A brasileira de 27 anos, diagnosticada há 11 anos com neuralgia do trigêmeo bilateral, poderá reconsiderar a eutanásia caso uma nova técnica a ajude a aliviar as dores. Em entrevista à Folha de S. Paulo, publicada neste domingo (7), Carolina Arruda revelou que uma das possibilidades vem do próprio neurologista, Wellerson Sabat, junto a uma equipe da Argentina. A outra surgiu de um grupo de médicos da Clínica da Dor da Santa Casa de Alfenas, em Minas Gerais.
A condição rara e extremamente dolorosa é considerada a “pior do mundo”. No caso da estudante, a dor atinge os dois lados do rosto, e se manifesta em forma de pontadas ou choques. “O choque elétrico da crise é muito forte. Eu tenho uma dor constante durante o dia, uma dor permanente, e ela fica ali no nível 6, mais ou menos. E quando tem a crise, a dor aumenta muito, vai ao nível 10 e fica muito insuportável“, explicou.
Recentemente, ela anunciou que decidiu optar pela eutanásia após passar por vários tratamentos e quatro cirurgias. Agora, em entrevista ao jornal, Carolina relatou que poderá desistir do procedimento depois de ser apresentada a duas técnicas. Uma delas vem de uma equipe da Argentina e poderá ser cirúrgica. A consulta com o médico brasileiro, que integra o grupo, está marcada para o dia 18 de julho e custará R$ 400. A equipe argentina ainda não informou datas, procedimentos e valores.
“Eu vou tentar dependendo da margem de sucesso. Tudo vai depender do que eles me apresentarem, porque se for uma terapia que não tem muitas chances de sucesso, não tem muitos estudos, eu não vou me arriscar e me submeter a mais tipos de cirurgia. Então, eu tenho que avaliar bem a proposta, a condição. O médico ainda tem que me passar as informações“, disse.
A segunda esperança está na Clínica da Dor da Santa Casa de Alfenas, em Minas Gerais. Natural de Bambuí, no estado mineiro, Carolina já conhecia o trabalho dos médicos da instituição, mas nunca havia conseguido acesso devido ao alto valor da consulta. No entanto, a estudante conseguiu o atendimento, nesta segunda-feira (8), de forma online e gratuita.
“Se der certo e aliviar a dor, talvez eu reconsidere a eutanásia. Tudo é válido para minimizar a dor. Mesmo que eu tenha decidido optar pela eutanásia, ainda terei que passar por um processo burocrático e demorado“, afirmou.
Relembre o caso
O caso de Carolina viralizou recentemente nas redes sociais. Em seu Instagram, ela descreveu como é conviver com a doença e as dores sentidas, descritas como as piores do mundo. A estudante relembrou que sentiu a dor pela primeira vez no lado esquerdo do rosto, quando estava sentada no sofá da casa da avó. Na época, ela tina 16 anos e estava grávida de quatro meses. “Foi semelhante a um choque, uma facada. Na hora, eu não conseguia falar nada, só gritava e chorava“, declarou.
Ela, entretanto, só recebeu o diagnóstico após quatro anos da primeira crise. “Precisei ser hospitalizada pela primeira vez ainda na gravidez. No começo, as crises eram espaçadas. Com o tempo, foram ficando cada vez mais frequentes. Passei por 27 neurologistas até ter o diagnóstico. Os médicos não cogitavam ser neuralgia do trigêmeo porque eu era muito nova“, contou.
Além de canabidiol, a mineira – que já passou por quatro cirurgias, 70 médicos consultados e mais de 50 remédios testados – faz uso de dez medicamentos diariamente, incluindo antidepressivos, anticonvulsivos, opioides e relaxantes musculares. As crises também já afetaram sua saúde mental. Ela também já tentou suicídio duas vezes.
Após esgotar “todas as opções médicas disponíveis e enfrentar uma dor insuportável diariamente“, Carolina tomou a decisão de buscar a eutanásia na Suíça, já que a realização não é permitida no Brasil. Ela anunciou uma vaquinha para arrecadar o dinheiro necessário para o procedimento e, até o fechamento desta matéria, conseguiu arrecadar R$ 120 mil.
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