O laudo de necropsia de Anic Peixoto Herdy revelou que a causa da morte foi estrangulamento, através de asfixia mecânica. De acordo o documento obtido, nesta sexta-feira (25) pelo g1, Lourival Fatica, assassino confesso da vítima, utilizou uma abraçadeira, também conhecida como “enforca-gato”, para cometer o crime.
Em um primeiro relato público, a defesa de Lourival alegou que Anic teria sido morta após levar um soco no pescoço. Agora, ao portal, Flávia Fróes, advogada de Fatica, confirmou o uso da abraçadeira plástica. Entretanto, ressaltou que um sangramento comprova que ele também desferiu o soco.
Segundo Fróes, a versão seria comprovada pelo material encontrado nos lençóis do motel onde teria acontecido o assassinato. Ela também garantiu que Lourival já havia falado do “enforca-gato”. “Ele confessou que usou abraçadeira, que apertou com bastante força, conforme está na audiência na Justiça, que é anterior ao encontro de cadáver. Se foi por asfixia, isso não invalida que ele tenha dado o soco. Desde a confissão dele, ele disse que utilizou essa mecânica no pescoço da Anic“, declarou.
Lourival participou de uma reprodução simulada nesta quarta-feira (23), em Petrópolis e Teresópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro. Na primeira parte, o réu ficou dentro de um carro semelhante ao utilizado no dia que Anic foi vista pela última vez, perto de um shopping. Segundo o g1, uma perita da Polícia Civil fez o papel da vítima.
A segunda parte aconteceu dentro de um motel no distrito de Itaipava, onde, segundo Lourival e a sua advogada, teria acontecido o assassinato. Uma reprodução simulada também ocorreu na casa de Fatica, onde o corpo de Anic foi localizado. Um homem que teria ajudado o réu a cavar o buraco foi igualmente chamado para participar da ação policial.
Com a reprodução simulada, a Polícia Civil tenta agora entender alguns detalhes sobre a morte de Anic, incluindo como ela foi enterrada e concretada na garagem da casa de Lourival. Além disso, as autoridades querem concluir se ele agiu sozinho ou se teve ajuda para retirar o corpo da vítima do carro.
O caso
Anic de Almeida Peixoto Herdy, advogada casada com o herdeiro de uma fortuna no Rio de Janeiro, foi vista pela última vez em 29 de fevereiro, por volta da 11h08, dentro de um carro preto no estacionamento de um shopping em Petrópolis. Câmeras de segurança filmaram enquanto a mulher caminhava por um corredor em direção à saída do estabelecimento. Já fora, ela passou por uma calçada e atravessou a rua. Esta foi a última imagem de Anic.
No mesmo dia do sumiço, o marido de Anic, Benjamin Cordeiro Herdy, de 78 anos, recebeu uma mensagem, avisando que a mulher havia sido sequestrada e só seria solta mediante resgate de R$ 4,6 milhões. O idoso é herdeiro de um grupo que administrou algumas universidades no Rio de Janeiro. O valor foi pago, mas a advogada não apareceu.
Após a investigação, a polícia descobriu que Lourival Correa Netto Fadica, homem que fingiu ser policial e se infiltrou na família por três anos, ajudou Benjamin Cordeiro Herdy, marido da vítima, a negociar com os supostos sequestradores e ficou responsável por entregar o valor do resgate. Entretanto, uma hora após o pagamento da quantia, Benjamin recebeu uma mensagem de texto, supostamente escrita pela esposa, com uma “reviravolta”. No recado, ela teria dito que o sequestro era uma “trama” para encobrir sua fuga com um amante.
Dois dias depois, outra mensagem também supostamente de Anic enviada aos filhos do casal, informava que a advogada havia deixado o Brasil com uma pessoa, com a qual pretendia passar o resto da vida. Desconfiada, a filha de Anic foi à polícia para denunciar o caso, 14 dias após o sequestro. A partir daí, a 105ª DP (Petrópolis) teve acesso aos celulares de todos os envolvidos, bem como o histórico da localização de cada um e passou a monitorar Lourival, que atuava como “faz-tudo” e segurança dos Herdy.
Dias depois, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) afirmou que Lourival, preso e réu por extorsão mediante sequestro de Anic, era amante da vítima e a atraiu para um encontro. O órgão público descreve que Lourival, “detentor de uma personalidade galanteadora, possuía relacionamento amoroso com várias mulheres, dentre elas, a vítima Anic“.
De acordo com os promotores do caso, ele usou o affair com a advogada como pretexto para atraí-la até um encontro na rua Teresa, “quando, então, a sequestrou e passou a exigir do marido o preço do resgate“. Além dele, Rebecca Azevedo, Maria Luiza e Henrique Fadiga também são réus no caso, mas sempre negaram as acusações.
O corpo de Anic foi encontrado, em avançado estado de decomposição, na garagem da casa de Lourival em Teresópolis, após ele confessar o crime e indicar o local do sepultamento. Para o Ministério Público, o caso só deve sofrer uma tipificação no fim das investigações.
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