e as investigações seguem em andamento.
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