O caso de Djidja Cardoso, que morreu na última terça-feira (28) por suspeita de overdose, ganhou mais um desdobramento. Segundo as investigações, a ex-sinhazinha do Boi Garantido e sua família tiveram o primeiro contato com a cetamina (ou ketamina) há pouco mais de ano. Neste tempo, todos teriam ficado dependentes. A Polícia Civil também analisa se o irmão dela, Ademar Cardoso, teve relação sexual com sua ex-namorada enquanto ela estava sob efeito da droga.
Ao “Fantástico” deste domingo (2), uma parente de Djidja – que preferiu não se identificar – afirmou que os problemas começaram dentro de casa. “Postou vídeo dela treinando na academia, ela super abatida”, analisou a mulher, referindo-se aos efeitos negativos que a substância estaria causando.
“São usuários. [É] muito triste a situação deles, de verdade, muito triste. É uma coisa, assim, surreal. Nunca, em nenhum momento, nós da família imaginaríamos que estaríamos passando por essa situação”, desabafou. “E a mãe [Cleusimar Cardoso] não deixava a família chegar perto, não deixava a família fazer nada, intervir em nada”, acrescentou.
A moça também comentou sobre a dependência de Djidja, Ademar e Cleusimar após a reportagem exibir vídeos deles usando a cetamina: “Compartilhando seringas, fazendo uso entre eles, entre funcionários do salão”.
Outros membros da família confirmaram que a situação saiu do controle rapidamente. “Ela [Djidja] ficou muito dependente, então ela não vivia mais sem. Ela estava usando fralda, não conseguia mais se levantar, as pernas inchadas. Várias vezes a gente tentou fazer alguma coisa. Nós fizemos um boletim de ocorrência”, descreveu Poliana Cardoso, prima de Djidja.
O trio chegou a criar a seita “Pai, Mãe, Vida”, que incentivava o uso da droga, “para alcançar uma falsa plenitude espiritual”. De acordo com as investigações, Verônica da Costa, gerente de um salão da família, era a responsável por comprar a substância ilegalmente, sem receita médica.
O delegado Cícero Túlio informou, ainda, que a família passou a ter alucinações após o uso excessivo da cetamina. “Passavam todo dia se utilizando daquela substância que é altamente viciante e participavam também de alguns rituais, colocavam vídeos na internet, faziam leituras de livros específicos relacionados à essa seita que eles acreditavam ser os líderes”, declarou.
“Eles consideravam que o Ademar era a representação de Jesus Cristo na Terra, enquanto a sua mãe seria Maria de Nazaré e a sua irmã, Djidja, seria a representação de Madalena”, completou o delegado.
Irmão de Djidja é investigado
A Polícia Civil também investiga se Ademar teve relação sexual com sua ex-namorada enquanto ela estava sob efeito da droga. Caso seja confirmado, o episódio se caracteriza como estupro de vulnerável. Conforme as autoridades, há indícios de que a mulher sofreu um aborto dentro da residência por conta do uso de cetamina.
Ela também conversou com a equipe do “Fantástico”, e optou por manter o anonimato. Ao dominical, a moça disse que foi aliciada por Ademar para entra na seita, e passou a injetar a substância. Hoje, ela está em tratamento. “Você só podia frequentar a casa se você usasse droga e meditasse. Ela falava: ‘Pai, Mãe, Vida vai cuidar de você. Pai, Mãe, Vida vai te curar'”, recordou.
Operação
Cleusimar e o filho, Ademar Cardoso, foram presos na última quinta-feira (30), dois dias após o falecimento de Djidja, em Manaus, no Amazonas. A ação foi em cumprimento a mandados de prisão preventiva, expedidos pela Justiça do estado. Três funcionários do salão que a família administrava também tiveram a detenção decretada.
Após a morte da ex-sinhazinha, a Polícia Civil deflagrou a Operação Mandrágora, que investiga a seita “Pai, Mãe, Vida”, supostamente liderada pela família dela. De acordo com as investigações, eles forçavam os participantes a usarem a cetamina em rituais. A droga é usada como anestésico em procedimentos cirúrgicos, mas também causa efeitos alucinógenos. Ela é utilizada, principalmente, para a realização de cirurgias em animais de grande porte.
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