Após o “Profissão Repórter” denunciar, nesta terça-feira (11), o caso de um pai que foi preso acusado de abuso sexual contra a própria filha internada no leito de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) , mais informações sobre o caso foram divulgadas.
De acordo com o g1, os batimentos cardíacos da adolescente de 17 anos internada na UTI do hospital em São Bernardo do Campo, Grande São Paulo, chegavam a 190 por minuto quando o pai dela passava a mão em seu corpo. “Sempre que o genitor se aproxima da paciente […], os batimentos cardíacos ficam altos, já tendo chegado a 190, sendo que já por cerca de três vezes“, contou uma enfermeira ouvida como testemunha pela investigação.
Um batimento cardíaco considerado normal, em repouso, segundo os médicos, está em torno de 50 a 90 batimentos por minuto. Acima de 180 já há risco de algum problema no coração, como, por exemplo, uma parada cardíaca.
Quando o homem aparecia na UTI, ele insistia para fechar as cortinas e poder ficar sozinho com a filha. Essa atitude chamou a atenção da equipe de médicos e enfermeiros. As cortinas precisam ficar abertas para que pudessem monitorar os equipamentos que medem os batimentos cardíacos. Além disso, em um dos relatos, uma enfermeira contou que pediu para a paciente piscar forte os olhos para saber se ela tinha medo do pai. De acordo com a testemunha, ela confirmou.
Segundo os depoimentos das testemunhas, a adolescente está internada no hospital desde o dia 3 de abril, quando foi a uma festa e sofreu uma parada cardiorrespiratória após fumar um cigarro eletrônico. Ela sofria de asma e havia esquecido a “bombinha” que usava durante as crises respiratórias.
Como ficou sem respirar por um tempo considerável, acabou ficando com sequelas. Ela não fala e tem dificuldades para mexer o corpo. Atualmente, a jovem está com uma traqueostomia para ajudar na respiração. Não há previsão de alta médica. Segundo a equipe que a atende, a paciente tem compreensão e entende o que acontece ao seu redor, mas não consegue se comunicar.
O caso
Na noite desta terça, o programa da TV Globo abordou o estupro de vulnerável, crime que se configura com a conjunção carnal ou a prática de um ato libidinoso, sem discernimento no momento do ato, contra uma criança ou adolescente com menos de 14 anos. No caso citado pela emissora, a equipe de enfermagem suspeitou que algo de errado estivesse acontecendo com a adolescente.
Segundo o jornalístico, que teve acesso ao boletim de ocorrência, com sete depoimentos, os funcionários disseram que “durante a noite, na companhia do genitor, o comportamento e os sinais vitais da paciente ficam diferentes“. Eles relataram que o desejo do pai era que “a menina saísse da UTI a fim de ter mais privacidade com ela” e, por diversas vezes, “fechou a cortina do leito“.
“Depois da filmagem, pela manhã, percebeu que a adolescente estava muito agitada no momento de trocar a fralda, e notou que as partes íntimas dela estavam com muita vermelhidão e fissuras“, acrescentou outra testemunha. A adolescente ficou 40 dias internada. Os vídeos foram gravados durante uma madrugada de maio. Assista:
🚨VEJA: Pai foi detido depois de ser gravado cometendo abusos contra a filha internada na UTI.
Profissão Repórter desta terça abordou o tema do estupro de vulnerável e mostrou o caso de um pai preso sob acusação de abuso sexual contra a própria filha na UTI em São Paulo. pic.twitter.com/PTGeM7qdXr
— Acesso à Notícia (@acessoanoticia) June 12, 2024
Duas funcionárias do hospital que atenderam a vítima também conversaram com o programa. “Observamos que, durante o tempo que ela ficava com o pai, era o momento que realmente ela se agitava mais, ela tinha taquicardia e a equipe toda ficou em alerta, porque a gente não queria acreditar que o que realmente a gente estava vendo ali era uma situação de abuso“, disse uma enfermeira, que não quis se identificar.
“Ele acariciou o seio dela. Eu vi por duas vezes na noite de sexta-feira, ele abria a fralda dela por duas vezes e nós brigamos com ele que não era para ele fazer aquilo. Ele mexia muito na perna, beijava meio que de canto de boca, se esfregava na beira da cama e, ao sair, ele ajeitava a roupa e se direcionava ao banheiro“, descreveu.
Prisão, laudo e família
O homem foi preso em 13 de maio e teve a prisão temporária convertida em preventiva pela Justiça. Ele se tornou réu por estupro de vulnerável. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) também concluiu que a adolescente apresentou lesões compatíveis com a prática de atos libidinosos e que a data provável do ocorrido seria recente.
O jornalístico também conversou com a família do pai e da filha. Para a mãe da vítima, o homem é inocente. “Ele não fez nada. Um pai muito presente na vida dos meus filhos. Muito amoroso. Ali, para mim, foi um momento de desespero. […] Ninguém chamou a gente para conversar. Acharam melhor estar expondo ele. Destruiu a minha família. Nós somos dependentes dele para tudo“, declarou a mulher.
Além de notar a taquicardia na adolescente, quando o pai se aproximava da filha, a equipe de enfermagem percebeu que a paciente chorava, se debatia e tentava gritar ao ver o homem. As visitas que ele fazia à filha eram sempre à noite. Durante o dia e à tarde a mãe da jovem e uma tia ficavam no quarto.
Ainda, o advogado do acusado informou que ele nega veemente as acusações e que as filmagens não confirmam com exatidão a prática do estupro de vulnerável. A delegada seccional Kelly Cristina Sacchetto também comentou o caso. “Tivemos a constatação realmente através do exame de corpo de delito, que identificou o abuso sexual, as lesões provenientes desse abuso que esse pai cometia“, concluiu.
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