O corpo de Edelvânia Wirganovicz, condenada pela morte de Bernardo Uglione Boldrini, foi encontrado nesta terça-feira (22) no Instituto Penal Feminino de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde ela cumpria pena em regime semiaberto. De acordo com a Polícia Penal ao g1, Edelvânia apresentava sinais de enforcamento e os primeiros indícios apontam que ela teria tirado a própria vida. O caso está sob investigação da Polícia Civil e do Instituto-Geral de Perícias (IGP), com acompanhamento da Corregedoria-Geral do Sistema Penitenciário.
Edelvânia, de 51 anos, foi condenada em 2019 a 22 anos e 10 meses de prisão por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver no caso que ficou conhecido nacionalmente. Ela confessou participação no assassinato e indicou onde o corpo de Bernardo havia sido enterrado. O crime ocorreu em abril de 2014, no município de Três Passos, no Noroeste do estado. O menino desapareceu no dia 4 de abril e seu corpo foi encontrado dez dias depois, em Frederico Westphalen, enterrado às margens de um rio, já em avançado estado de decomposição.
Além de Edelvânia, foram condenados pelo crime Leandro Boldrini, pai de Bernardo; Graciele Ugulini, madrasta; e Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia. O pai foi sentenciado a 31 anos e oito meses de prisão por homicídio quadruplamente qualificado e falsidade ideológica, após um segundo júri realizado em 2023 — o primeiro, de 2019, foi anulado por irregularidades no processo. Graciele recebeu pena de 34 anos e sete meses de prisão, e Evandro foi condenado a nove anos e seis meses, pena que foi extinta em janeiro de 2024, após ele cumprir o período determinado.
Edelvânia passou para o regime semiaberto em 2022, mas, por falta de vagas no sistema prisional, chegou a cumprir pena em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica, decisão que foi revertida em fevereiro de 2025 pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Cristiano Zanin atendeu a um pedido do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), que alegou que a mulher ainda tinha metade da pena pendente, o que não permitia a concessão do benefício.

O caso de Bernardo teve repercussão nacional por envolver denúncias de negligência familiar, maus-tratos e violência. Órfão de mãe, o menino chegou a procurar o Judiciário no início de 2014, pedindo para viver com outra família. A investigação revelou que ele sofria maus-tratos da madrasta, com quem vivia junto ao pai. No dia do desaparecimento, Bernardo foi visto entrando no carro de Graciele.
Na época, ela foi flagrada por um radar trafegando acima da velocidade entre Três Passos e Frederico Westphalen, onde o corpo foi encontrado. O crime teve como agravantes motivos torpe e fútil, emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima.
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