A polícia do Rio de Janeiro diz ter provas suficientes de que a psicóloga Júlia Pimenta matou o companheiro, o empresário Luiz Marcelo Ormond, a mando da cigana Suyany Breschak. Para o “Fantástico” deste domingo (9), um rapaz que se apresenta como namorado da “Cigana Esmeralda” confirmou que viu as suspeitas moendo o remédio que seria misturado ao “brigadeirão“.
Flagra de medicamento moído e mensagem chocante
Suyany está presa há onze dias, enquanto Júlia se entregou na noite de terça-feira (4) e preferiu ficar em silêncio até o momento. “Eu não sabia que ela era capaz de fazer uma coisa dessa. De auxiliar alguém a matar outra pessoa. Ela chegou a falar que a Julia mandou uma mensagem assim: ‘Eu vim aqui malhar e ele está lá mortinho”, lembrou o rapaz.
Segundo ele, o medicamento foi moído na casa da cigana. “Eu vi a Júlia moendo remédio lá de cima da pia lá de casa. Entendeu? Esfarelando o remédio. Elas pegaram esses pozinhos do remédio que estava virando pó, colocavam tipo no saquinho de sacolé. Dava um nó, guardou. Ela me falou que ajudou a Júlia e a instruiu”, detalhou.
Como apontam as investigações, cerca de três dias depois da morte de Luiz Marcelo, Júlia seguiu para a Região dos Lagos do Rio com o carro da vítima. O veículo foi entregue a Suyany, como parte do pagamento de uma dívida de 600 mil reais pelos trabalhos espirituais realizados em Júlia. Nas redes sociais, a cigana acumula mais de 8 milhões de seguidores.
O carro estava cheio de objetos de Luiz Marcelo, retirados do apartamento por Júlia. Em seguida, o automóvel foi entregue para Victor Chaffi, ex-namorado de Suyany, que responde em liberdade pelo crime de receptação. “Ele (Victor) levou e ficou andando com o carro até a polícia pegar. A Suyany pegou as coisas dentro do carro e resolveu lá. Tinham duas armas, ela arrumou uma pessoa pra vender, negociou e passou. Foi vendida por 14 mil reais”, contou a testemunha ao programa.
Crime planejado por meses
Ao dominical, a polícia afirmou que o crime foi premeditado por meses pela dupla. Exames laboratoriais confirmaram a presença de morfina, clonazepam e outras substâncias tóxicas no corpo da vítima. Em depoimento, a cigana contou que aproximadamente 60 comprimidos foram moídos. “Podem ter virado uma bomba dentro do organismo, porque todas elas podem causar depressão respiratória e parada cardiorrespiratória. A morte é rápida”, explicou Eliza de Oliveira, diretora dos laboratórios do Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro.
Enquanto morava com Luiz Marcelo, Júlia tinha outro namorado. Ela se mudou para o apartamento do empresário um mês antes do assassinato. Para o outro rapaz, ela disse que ia se afastar por um mês para trabalhar na casa de uma mulher como babá, em São Paulo, pelo valor de R$ 11 mil.
Júlia sustentava a mentira enviando fotos do suposto local de trabalho e das crianças que cuidava, segundo os policiais. Em áudios, uma mulher chamada Natália simula a contratação de Júlia. A tal Natália, porém, era Suyany. “Ju, eu não estou morando mais em Cabo Frio. Agora eu estou morando aqui em São Paulo. Mas eu pago para você vir, tudo certinho. O que você puder me ajudar, eu vou agradecer muito”, diz uma voz feminina no áudio.
A polícia afirma que o crime foi motivado por questões financeiras. O objetivo das suspeitas era ficar com os bens de Luiz Marcelo, que era dono de imóveis no Rio. “Ela se denominava mentora espiritual da Júlia. Foi um crime premeditado, sem sombra de dúvida. É um caso que revela extrema frieza e desprezo pela vida humana, é muito triste“, disse o delegado Marcos Buss, que comanda a investigação.
Ao programa da TV Globo, o advogado de Suyany Breschak disse que “não vê nenhuma motivação para o homicídio da vítima, uma vez que Suyany no máximo tinha interesse financeiro, e que para que seu interesse fosse alcançado o relacionamento de Júlia com Luiz Marcelo deveria prevalecer por bastante tempo”. Já a defesa de Júlia Pimenta informou que “está analisando os documentos e em breve irá prestar esclarecimentos”.
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