Carolina Arruda, diagnosticada há 11 anos com neuralgia do trigêmeo bilateral, foi internada nesta segunda-feira (8) na Santa Casa de Alfenas, em Minas Gerais. Ela passará por um tratamento que busca aliviar as dores constantes e intensas que ela sente. O caso da estudante de medicina veterinária de 27 anos chamou atenção recentemente, quando ela tornou público que tinha optado pela eutanásia no exterior. A depender do resultado, ela disse que pode reavaliar a decisão, mas a possibilidade ainda não foi descartada.
Em entrevista ao g1, ela contou que Carlos Marcelo, médico intervencionista da dor e diretor clínico da unidade hospitalar no Sul de Minas, se ofereceu para ajudá-la. “Diante da repercussão do meu caso, o médico se disponibilizou a realizar alguns tratamentos a custo zero”, disse ela.
“Já estou internada e a proposta é que ele me induza ao sono para ‘reiniciar o meu cérebro’. Vou ficar na UTI e dentro de até 20 dias ele vai avaliar o procedimento a ser feito, podendo ser radiofrequência, bomba de morfina ou a implantação de um eletrodo. O método vai depender da minha resposta”, explicou.
As dores da neuralgia do trigêmeo são consideradas “as piores do mundo” e podem ser comparadas a choques elétricos e até a facadas. Carolina afirmou que, caso o tratamento seja bem sucedido, as dores podem diminuir em até 50%. Mesmo assim, ela ainda mantém a campanha na internet para conseguir os recursos financeiros necessários para ser submetida à eutanásia na Suíça.
“O processo da eutanásia/suicídio assistido é muito burocrático, demora muito tempo. Estimo que deve levar dois anos para conseguir a documentação. Então, por isso, eu estou fazendo os tratamentos para as dores para que, nesse período que aguardo a burocracia, eu tenha o mínimo possível de dor. Isso não quer dizer que eu vá desistir da eutanásia, tudo vai depender dos resultados”, declarou.
Carolina também contou que outro médico que a acompanha há um tempo estuda um tratamento com o envolvimento de neurologistas da Argentina. No entanto, esta possibilidade tem um alto custo. “Meu médico sugeriu essa possibilidade, mas ainda não passei por uma nova consulta com ele para concluímos o assunto, já que ele está de férias”, finalizou ela.
Relembre o caso
O caso de Carolina viralizou recentemente nas redes sociais. Em seu Instagram, ela descreveu como é conviver com a doença e as dores, descritas como as piores do mundo. A estudante relembrou que sentiu a dor pela primeira vez no lado esquerdo do rosto, quando estava sentada no sofá da casa da avó. Na época, ela tina 16 anos e estava grávida de quatro meses. “Foi semelhante a um choque, uma facada. Na hora, eu não conseguia falar nada, só gritava e chorava”, declarou.
Ela, entretanto, só recebeu o diagnóstico após quatro anos da primeira crise. “Precisei ser hospitalizada pela primeira vez ainda na gravidez. No começo, as crises eram espaçadas. Com o tempo, foram ficando cada vez mais frequentes. Passei por 27 neurologistas até ter o diagnóstico. Os médicos não cogitavam ser neuralgia do trigêmeo porque eu era muito nova”, contou.
Além de canabidiol, a mineira – que já passou por quatro cirurgias, 70 médicos e mais de 50 remédios testados – faz uso de dez medicamentos diariamente, incluindo antidepressivos, anticonvulsivos, opioides e relaxantes musculares. As crises também já afetaram sua saúde mental.
Após esgotar “todas as opções médicas disponíveis e enfrentar uma dor insuportável diariamente”, Carolina tomou a decisão de buscar a eutanásia na Suíça, já que a realização não é permitida no Brasil. Ela anunciou uma vaquinha para arrecadar o dinheiro necessário para o procedimento e, até o fechamento desta matéria, conseguiu arrecadar R$ 120 mil. Clique aqui para saber os detalhes.
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