Caso Djidja: Mãe filmava os filhos sob efeito de cetamina, e registros fortes são divulgados

Gravações foram incluídas pela polícia na investigação sobre o caso

Em novos detalhes sobre a morte de Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Boi Garantido, a polícia informou que a mãe dela, Cleusimar Cardoso, tinha o costume de gravar a família sob efeito da cetamina. A Rede Amazônica, afiliada da TV Globo, obteve imagens de todos consumindo a droga, além de aplicá-la com seringas.

Os registros foram incluídos pela polícia na investigação sobre o caso. Segundo as autoridades, eles foram feitos na casa onde Djidja foi encontrada morta, na Zona Norte de Manaus. Em um dos trechos, Cleusimar mostrou a filha paralisada diante do espelho de um banheiro, enquanto tentava conversar com a ex-sinhazinha.

Pouco depois, Djidja surge deitada e o irmão dela, Ademar Cardoso, à beira da cama, está completamente paralisado. No mesmo vídeo, a mãe mostrou marcas de picadas nela e no filho, e exibiu um frasco da substância. Assista:

Em depoimentos à polícia, familiares informaram que Djidja, Ademar e Cleusimar ficavam o tempo todo dentro de casa, fazendo uso da cetamina. Eles também denunciaram as tentativas de ajuda à jovem para obter um tratamento contra a dependência química. No entanto, foram impedidos pela mãe e pelo irmão dela.

Os três já eram investigados há mais de um mês por envolvimento em um grupo religioso. Eles criaram a seita “Pai, Mãe, Vida”, que incentivava o uso da droga, que tinha como objetivo alcançar uma falsa plenitude espiritual”.

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Prisões

De acordo com as investigações, Verônica da Costa, gerente de um salão da família, era a responsável por comprar a substância ilegalmente, sem receita médica. Ela tinha apoio de Marlisson Vasconcelos e Claudiele Santos, que também eram funcionários da família Cardoso. Os três (Verônica, Marlisson e Claudiele) estão presos por ordem judicial.

Além deles, Cleusimar e Ademar também estão detidos preventivamente. A defesa diz que a mãe de Djidja, o irmão e a funcionária Verônica estão sofrendo com crises de abstinência dentro das unidades prisionais em que estão custodiados. Todos foram presos na última quinta-feira (30), dois dias após o falecimento de Djidja, em Manaus, no Amazonas.

A Polícia Civil também investiga se Ademar teve relação sexual com sua ex-namorada enquanto ela estava sob efeito da droga. Caso seja confirmado, o episódio se caracteriza como estupro de vulnerável. Conforme as autoridades, há indícios de que a mulher sofreu um aborto dentro da residência por conta do uso de cetamina.

Djidja Cardoso ao lado da mãe e do irmão, Cleusimar e Ademar, respectivamente (Foto: Reprodução/Instagram)

Operação

Após a morte da ex-sinhazinha, a Polícia Civil deflagrou a Operação Mandrágora, que investiga a seita “Pai, Mãe, Vida”, supostamente liderada pela família dela. De acordo com os documentos, eles forçavam os participantes a usarem a cetamina em rituais. A droga é usada como anestésico em procedimentos cirúrgicos, mas também causa efeitos alucinógenos. Ela é utilizada, principalmente, para a realização de cirurgias em animais de grande porte.

Conforme a corporação, as investigações sobre a existência da seita e a prática de crimes começaram há 40 dias, antes da morte de Djidja. Nesse tempo, foi descoberto que o grupo obtinha a cetamina em uma clínica veterinária, sem qualquer tipo de receita ou controle, e distribuía entre os funcionários da rede de salões de beleza. 

A defesa da família Cardoso, no entanto, alegou que não existia nenhuma prática de grupo religioso e que eram apenas discursos feitos enquanto os suspeitos estavam sob efeito da droga. “Não existia esse negócio de ritual e de que funcionários e amigos eram obrigados ou coagidos a usar a droga. Não existia isso. Eles ofereciam sob efeito de drogas, com aquele argumento, com aquela alegação da transcendência da evolução espiritual”, declarou.

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Causa da morte de Djidja

De acordo com um laudo preliminar divulgado pelo Instituto Médico Legal (IML), nesta segunda-feira (3), Djidja Cardoso faleceu por conta de um edema cerebral, que afetou o funcionamento do coração e da respiração. A suspeita é de que o uso excessivo de cetamina tenha culminado na complicação, já que a família da jovem tinha a droga aliada aos rituais da seita religiosa que liderava.

O documento aponta “depressão dos centros cardiorrespiratórios centrais bulbares, congestão e edema cerebral de causa indeterminada”, que é uma condição caracterizada pelo inchaço no cérebro. No entanto, o IML não explicou o que poderia ter desencadeado o problema. O resultado final da necrópsia e o exame toxicológico deverão ser divulgados até o fim deste mês.

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