Cadela morre após levar tesouradas de funcionário em pet shop, em BH; tutora denuncia o caso e empresa se pronuncia

Laudo confirmou que Zoe teve inúmeras fraturas em sua cabeça, gerada por golpes e com uso de força extrema

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A cachorra Zoe, da raça Spitz Alemão, morreu durante um banho em um pet shop no bairro de Lourdes, na região centro-sul de Belo Horizonte (MG). Flávia Conrradi, tutora do pet de 3 anos, denunciou o caso à polícia e agora busca justiça contra o tosador. As suspeitas de maus-tratos, porém, só foram confirmadas dois dias depois do óbito do animal.

Conforme o site BHAZ, o caso aconteceu na última quinta-feira (20), quando Flávia levou Zoe e outra cachorrinha para um banho na PetJet, com horário marcado para às 11h. No início da tarde, estranhando a demora, a tutora entrou em contato com o estabelecimento e recebeu uma mensagem pedindo que comparecesse ao local, pois sua cachorra estava passando mal.

Flávia encontrou Zoe inconsciente, com manchas de sangue no pelo e em estado gravíssimo. Na ocasião, funcionários argumentaram que o pet teria desmaiado e batido a cabeça na tesoura em cima da mesa de tosa. Desconfiada da versão apresentada, a tutora levou a cadela para o atendimento emergencial no Hospital Veterinário São Francisco de Assis. Lá foi constatado um quadro de politraumatismo craniano.

Os exames revelaram fraturas no crânio e hemorragia interna. Apesar dos esforços da equipe médica para estabilizar Zoe, ela faleceu no sábado (22), devido à gravidade dos ferimentos. Uma necrópsia, realizada por uma patologista contratada pela família, confirmou que a cachorra sofreu golpes intensos, resultando em morte cerebral.

Zoe tinha 3 anos, e morreu por maus-tratos no pet shop (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

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No mesmo dia, o proprietário do pet shop entrou em contato com Flávia e mostrou imagens de segurança que comprovaram a agressão. Como mostrado no vídeo, o funcionário teria agredido Zoe diversas vezes, incluindo tapas e insultos, além de aplicar duas tesouradas na cabeça da cachorra. As gravações também indicam que ele demorou para prestar socorro, e só chamou outros funcionários após a cadela já estar gravemente ferida.

As imagens foram entregues à Delegacia de Maus-Tratos nesta segunda-feira (24). A polícia tentou localizar o tosador, que não foi encontrado até o momento. De acordo com uma nota da Polícia Civil, o caso está sendo investigado pela Delegacia Especializada em Investigação de Crimes Contra a Fauna (DEMA), “com a realização de oitivas e demais diligências necessárias à elucidação dos fatos”.

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Impacto na família

A morte de Zoe teve um impacto devastador na família. Flávia tem uma enteada de 11 anos que perdeu a mãe há cerca de 4. A cadela, por sua vez, era a companhia da criança e a ajudava a lidar com o luto.

A tutora ainda expressou sua indignação e ressaltou a necessidade de leis mais severas para crimes de maus-tratos contra animais. “Tem que ser preso. Não é pagar cesta básica e sair. É uma vida”, desabafou ao site.

Tutora disse que o laudo apontou perfurações graves na cabeça da cachorrinha (Foto: Reprodução/TV Globo)

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Pet shop se pronuncia

Em comunicado, o PetJet lamentou a tragédia. “Com imenso pesar, nos manifestamos sobre um episódio inaceitável ocorrido em nossa empresa. Em nossos sete anos de atuação, sempre priorizamos o respeito, o carinho e a segurança dos animais, garantindo que cada pet recebido fosse tratado com o cuidado que merece”, iniciou o texto.

“Infelizmente, ao analisarmos as imagens de segurança, identificamos que um colaborador teve uma conduta cruel e inadmissível contra uma cachorrinha sob seus cuidados, o que resultou em ferimentos que, mesmo com todos os esforços veterinários, levaram à sua perda. Assim que tivemos ciência do ocorrido, tomamos as providências cabíveis: o funcionário foi demitido por justa causa e imediatamente denunciado às autoridades competentes”, informou o pet shop.

O local salientou que manteve “total transparência com a tutora, prestando assistência e arcando com todos os custos do atendimento veterinário. Nosso compromisso sempre foi com o bem-estar animal e a ética, por isso jamais compactuaríamos com qualquer tentativa de omissão ou encobrimento dos fatos”.

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A nota ainda informou uma outra medida tomada pelo estabelecimento. “Esse episódio nos atingiu profundamente e nos fez repensar a continuidade de nossas atividades. Diante do impacto emocional e profissional causado, tomamos a difícil decisão de encerrar as operações do petshop. Embora seja doloroso dar fim a um projeto construído com tanto amor e dedicação, acreditamos que essa é a atitude mais coerente neste momento”, analisou.

“Pedimos desculpas a todos os clientes e amantes dos animais que sempre confiaram em nós. Nossa história sempre foi pautada pelo respeito e pelo compromisso com a causa animal, e é com o coração partido que nos despedimos. Agradecemos imensamente à nossa equipe, que sempre atuou com carinho e profissionalismo, e a todos que estiveram conosco ao longo desses anos”, concluiu o PetJet.

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