As investigações em torno do caso do brigadeirão envenenado continuam e, nesta quinta-feira (6), informações importantes vieram à tona. Segundo laudo da perícia, novas substâncias foram encontradas no corpo do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond. Todavia, a causa da morte ainda não foi divulgada.
Anteriormente, a Polícia Civil divulgou que a suspeita do crime, Júlia Andrade Cathermol Pimenta, namorada da vítima, tinha sido aconselhada pela cigana Suyany Breschak a adicionar 50 comprimidos do medicamento Dimorf (à base de morfina) à sobremesa que causou a morte do empresário. A investigação revelou que a psicóloga comprou o medicamento cerca de duas semanas antes do crime, história confirmada tanto pelos depoimentos da cigana quanto pelo funcionário da farmácia visitada pela suspeita.
O corpo de Marcelo foi encontrado já sem vida e em estado de decomposição em seu apartamento, no Engenho Novo, Zona Norte do Rio, no dia 20 de maio deste ano. Segundo a investigação, Júlia teria passado entre três a seis dias “convivendo” com o cadáver, enquanto mantinha uma rotina normal. Ela foi vista se exercitando, buscando correspondência e, de acordo com o delegado Marcos Buss, teria se alimentado e dormido na companhia do corpo.
O laudo aponta resquícios de “clonazepam, 7-aminoclonazepam, cafeína e morfina” no estômago do empresário. O clonazepam é mais conhecido pelo nome comercial de Rivotril, remédio usado para tratamento de ansiedade, depressão e outros distúrbios mentais. Já o 7-aminoclonazepam é um metabólito do clonazepam, ou seja, uma substância na qual o medicamento se transforma após passar por reações do organismo. A morfina, por sua vez, é um forte analgésico, que pode levar à morte se administrada em excesso. De acordo com a bula, o uso junto a benzodiazepínicos, como é o caso do clonazepam, potencializa a ação da morfina no organismo e aumenta ainda mais o risco de óbito.
Ainda assim, os primeiros pareceres policiais não esclareceram a real causa da morte de Luiz Marcelo. As quantidades de cada substância encontrada no organismo da vítima também não foram detalhadas.
Prisões e suspeitos
Nesta terça-feira (4), Júlia Andrade Cathermol Pimenta, de 29 anos, foi presa como principal suspeita do crime. Ela foi encontrada por volta das 23h30, em uma rua no bairro Santa Teresa, na região central do Rio de Janeiro. A mulher já havia prestado depoimento, e a frieza ao falar sobre a morte de Luiz Marcelo reforçou a suspeita da polícia de que ela estaria envolvida no assassinato.
Um cartaz com a foto da psicóloga foi divulgado pelo Disque Denúncia do Rio de Janeiro, pedindo informações sobre o paradeiro dela, mas uma negociação com a defesa levou à prisão. “Houve uma negociação com a advogada para que ela se entregasse. Aí, foi indicado um local para que pudéssemos prendê-la. Em princípio, ela quis ficar calada. Gostaríamos de ouvi-la novamente, porque temos pontos importantes a esclarecer sobre a investigação do caso”, explicou o delegado Marcos Buss.
Segundo a advogada Hortência Menezes, Pimenta estaria “abalada psicologicamente” devido ao ocorrido. “É uma situação delicada, e precisa ser esclarecida. A Júlia está abalada psicologicamente. Ela está muito assustada, mas irá colaborar”, afirmou. “Embora seja uma psicóloga, tal fato não exclui que possa manifestar um transtorno mental”, reforçou ela, em nota à imprensa.
Ontem (5), a psicóloga foi submetida a audiência de custódia, durante a qual a Justiça decidiu manter sua prisão.
Além dela, a cigana Suyany Breschak também foi detida, por suspeita de ser a mandante do assassinato. A mulher já era suspeita de envolvimento no crime, pois recebeu o carro da vítima como pagamento de parte de uma dívida de R$400 mil de Júlia. Porém, segundo o delegado da 25ª DP (Engenho Novo), as investigações reforçaram a teoria de que Breschak teria encomendado o crime contra Luiz Marcelo.
“Podemos falar com bastante segurança que há elementos nos autos, muitos elementos indicativos, de que a Suyany seria a mandante e arquiteta desse plano criminoso. A Júlia tinha uma grande admiração, uma verdadeira veneração pela Suyany”, explicou.
Buss destacou que Suyany teria influenciado a suspeita. “O que está sendo confirmado por todos os elementos reunidos até o momento, embora não saibamos explicar bem o porquê, é que Júlia realmente faria pagamentos mensais para Suyany”, detalhou.
O advogado da cigana, Etevaldo Tedeschi, discorda da acusação. “Acredito que no final das investigações deverá haver conclusão diversa do posicionamento atual do Delegado de Polícia que preside o inquérito policial”, declarou ele.
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