Uma estudante de 15 anos, bolsista do 9º ano no Colégio Presbiteriano Mackenzie, em São Paulo, está internada há uma semana após ser encontrada desacordada no banheiro da escola. Segundo a família, ela vinha sofrendo ataques racistas e bullying desde o ano passado, cometidos pelos colegas de turma.
A adolescente, cuja identidade segue preservada, foi vista na última terça-feira (29), com um fio amarrado no pescoço e um saco plástico na cabeça, conforme o portal Metrópoles. Ela foi socorrida por outra aluna e encaminhada para a Santa Casa de Misericórdia pela manhã. Posteriormente, a jovem foi transferida para um hospital público. Seu quadro de saúde é estável, mas não há previsão de alta.
Réa Sylvia, advogada que defende a família, reforçou que a estudante tem sido alvo dos ataques desde quando entrou no colégio com bolsa integral filantrópica. A instituição privada fica em Higienópolis, bairro nobre paulista. Segundo o relato, a menina era chamada de “cigarro queimado”, “lésbica preta” e “cabelo nojento”.
Em depoimento à Polícia Civil nesta segunda (5), a mãe da vítima informou que os ataques racistas partiram de cinco estudantes do Mackenzie. Ela disse, ainda, que notificou a escola pela mesma razão em 2024, e que buscou ajuda psicológica no próprio local. No entanto, o auxílio não ocorreu por falta de vagas. “Nenhuma providência foi adotada”, disse Réa.
“Quando tomou conhecimento do que vinha acontecendo com a sua filha em maio do ano passado, [a mãe da vítima] enviou e-mail à orientadora educacional denunciando os fatos. [Ela respondeu que] desconhecia esse tipo de prática no colégio”, explicou ela, em boletim de ocorrência, divulgado pelo UOL.
De acordo com a defesa, a bolsista deve ser transferida para um hospital particular, e terá seu tratamento custeado pela escola. “Estamos empenhados em fazer com que o caso tenha o menor impacto possível na vida da vítima. A família espera que esse caso de racismo e bullying dentro da escola não fique impune”, salientou a advogada.
A Polícia Civil registrou a ocorrência e investiga o caso. A suspeita da corporação é de tentativa de suicídio, mas a família acredita que a adolescente teria sido vítima de uma tentativa de homicídio. O celular dela foi retido e passará por perícia nos próximos dias.

Em um dos episódios, duas colegas obrigaram a menina a beijar um garoto no banheiro da escola enquanto a cena era gravada. Depois, ameaçaram divulgar o vídeo nas redes sociais. A PC ainda não teve acesso às imagens e só soube da existência do registro com base em conversas da vítima pelo WhatsApp.
Réa acrescentou que todo o caso era de conhecimento da escola. “Desde que aconteceu, ela foi internada, na terça-feira, o Mackenzie não prestou nenhum tipo de assistência. As coisas começaram a acontecer depois que a gente assumiu juridicamente o caso. Tanto que só hoje (6) a escola está lá no hospital”, informou ao Metrópoles.
Colégio se pronuncia
Em nota, o Colégio Mackenzie disse que prestou ajuda e segue dando acolhimento. Segundo a instituição, ela recebeu atendimento médico no dia 29 de abril, e tanto a direção quanto a coordenação acolheram a mãe presencialmente minutos após o ocorrido. Nos dias seguintes, seguiram acompanhando a situação de perto.
“A equipe de orientação educacional e a psicóloga escolar — que já acompanhavam a aluna e sua família — seguem prestando suporte com cuidado, escuta e responsabilidade. Assim, o contato e o apoio à família têm sido contínuos. O Mackenzie está apurando cuidadosamente as circunstâncias do ocorrido, com seriedade e zelo, ouvindo todos os envolvidos no tempo e nas condições adequadas, inclusive a aluna, assim que estiver pronta para se manifestar no ambiente pedagógico”, concluiu o texto.
IMPORTANTE: Se você ou alguém que você conhece está passando por dificuldades emocionais ou considerando o suicídio, ligue para o ‘Centro de Valorização da Vida’ pelo número 188. O CVV realiza apoio emocional, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email e chat 24 horas todos os dias. Para mais informações, clique aqui.
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