O brasileiro Fernando Alves Ferreira, de 26 anos, confessou ter matado Eduarda Santos, de 27, com nove tiros na cidade de San Carlos de Bariloche, na Patagônia argentina. O rapaz já havia sido detido como o principal suspeito do crime, e admitiu a autoria na última sexta-feira (18), em sua audiência de prisão preventiva.
“Me declaro culpado pela morte de Eduarda Santos de Almeida“, disse ele ao juiz Sergio Pichetto, segundo a Folha de S. Paulo. O magistrado determinou detenção preventiva por quatro meses. Segundo Alvez, o feminicídio da também brasileira teria ocorrido para “proteger sua segurança” e a de seus filhos, gêmeos, que Eduarda gestou através de uma barriga de aluguel.
Ele afirmou, ainda, que a vítima estaria envolvida com traficantes do Rio de Janeiro, local em que vivia anteriormente. O corpo da moça foi encontrado na quarta-feira (16), na estrada Circuito Chico. A região fica a poucos metros de uma via que leva até o centro turístico da cidade, em que Fernando trabalhava.
Os policiais chegaram a desconfiar de um assalto. Com a investigação, descobriu-se que Alves e seu marido, Marcelo, contrataram Eduarda para atuar como barriga de aluguel. O segundo homem teria morrido de Covid-19. Depois disso, o suspeito e a vítima começaram a morar juntos, na mesma casa.
Eduarda teria, ainda, uma terceira criança, fruto de um antigo relacionamento com uma pessoa no Brasil, não identificado. “Fiquei viúvo há sete meses“, contou ele. Fernando afirmou que a moça lhe fazia ameaças e que ele não tinha condições financeiras para trazer os filhos de volta ao país de origem. Para completar, ele alegou que, mesmo se retornasse ao Brasil, estaria em perigo por causa dos contatos de Eduarda com o narcotráfico do Rio.
“Se a Justiça argentina mandar meus filhos ao Brasil, estará mandando-os para a morte. Não me importo em pegar uma perpétua, mas quero meus filhos em segurança“, pontuou Marcelo. Os bebês estão temporariamente com a cunhada do suspeito, que viajou para ajudá-lo.
Eduarda teria, ainda, feito “exigências fora do contrato”, por exemplo de participar da criação das crianças, além de amaçar que os pequenos estariam “na mira do narco” caso aparecessem no Brasil sem que o suspeito pagasse o que fosse pedido. Na Argentina, é proibida a contratação de barriga de aluguel.
Na declaração para o juiz, Alves se disse “arrependido de ter matado alguém” e solicitou “assistência psicológica”. Segundo a procuradoria local, as imagens das movimentações de ambos na noite do crime estão sendo submetidas à perícia. Estão registrados, por exemplo, o momento em que o homem levou Eduarda para fora de casa e o carro que os levou até o local do assassinato.
A arma do crime também foi encontrada perto desse lugar, na ponte de Dos Morenos. Na casa que os ambos viviam com as crianças, foi localizada ainda uma caixa de munições com 19 balas faltando. A autópsia concluiu que a vítima morreu com seis balas no pulmão, enquanto as outras atingiram braço, pernas e o rosto.
Em seu corpo, também foram identificadas feridas, que podem indicar que houve uma briga e que Eduarda foi atacada antes de sua morte. O automóvel usado apresentava manchas de sangue. A procuradoria trabalha com a teoria de “crime premeditado”. Ele, entretanto, negou. “Não o planejei, mas tinha a opção (de matar Eduarda) porque eu também estava em perigo. Me desculpem, mas minha vida vem primeiro do que a dos demais“, afirmou. Os parentes da vítima começaram com os trâmites para levar seu corpo e seu filho para o Brasil.