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A Polícia Civil apresentou, nesta sexta-feira (21), as conclusões sobre o inquérito do caso do bolo envenenado que resultou na morte de três membros de uma mesma família em Torres, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. A morte do sogro de Deise Moura dos Anjos, falecido dois meses antes, após consumir bananas e leite em pó levados à sua casa pela nora, também foi investigada.
A apuração revelou que Deise foi responsável por quatro homicídios triplamente qualificados e quatro tentativas de homicídio. No entanto, como a acusada veio a óbito, o caso não resultou em indiciamento, uma vez que o Código Penal prevê a extinção da punibilidade em casos de falecimento. Deise foi encontrada morta na cela em que estava recolhida, na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, na quinta-feira (13).
O delegado Fernando Sodré, chefe da Polícia Civil, afirmou em coletiva de imprensa que Deise foi a única autora dos crimes: “Ela é a única autora desse fato criminoso. E por isso, em razão do seu falecimento, levou à extinção da punibilidade”.
Em relação à motivação dos crimes, a polícia descartou a hipótese financeira. A principal linha investigativa aponta para “perturbação mental”. “A única conclusão que chegamos é que ela tinha uma grave perturbação mental. Até se cogitou motivação financeira, mas quando descobrimos que tentou matar marido e filho, a motivação financeira foi descartada”, afirmou a delegada regional do Litoral Norte, Sabrina Deffente.
A Polícia Civil também revelou detalhes de cartas escritas por Deise, enquanto estava detida. Os recados manuscritos foram encontrados na cela. “Demonstra uma certa raiva e uma busca por um perdão, que não veio e não viria”, pontuou o delegado Sodré.
Em um dos textos, a nora expressou forte ressentimento contra sua sogra, Zeli dos Anjos: “Muito obrigada por esses 20 anos que fez da minha vida de casada, um inferno. Mais uma vez, eu sou a vilã e você, a mocinha”. Leia:
Relembre o caso
Em dezembro de 2024, três mulheres morreram após ingerirem um bolo envenenado com arsênio em Torres. As vítimas foram Maida Berenice Flores da Silva, Neuza Denize Silva dos Anjos, e Tatiana Denize Silva dos Anjos, filha de Neuza.
Segundo a Polícia Civil, as vítimas e outros membros da família estavam reunidos para um café da tarde quando começaram a passar mal após comer o bolo. Zeli dos Anjos, que preparou o doce em Arroio do Sal e levou-o para Torres, também foi hospitalizada, mas recebeu alta.
As três mulheres faleceram em poucas horas. Tatiana e Maida sofreram parada cardiorrespiratória, enquanto a causa da morte de Neuza foi definida como “choque pós-intoxicação alimentar”. Uma criança de 10 anos, que também ingeriu o bolo, conseguiu sobreviver.
“O principal alvo dela era a Zeli. Ela estava no dia 2 de setembro, quando ela (Deise) fez o café com leite em pó e tudo mais, junto com seu marido. Ela também estava no local em que Zeli fez o bolo em Arroio do Sal, e consumiu o bolo e também foi para o hospital”, disse o delegado Marcos Vinícius Veloso.
Morte do sogro também foi investigada
Após o caso do bolo ser revelado, as investigações da polícia se expandiram para a morte de Paulo Luiz dos Anjos, sogro de Deise, que faleceu em setembro de 2024. A princípio, a causa de sua morte havia sido atribuída a uma intoxicação alimentar, mas, após a exumação do corpo, exames confirmaram que ele ingeriu arsênio antes de falecer.
Paulo Luiz morreu de uma infecção intestinal após consumir bananas e leite em pó fornecidos por sua nora, Deise. Agora, as investigações confirmaram que Deise também foi autora da morte do sogro.
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