Caso de jovem negro agredido dentro de shopping sofre reviravolta; Polícia identifica os homens na gravação e interroga segurança; saiba os detalhes

O caso do jovem Matheus Fernandes Biondi, de 18 anos, que foi agredido dentro do Ilha Plaza Shopping na última semana, ao tentar trocar o presente de Dia dos Pais em uma loja, sofreu uma reviravolta. Em matéria exibida pelo “Jornal Nacional” no sábado (9), foi relatado que os dois agressores são policiais militares e que, ao contrário do que foi alegado anteriormente, eles prestam serviços para o centro de compras.

Os dois homens que aparecem nos vídeos viralizados nas redes sociais não tiveram seus nomes completos revelados, mas foram identificados como os policiais militares Esaú e Silva. Ao JN, a Polícia Militar informou que a Corregedoria já abriu uma apuração sumária para verificar a conduta da dupla.

Em nota enviada para o telejornal na sexta-feira (7), o Ilha Plaza Shopping informou que repudiava “qualquer tipo de violência ou discriminação”. O centro de compras ainda negou que os dois agressores fizessem parte do seu quadro de funcionários ou da empresa de vigilância. No entanto, em um novo comunicado divulgado ontem, a informação foi outra…

Policiais Militares foram identificados, mas não tiveram seus nomes completos revelados. Foto: Reprodução/TV Globo

O shopping revelou que os dois são funcionários de uma empresa contratada para fazer consultoria de segurança, e que avisou as autoridades assim que soube desse vínculo. O Ilha Plaza ainda ressaltou que não existe qualquer orientação, seja para seus empregados ou colaboradores terceirizados, que permita ou incentive a abordagem agressiva com os clientes.

Continua depois da Publicidade

O segurança que aparece uniformizado nas filmagens amadoras prestou depoimento no último sábado. Enquanto Matheus era encurralado na saída de emergência, o profissional mostrou uma postura inerte à violência que ocorria ali. “O segurança do shopping que estava uniformizado chegou lá depois de toda aquela movimentação, tentou acalmar as pessoas que estavam filmando, mas dá para ver no vídeo que eu ainda estava imobilizado. Ele não ajudou em nada”, contou o jovem para o noticiário.

O advogado de defesa do rapaz, Jaime Fernandes, conversou com o “Jornal Nacional” e reforçou que a agressão ocorreu exclusivamente por conta da cor de pele do seu cliente. “Em nenhum momento, ele foi abordado para mostrar a nota [fiscal do presente]. Ele já teve um julgamento ali com relação ao roubo”, afirmou.

Continua depois da Publicidade

O delegado Marcus Henrique Alves revelou que o depoimento dos policiais está marcado para amanhã (10), e confirmou que Esaú e Silva trabalham para uma prestadora de serviços do shopping. “Temos que ouvi-los para esclarecer alguns pontos, como a motivação, enfim, tudo o que levou a acontecer essa violência contra o Matheus”, disse.

Matheus Fernandes esteve na delegacia junto do advogado de defesa no último sábado (8), acompanhando o andamento das investigações. Foto: Reprodução/TV Globo

Após os novos desdobramentos, a loja Renner, em que Matheus Fernandes foi abordado inicialmente, declarou que espera que o shopping assuma sua responsabilidade no episódio e tome atitudes para que isso não se repita no futuro. “Aguardamos que o shopping forneça ao Matheus todo o apoio necessário neste momento e que peça desculpas pelo ocorrido. Em solidariedade ao seu cliente, a Renner também se colocou à disposição da família para acompanhar o caso”, anunciou.

“A loja reafirma que lamenta profundamente a agressão sofrida pelo Matheus. As investigações estão confirmando que a Renner não tem qualquer responsabilidade em relação ao episódio. A empresa reforça que não compactua com qualquer forma de violência e discriminação. A Renner é uma marca que valoriza a diversidade, que se inspira na igualdade, na pluralidade e no respeito”, finalizou. Assista à reportagem completa clicando aqui! 

Entenda o caso

Matheus Fernandes Biondi foi agredido dentro do Ilha Plaza Shopping, na Ilha do Governador (RJ), ao tentar trocar o relógio que havia comprado para dar de presente no Dia dos Pais. Nas imagens do circuito de segurança da loja Renner, onde Matheus tentava trocar o relógio, é possível ver que ele foi seguido por dois homens vestindo roupas comuns.

Continua depois da Publicidade

Em seguida, ele já começa a ser arrastado agressivamente pelo indivíduo que vestia uma camisa vermelha até saírem do estabelecimento. “Eu comecei a gritar que eu não sou ladrão, que você estava me confundindo, que eu estou aqui todo dia trabalhando. Eu não era ladrão e eles estavam me tratando como um”, relatou o rapaz para o JN.

Revoltante! Imagens das câmeras de segurança mostram a abordagem agressiva dos dois homens com Matheus. Foto: Reprodução/TV Globo

Já na saída de emergência do shopping, o jovem começou a ser agredido, sendo que, neste momento, um segurança uniformizado acompanhou tudo e não prestou qualquer socorro. “O de camisa vermelha me deu uma banda e me imobilizou. Nisso que ele me imobilizou, ele sacou a arma e botou na minha cabeça”, recordou Matheus. Felizmente, um amigo do rapaz, que também trabalha como entregador de um restaurante do shopping, o encontrou e mobilizou clientes sobre o que estava acontecendo ali.

Nas gravações amadoras é possível ouvir a voz de uma mulher: “Solta ele! Tem que esperar. Não é assim que vocês têm que tratar ele não!”. Apenas quando o caso ganhou essa proporção que o jovem finalmente foi liberado. Matheus chegou a mostrar a nota fiscal do presente e falou que nunca teve esse tipo de problema no shopping quando entrava com a mochila do aplicativo de delivery para o qual trabalha. Ao aparecer como um cliente comum e com a embalagem do relógio nas mãos, viveu um grande trauma…

Em entrevista para o “Jornal Nacional”, Matheus não conteve as lágrimas ao relembrar o que sofreu. Foto: reprodução/TV Globo

Continua depois da Publicidade

Nas primeiras apurações do ocorrido, os funcionários do shopping já alegavam que os dois agressores trabalham como seguranças no centro de compras. O amigo de Matheus Fernandes afirmou que o Ilha Plaza e um restaurante o proibiram de voltar lá para trabalhar.